Na angustiante espera por uma vaga de internação, não faltam relatos de quem se sentiu deixado para trás. Tem o paciente que está há mais tempo aguardando, mas vê outro atendido primeiro. Há o que parece em pior situação, mas outra pessoa é transferida na frente.
“Não há só uma fila”, explica o médico Pedro Almeida, diretor do Departamento de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Nos 29 municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) uma Central de Regulação faz a distribuição de leitos das demandas de UPAs, do SAMU e de hospitais de baixa complexidade das cidades menores da Região.
Na última quinta-feira, dia 3 de dezembro, essa “fila” tinha 282 pessoas por volta das 20h. Na sexta, dia 4, eram 269 pessoas aguardando leito por volta das 14h.
Esse total, no entanto, não mostra a real situação. “Há diferentes demandas. Você pode ter um leito, mas seu paciente é um homem idoso, além da infecção respiratória, é cardiopata, por exemplo, mas o leito disponível não tem apoio cardiológico”, diz.
Outra dificuldade tem relação com o sexo do pacientes. Nas enfermarias, há leitos destinados a mulheres e os destinados a homens, isso sem falar nos leitos que são pediátricos.
O que a Central de Regulação faz, explica Almeida, é ponderar a prioridade entre pacientes de acordo com a situação de cada um. Quanto mais grave o quadro, mais no início da fila fica o paciente. Como isso considera pacientes em toda região, o paciente com situação mais grave em um ponto de atendimento nem sempre vai ser o que está sendo priorizado na Central.
Segundo Almeida, essa “fila” funciona sempre assim, mas com a pandemia e especialmente com o aumento de casos dos últimos dias, a dificuldade é que a disputa por vagas ficou mais acirrada. “Antes eu tinha dois pacientes com as mesmas condições. Se surgia uma vaga, ficava só o outro aguardando a próxima liberação. Agora são cinco. Há uma demanda represada“, diz.