“Quando vi, estava caída no asfalto”, diz mulher ferida na Marcha da Família

Em entrevista concedida ao Plural, Eva Teresinha conta que não sabe o que aconteceu

“Fui participar da Marcha da Família, na Visconde Guarapuava, e aconteceu o incidente”, afirma Eva Teresinha dos Santos, de 73 anos. Imagens que circulam pela Internet mostram a aposentada no chão, com a cabeça machucada, durante a passeata que ocorreu no domingo (11) em Curitiba. Os manifestantes atribuíram a autoria do ferimento a Daniela Ribeiro Matheus, uma psicóloga de 52 anos que chegou a ser presa – mas a idosa confessa que não sabe se foi mesmo agredida. “Realmente não sei dizer o que aconteceu. Quando vi, estava caída no asfalto com muitas pessoas me socorrendo.”

Eva foi levada para o Hospital Evangélico. Segundo a assessoria, deu entrada com um corte na cabeça. Nos registros de evolução médica consta que ele teria sido causado por um “objeto arremessado”. “Ela fez uma sutura, não houve fratura nem sangramento. Estava lúcida. Ficou em observação e foi liberada com orientação de retorno se necessário”. Ao conversar com o Plural, na tarde desta segunda (12), a aposentada disse que está se recuperando e preferiu não se alongar: “Levei 3 pontinhos e estou em casa. Graças a Deus, bem”.

Daniela segue detida – sua liberdade foi concedida mediante fiança no fim da tarde, mas até o fechamento desta reportagem ela ainda não estava solta. A prisão temporária foi assinada pela delegada Hastrit Greipel. Nos autos, aos quais a reportagem teve acesso, ela escreve que testemunhas viram “mamão, saco de gelo, maracujá e goiaba” sendo jogados do apartamento da psicóloga, que mora no 13º andar de um prédio na Visconde de Guarapuava. A Polícia Civil entrou no edifício e a prendeu em flagrante pelo crime de “homicídio qualificado (tentado)”. 

Greipel também relata a versão de Daniela: ela teria dito aos oficiais que jogou dois ovos pela janela por “discordar das causas apoiadas pelo movimento que ali se realizava”. Por fim, a delegada argumenta que objetos arremessados, quando atingem o solo, “chegam a uma velocidade tal capaz de gerar lesões” e que Daniela “tinha ciência de que poderia acertar qualquer pessoa na rua”, mas o fez por “motivos políticos”. Portanto, o caso seria de “crime de homicídio qualificado por motivo torpe, na forma tentada”. 

Ofensas

“A versão defensiva centra-se na discussão principal dos autos: foi a Daniela responsável pelo ferimento identificado na vítima? A defesa entende que não”, afirma a advogada Juliana Bertholdi. Ela menciona um vídeo feito por vizinhos que mostra o momento em que Eva caiu. “A análise não substitui a perícia que será realizada, mas parece que ela não foi atingida por quaisquer objetos. Em verdade, ela acaba por tropeçar durante a marcha da família, busca amparo em um colega, não logra êxito e acaba caindo ao chão, causando os ferimentos.”

Imagens mostram a idosa caindo. Vídeo: reprodução

Bertholdi ainda cita as ofensas que sua cliente vem recebendo via redes sociais. “Neste momento, ela está sofrendo todo o tipo de ofensa na Internet, que atribui a ela a pecha de criminosa e militante violenta, o que é de todo inverdade. Estamos seguros de que a verdadeira índole da senhora Daniela restará demonstrada nos próximos dias. Ela é uma psicóloga sem qualquer passagem criminal, mãe de três filhos, sem qualquer anotação que desabone sua conduta. Eventuais crimes contra a honra de Daniela serão apurados por sua equipe jurídica e não passarão impunes.”

De fato, a reportagem identificou diversos posts atribuindo a agressão à psicóloga, muitos deles divulgando fotos do rosto dela. No Facebook, ela foi chamada de “esquerdopata dos quintos dos infernos” por um usuário. O Plural contabilizou ao menos 15 jornais de todo o país noticiando a história, mas nenhum deles ouviu Eva nem Daniela. O Jornal da Cidade Online chegou a chamar Daniela de “psicóloga insana e violenta”. A psicóloga excluiu seus perfis nas redes sociais.

