Professores encerram greve de fome após oito dias

Protesto de quase 200 horas teve o silêncio do governador Ratinho e do secretário de Educação, Renato Feder, que mantém prova no PSS

Os profissionais da Educação que estavam em greve de fome contra a demissão de 20 mil educadores temporários resolveram encerrar o protesto nesta quinta-feira (26), depois de oito dias. O movimento, que começou com 47 pessoas, terminou com 10 professores e funcionários que resistiram sem se alimentar por quase 200 horas, acampados em frente à porta do Palácio Iguaçu, em Curitiba.

O movimento não sensibilizou o governador Ratinho Jr. (PSD) nem o secretário de Estado da Educação, Renato Feder, que insistem na realização de um teste seletivo presencial para a contratação de professores por meio do Processo Seletivo Simplificado (PSS). No total, 47 mil candidatos se inscreveram para as provas, que escolherão apenas 4 mil profissionais para lecionar em 2021.

A APP-Sindicato, que representa os professores e os funcionários da Educação pública paranaense, decidiu pelo fim da greve de fome depois de três horas de debate, em uma assembleia virtual com a categoria. A fragilização causada por tanto tempo sem alimentação poderia expor os trabalhadores a danos e aumentar o risco de contaminação por coronavírus.

A prova do PSS

O sindicato diz que definirá outras formas de combater a ideia da prova, marcada para dia 13 de dezembro. Embora o governo diga que irá tomar cuidados sanitários, a realização dos exames, nas cidades onde há sedes de núcleos regionais, é vista como um risco desnecessário de contaminação para os candidatos.

A APP-Sindicato também afirma que o preço da prova não se justifica, uma vez que a seleção sempre foi feita por currículo, e critica o governo pela não realização de concurso público, que garante estabilidade para os servidores – o último concurso para professores ocorreu há 7 anos. Os contratados pelo PSS terão apenas um ano de garantia de trabalho.

O Plural apurou que mesmo na base do governo Ratinho há insatisfação com a inflexibilidade de Renato Feder. Deputados queriam que o governo adiasse a prova, ou fizesse a seleção de outro modo, porém o secretário de Educação não abre mão do processo.

Nos bastidores, afirma-se que muitas prefeituras, na ausência de medidas do governo, podem agir para proibir a realização das provas em seu território, embora isso ainda não tenha sido formalizado por nenhum município.

Categoria realizou assembleia virtual. Foto: APP-Sindicato

“Avaliação justa”

De acordo com Adriana Kampa, diretora de planejamento e gestão escolar da Secretaria Estadual de Educação (Seed), o diálogo com os professores esteve aberto durante todo o ano e também durante a greve de fome, porém, o governo vai manter a prova no PSS. “Tivemos durante o ano um calendário de reuniões com a APP e a categoria. O diálogo existe, só não conseguimos convergir para as mesmas ideias.”

Segundo ela, o PSS da maneira como era realizado – por análise de títulos e tempo de serviço – resultava sempre nos mesmos professores selecionados. “Temos uma preocupação para uma avalição mais justa em termos de conhecimento de suas disciplinas, já que a prova apenas valida o conhecimento do professor e atende todos os outros interessados. Estamos tornando o processo mais justo”, defende ela.

A diretora da Seed destaca que o número total de profissionais chamados só será definido em janeiro, após a efetivação das matrículas. A militarização de 200 escolas estaduais irá aumentar a demanda, diz ela. “Teremos uma aula a mais e a ampliação para Educação integral e na carga horária, então vai precisar contratar mais profissionais.”

Questionada sobre a possibilidade da prova do PSS ser realizada virtualmente, Adriana destacou a economia. “Temos situações gerais na economia acontecendo e todo um protocolo de atendimento, como nas eleições e nos mercados, com distanciamento, máscara, álcool em gel; tudo está sendo seguido, como no fluxo padrão de todos os estabelecimentos e modalidade econômicas. As exigências para a prova serão atendidas assim como as pessoas estão trabalhando no comércio, nos mercados, nas farmácias.”

Colaborou: Gabriella Soares

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