Os casos ativos de Covid-19 em Curitiba bateram recorde pelo oitavo dia seguido e saltaram 51,9% em uma semana, passando de 8.415 no dia 19 de novembro para 12.784 nesta quinta-feira (26). Os dados são do boletim mais recente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que deve decidir nesta sexta-feira (27) se mantém a bandeira amarela, de flexibilização máxima, mesmo diante da situação caótica nos estabelecimentos de saúde.
A alta dos números pode colapsar o sistema público de saúde da Capital já daqui a uma semana, conforme mostrou o Plural. Nos hospitais particulares, a situação também é bastante preocupante e mantém atendimentos limitados.
Nesta quinta, o Instituto de Neurologia de Curitiba (INC) se somou a outras instituições da Capital e anunciou o fechamento do Pronto Atendimento (PA) da unidade. A medida vale para casos de síndrome gripal; emergências neurológicas, cardiológicas e consultas agendadas seguem com capacidade limitada. Além do INC, o Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) e Sugisawa também operam em capacidade máxima, sem vaga para novos pacientes contaminados pelo coronavírus. O Pronto Atendimento do Hospital Marcelino Champagnat, que estava fechado desde o início da semana, reabriu, mas com encaminhamento de acordo com a escala de gravidade apresentada.
“Os hospitais são como faixa de areia na praia que segura as ondas todos os dias. Se vem um tsunami, a gente não consegue segurar o tsunami”, diz o presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Sindipar), Flaviano Ventorim.
Segundo ele, a prefeitura vem sendo notificada sobre a situação dos hospitais associados. Embora o Sindipar não tenha levantamento interno da ocupação total, é certo que, hoje, muitas das unidades já operam no limite.
“A situação dos hospitais hoje é preocupante. A gente vem rodando com uma taxa de ocupação alta e temos alertado o município também”, afirma Ventorim “O nosso papel enquanto hospital é informar essa situação, o da imprensa é alertar, e do poder púbico tomar as medidas. Acredito que é um conjunto de fatores, sem politização da situação mas, sim, é um conjunto de fatores”, acrescenta.
SUS tem 94% de ocupação
Nos últimos dois dias, a prefeitura de Curitiba criou dez novos leitos de UTIs exclusivas para Covid-19 na rede do SUS. Somadas às 41 anunciadas na semana passada, já são 51 novas vagas diante deste novo pico de casos. Dos 334 leitos disponíveis, apenas 19 estão livres – uma taxa de ocupação de 94%, a maior da semana até agora.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), cinco dos 11 hospitais com atendimentos pelo SUS de Curitiba e Região Metropolitana, que têm UTIs específicas, estão com a capacidade esgotada. Além do Hospital Erasto Gaertner, que já estava com 100% de ocupação há dias, entram na lista o São Vicente, Evangélico, Trabalhador e São Lucas do Parolin, este último em Campo Largo, na Grande Curitiba. Nos demais, a taxa segue acima de 90%, exceto no Cruz Vermelha, cujo índice é de 63%.
Os dados desta quinta indicam, nas últimas 24 horas, 1.604 novas confirmações de contaminados pelo coronavírus em Curitiba. Também foram registrados 18 óbitos, dos quais onze ocorreram nas últimas 48 horas.