A redação solicitou uma nota sobre o caso à Polícia Civil, que não a enviou até o fechamento.

Sobre o/a autor/a

24 comentários em ““Quando vi, estava caída no asfalto”, diz mulher ferida na Marcha da Família”

  1. Nos tempos de hoje. Temos que ficar em casa. Essas pessoas não trabalham
    não??? Se serem infectados por estarem em aglomerações. Vão culpar a psicóloga ou o maracujá????

  2. Dionísio Mendes

    Nem anjo da guarda aguenta mais proteger o gado.kkkk
    Essa senhora deveria era está em isolamento e não participando de passeata.

    1. Concordo com você João. Com esse vírus temos que ficar em casa . Sem aglomerações. O que eles estavam fazendo ??? Se forem invectados vão culpar a psicologia também??? Me poupem…

  3. Adriano Corrreia de Godoi

    Varias Pessoas atiraram frutas e ovos. Logo só ela foi presa baseado na denuncia do Coordenador do Evento. Fica evidente que vitima trombou com outro manifestante e apenas ficou inconsciente ao cair no chão, logo sofreu algum trauma ao cair no chão. Os moradores devem ser responsabilizados pelo incidente por atirar objetos( agressão física! mesmo sendo acima de 25 metros de altura os objetos atirados são impossíveis de levar ao óbito, vide a ciência e não ao achismo). O mesmo vale para o organizador e a Vitima “denunciação caluniosa”.
    O Coordenador e a vitima responderão nos dois tribunais. o do homem e no de Deus.

  4. A culpa foi da mulher de amarelo que gritou no ouvido de senhora que se assustou, saiu correndo, bateu no homem de camisa de futebol e se estatelou no chão! A culpa toda está na rua, e não no apartamento!

    E essa juíza é uma moloide! Entende nada de física! Um ovo jogando do Empire Estate de NYC não matou ninguém! Agora do sexta andar de um prédio em sei lá onde no brazil vai matar uma véia!

    Para esse país! É muita “passassão” de vergonha!

  5. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk fala serio irmao vcs já viram o preço do maracujá? quem que ia jogar esse trem da janela pra atingir defensor desse “presidente” que vcs tem

  6. Não sou especialista mas parece exagerado classificar como tentativa de homicídio, quem quer matar não joga um ovo ou fruta, e já ser presa em flagrante e exposta cruelmente, acho absurdo

  7. Pelo que parece no vídeo, realmente ela não foi atingida pela fruta.
    Mas deu pra ver que essa senhora correu justamente pra não ser atingida pela esquerdista e na correria se esbarrou no outro manifestante, perdendo o equilíbrio e batendo com a cabeça no chão.
    Ou seja, a psicóloga foi quem causou tudo isso. Então deve ser responsabilizada sim por tentativa de homícidio, pois ficou evidente que sua intenção era atingir as pessoas que são contra sua ideologia.

  8. Dá pra senhora Daniela processar o Estado pela prisão arbitrária. Pelo vídeo, a senhorinha cai de maduro no chão. Mas as polícias, apoiadoras do desgoverno federal, precisam arrumar culpados pra intimidar quem queira se opor a essas passeatas inúteis.

  9. De qualquer forma uma pessoa arremessar frutas congeladas contra pessoas em um protesto pacífico? Totalmente anti democrático e asquerosa a atitude, fatos como este devem ser expostos e não acobertado. Mais uma demonstração de ódio de pessoas que pregam a paz. Falsos moralistas.

  10. Por favor… desde quando prisão em flagrante é prisão temporária? E desse quando delegado “assina” prisão temporária? A falta de conhecimento juridico aliada à sede pelo sensacionalismo patrocinado chega a ser patética.

    1. Ainda que os termos jurídicos não estejam estritamente corretos, não vejo “sensacionalismo patético” algum na reportagem. Afinal, a senhorinha foi atingida por um maracujá, como está sendo dito nas redes sociais, ou tropeçou e este fato está sendo usado, aí sim, pra criar sensacionalismo patrocinado, a favor das pautas defendidas pelos manifestantes?

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