Escultura "Água pro morro" (1944), de Erbo Stenzel. Monumento representa Emerenciana Cardoso Neves. Foto: Flavio Antonio Ortolan / Fotografando Curitiba
Curitiba é a cidade mais preta do Sul do Brasil.
Você sabia que 24% da população é negra?
Talvez não soubesse por uma razão: a cidade é fortemente desigual e suas raízes afrodescendentes são sistematicamente negadas.
É o que evidencia uma pesquisa da geógrafa Glaucia Pereira, uma das poucas que discutem a segregação espacial urbana circunscrita à questão racial.
Segundo o estudo, no século XX, Curitiba passou por um aumento populacional em decorrência da chegada de imigrantes europeus, e isso resultou em um processo de urbanização desordenada.
Para reorganizar a cidade, foram pensados planejamentos excludentes. A região central, habitada pelos ricos, recebeu mais investimentos, enquanto os pobres foram empurrados para as bordas.
“O mito da não existência negra na cidade perpetuado por um imaginário eurocêntrico e racista ainda persiste nos dias atuais, em um discurso que reproduz um racismo urbano velado.” Glaucia Pereira, geógrafa