Integrantes do MBL invadem Reitoria da UFPR, usam spray de pimenta e deixam mulheres feridas

Militantes que invadiram Centro Acadêmico chamavam alunos de vagabundos. Funcionária levou soco e aluna foi atirada ao chão

Um grupo de integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) agrediu duas mulheres dentro do Edifício D. Pedro I, parte do complexo da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O caso ocorreu nesta sexta-feira (1º) e uma aluna que saiu ferida registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil. A universidade emitiu uma nota de repúdio contra a violência dos manifestantes.

Segundo o comunicado da UFPR, um grupo de oito pessoas, liderado por três homens identificados como João Bettega (que já foi candidato a deputado estadual pelo Partido Novo), Gabriel Costenaro e Matheus Faustino, começou a fazer imagens com celulares dentro do D. Pedro I, edifício que abriga vários cursos da área de Humanas, além de pró-reitorias e uma biblioteca. Os problemas mais graves ocorreram no 6º andar, sede do Departamento de História.

Em postagens nas redes sociais, os membros do MBL disseram que foram ao Centro Acadêmico para mostrar inscrições consideradas por eles como elogios ao anarquismo e ao comunismo. Seria uma “defesa do patrimônio público”. Os alunos não aceitaram ser filmados e expulsaram os invasores do Centro Acadêmico.

De acordo com a nota da UFPR, uma funcionária terceirizada foi ver o que estava acontecendo e levou um soco no estômago (segundo a universidade, ela teria se sentido intimidada e preferiu não registrar queixa na polícia).

Câmera de segurança registra aluno sendo atacado com spray de pimenta por militante do MBL. Imagem: Divulgação/UFPR

O conflito teria se agravado quando, ao fim de uma aula, alunos de Ciência Política desciam a rampa e pediram para não ser filmados, lembrando que estavam protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados. Os invasores, no entanto, continuaram filmando e, depois de descer para o térreo, entraram em conflito com alunos, que eram chamados por eles de vagabundos.

Depois de um integrante do MBL dizer que a Reitoria era “lugar de vagabundo”, um aluno jogou água nele. Na versão do MBL, os estudantes teriam tentado tirar os celulares usados para filmagem. Uma aluna da UFPR saiu ferida, e mais tarde disse à polícia que foi jogada no chão pelos agressores do MBL (os militantes dizem que ela caiu sozinha ao correr atrás deles).

Os estudantes foram em seguida à polícia e prestaram depoimento relatando os fatos. Os militantes do MBL disseram que foram eles os agredidos e que “não reagiram”. A UFPR emitiu nota dizendo que “condena veementemente ações de grupos organizados que buscam promover invasões e confrontos com o objetivo de ganhar notoriedade nas redes sociais”.

Veja a íntegra do comunicado da UFPR:

“Em relação ao lamentável incidente ocorrido no Prédio D. Pedro I da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no dia 01 de setembro, a UFPR deseja manifestar seu profundo repúdio a qualquer ato de violência em nossas instalações, independentemente da sua natureza e das partes envolvidas. A integridade e segurança de nossa comunidade acadêmica são prioridade para nós.

Estamos atualmente avaliando todos os detalhes deste incidente para tomar as medidas adequadas e inclusive jurídicas, se necessárias. De acordo com as informações disponíveis, um grupo de oito pessoas, autodenominados membros do MBL, liderado por Gabriel Costenaro e Matheus Faustino, juntamente com outros indivíduos, ingressou no Prédio D. Pedro I e começou a registrar imagens e vídeos no 6º andar.

Os vigilantes intervieram e também informaram aos manifestantes que a filmagem e fotografia nas instalações da UFPR requerem autorização prévia da Superintendência de Comunicação, conforme é rotineiramente solicitado, inclusive pela imprensa. Uma trabalhadora terceirizada, ao notar a movimentação na sala, se aproximou para entender o que estava acontecendo e infelizmente foi agredida, com um soco no estômago, por um dos membros do MBL.

