Mães de crianças com doenças pedem descriminalização da maconha

Marcha da Maconha teve foco principalmente na cannabis medicinal e no encarceramento da juventude

Dezenas de mães de crianças com doenças participaram da Marcha da Maconha, que neste domingo (18) lotou as ruas do centro de Curitiba. Uma manifestação que envolveu vários movimentos políticos, como Partido Comunista Brasileiro (PCB), Unidade Classista, União da Juventude Comunista e Coletivo Negro Minervino de Oliveira, que se juntaram para manifestar a favor da descriminalização da maconha. Jovens, coletivos, grupos organizados, mães, crianças e representantes de vários partidos políticos participaram do ato que começou na Boca Maldita em Curitiba e acabou na Praça 19 de dezembro.

Na linha de frente do protesto estavam cerca de dez mães de crianças com varias doenças que melhoraram depois do uso da maconha no tratamento médico. Entre elas, por exemplo, está Thalita, mãe de Helena, diagnosticada com autismo e epilepsia refratária, o que causou inúmeras crises convulsivas na criança. “Dos quatro meses até um ano e meio de vida tentamos fazer tratamento com mais de seis medicações alopáticas mas com o passar do tempo as convulsões da minha filha pioraram cada vez”, afirma Thalita. Após uma crise convulsiva de 45 minutos, a criança foi entubada e transferida para uma UTI adulta porque, na época, Thalita morava no interior do estado e não havia outros hospitais onde Helena pudesse ser atendida.

Manifestantes na Marcha da Maconha em Curitiba. Foto: Mattia Fossati

“Dez dias depois, quando ela saiu de lá, eu e meu marido tentamos procurar uma alternativa que fosse mais eficaz para o sofrimento dela. Quando mudamos para Curitiba encontramos médicos que sugeriram o tratamento com cannabis. Agora ela quase não tem mais crises convulsivas, só muito raramente. Ela ainda faz uso de outros remédios alopáticos, mas a influencia da cannabis é um divisor de águas no tratamento dela”, concluiu Thalita dizendo também que o próximo presidente da República tem que enfrentar esse tema e legalizar o uso da maconha.

A legalização da cannabis tem levado pessoas de setores tão diferentes da sociedade a marchar unidas: além das mães das crianças que usam maconha medicinal para uso terapêutico há comitês e partidos que mudar a forma como a Polícia Militar trata o porte da droga. É o caso do Coletivo Negro Minervino de Oliveira, cujos membros durante a manifestação gritaram para denunciar como a maconha ainda hoje é o principal motivo do encarceramento massivo da população negra.

Marcha da maconha

O fim da criminalização da maconha também é o objetivo de vários candidatos às eleições deste ano, tanto à Assembleia quanto ao Congresso nacional. Por exemplo, a professora Angela (PSOL), candidata a governadora do Paraná, que participou à marcha e escreveu em suas redes sociais: “Defender a legalização é defender o fim da guerra nas periferias, a liberdade e a pesquisa científica”. Adriano Negocek e Giovanna Silveira, respectivamente candidatos ao Congresso e à Assembleia, também participaram da manifestação.

O deputado estadual Goura (PDT) também desfilou junto com os manifestantes. De acordo com o deputado, a marcha mostrou que a legalização da maconha é uma luta apoiada por diversos setores da sociedade. “Já é uma luta de muitos anos para gente ter um outro olhar para maconha. Um olhar que contemple as suas potencialidades medicinais, econômicas e acima de tudo falar dessa criminalização que é ainda muito presente no Brasil. E com isso a gente está levando a juventude periférica majoritariamente negra para as prisões”. O deputado espera que a lei Pétala, que permite o acesso a medicamentos à base de cannabis para tratamento de doenças, possa ser votada da Assembleia Legislativa após as eleições.

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5 comentários em “Mães de crianças com doenças pedem descriminalização da maconha”

  1. De todo modo, agradecemos o espaço e cobertura, e parabenizamos por terem dado pauta a este tema que ainda é tabu pra grande parte dos veículos de comunicação. Abraços.

  2. Acho estranho que mesmo com Press release do movimento Marcha da Maconha Curitiba, as informações veiculadas não citam o movimento como organizador da manifestação, mas destaca apoiadores e candidatos que embora parceiros, não participam ativamente da construção e mobilização do movimento. Faltou apuro nessa cobertura, amigos do Plural.

  3. Foi muito legal, impressionou! todos com uma super energia positiva; quanto ao que ajudaram, faltou citar a vereadora e candidata a dep. estadual Maria Leticia, que inclusive ajudou na mobilização

  4. Não entendi porque não citam a vereadora e candidata a deputada estadual Maria Leticia e equipe que estavam lá em peso, ajudaram na mobilização da marcha e também tem um projeto tramitando na Câmara Municipal sobre a pauta

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