Nesse ponto, um grupo de alunos, ao término de uma aula, em frente a sala, também se manifestaram, invocando a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e se recusou a permitir o uso de suas imagens. Apesar disso, os membros do MBL continuaram a filmar e fotografar, gerando um aumento das tensões.

A situação escalou quando desceram pelas rampas e o conflito chegou à rua, resultando em uma aluna da UFPR sendo agredida, jogada ao chão e sofrendo ferimentos. Os manifestantes tentaram alegar que eram as vítimas, mas os estudantes envolvidos no incidente prestaram depoimentos e registraram o ocorrido na delegacia.

A UFPR quer enfatizar que a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis prestou todo o apoio necessário à trabalhadora terceirizada e a aluna ferida, acompanhando-a até a delegacia para registro do Boletim de Ocorrência e realização do exame de corpo de delito. Estamos ainda à disposição para oferecer suporte adicional no que seja necessário.

É de extrema importância ressaltar que a UFPR condena veementemente ações de grupos organizados que buscam promover invasões e confrontos com o objetivo de ganhar notoriedade nas redes sociais. Estamos absolutamente comprometidos com a manutenção de um ambiente de paz, onde todas as vozes podem ser ouvidas e respeitadas. A Universidade Federal do Paraná reforça que é absolutamente contra qualquer tipo de violência física, verbal ou simbólica.

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3 comentários em “Integrantes do MBL invadem Reitoria da UFPR, usam spray de pimenta e deixam mulheres feridas”

  1. Jéssica Oliveira

    Na faculdade de jornalismo, somos ensinados a ouvir todos os lados e ter compromisso sempre com a verdade, ainda que ela não nos agrade.
    Onde está a verdade? Costenaro e Faustino possuem filmagens que provam, não só a inocência dos dois, como deixa claro quem agrediu quem.
    Espero que com justiça, vocês concedam direito de resposta ao Faustino e Costenaro. Para pelo menos, remediar em alguma escala, os ataques e ameaças que injustamente estão sofrendo.

    1. Cara Jéssica, acredito que os fatos estão relatados com equilíbrio no texto. Errados estão aqueles que retrataram como vítimas pessoas que invadiram o câmpus armados com spray de pimenta, atacaram uma funcionária e alunos (tudo registrado pelas câmeras da UFPR), agrediram verbalmente os alunos que estavam simplesmente tentando estudar e ainda publicaram versões distorcidas nas redes sociais. Os integrantes do MBL há tempos vêm desrespeitando as leis, além de desrespeitarem as pessoas e as regras básicas de convivência em sociedade. Dito isso, seu comentário segue sendo bem-vindo.

  2. Plural, tem imagens dos 8?
    Semana passada tbm foram umas 8 pessoas o grupo do Jeffrey Chiquini que insultou famílias de vítimas de violência policial e atacar o Deputado Estadual Renato Freitas. Três deles disseram que foram contratados por Chiquini pra fazer segurança dele tática. Usaram um Fiat preto. A equipe de segura da Reitoria está ciente. Esse tipo de coisa tem que ser podado na nascente! EXISTEM VULNERABILIDADES grandes na segurança da UFPR e isso é fácil de ser remediado com um serviço de recepção mais sofisticado, com identificação OBRIGATÓRIA COM DOCUMENTO e banco de imagens no sistema antes de entrar nos prédios da UFPR. Igual quando a gente vai em prédio comercial no centro da cidade. TODOS entrando e saindo de edifícios da UFPR no estado inteiro DEVEM ser devidamente identificados – não só pra combater esses incidentes de violência mas tbm por questões de evacuação do edifício por risco de fogo. Me espanta que o Corpo de Bombeiros não faz essa exigência do depto de segurança da Reitoria/UFPR – mesmo por contingência.

    É de EXTREMA importância que a Polícia Federal tome a frente nas investigações desses 2 incidentes na Reitoria – quando do incidente feito por Jeffrey Chiquini e os seguranças contratados para ele, como agora com o Bettega. PESSOAS QUE CAUSAM RISCOS DEVEM SER BANIDOS DE ENTRAR NOS PRÉDIOS DA UFPR!

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