Integrantes do programa Marmita Sem Terra distribuíram gratuitamente, nesta quarta-feira (22), cerca de mil marmitas de alimentos da reforma agrária e agricultura familiar a moradores de comunidades periféricas e à população em situação de rua de Curitiba. A ação marca o Dia Internacional da Agricultora e do Agricultor Familiar, comemorado em dia 25 de julho.
Arroz, feijão, carne de porco, frutas, verduras e legumes compõem as marmitas que foram entregues nas Praças Rui Barbosa e Tiradentes, no centro; na Praça Plínio Tourinho, no Rebouças; nos arredores do Mercado Municipal, onde parte das refeições será preparada; no Parolin e na Vila Formosa. Os ingredientes, em sua maioria orgânicos, vêm de lavouras, hortas, pomares e cooperativas da agricultura familiar e da reforma agrária do Paraná.
Pandemia, fome e imunidade
De acordo com Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgada em junho, alimentos essenciais da mesa dos brasileiros sofreram aumento expressivo. A farinha de mandioca, por exemplo, ficou 15% mais cara, o feijão-carioquinha, 8% e o arroz-agulhinha 5,2%. Com a distribuição de refeições saudáveis, o movimento procura contribuir para o combate à fome e a melhora da imunidade das populações vulneráveis em um cenário de desemprego crescente e ausência de políticas públicas emergenciais suficientes para as populações mais vulneráveis.
“Essa ação busca demarcar a produção diversa e saudável dos acampamento e assentamentos e da agricultura familiar do Paraná e ajudar as famílias que estão na cidade, neste momento da pandemia, no combate à fome”, afirma Adriana Oliveira, integrante dos Sem Terra e da coordenação da ação em Curitiba.
Também foram entregues itens de cuidado pessoal para prevenção do coronavírus. Junto com cada marmita havia uma máscara, doada pela Campanha 1 Milhão de 1 Real e um frasco de álcool em gel, doado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e pelo mandato do deputado estadual Goura (PDT). Um composto de mel com açafrão produzido e doado pelo Setor de Saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para melhora da imunidade e um copo de água, doado pela Sanepar, acompanham o kit.
Políticas públicas
A doação de marmitas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e organizações parceiras acontece semanalmente, sempre às quartas-feiras. Desde maio, o programa Marmitas da Terra produziu e disponibilizou cerca de 7.800 refeições. Doações de alimentos frescos e industrializados advindos de áreas da reforma agrária do MST acontecem desde o início da pandemia. Até agora, 258 toneladas de alimentos foram partilhadas no Paraná
A iniciativa defende, ainda, a criação de políticas públicas para o enfrentamento da fome, o fortalecimento da agricultura familiar e o direito à alimentação saudável e livre de agrotóxicos para toda a população. De acordo com o relatório da ONG Oxfam, divulgado em 9 de julho, o Brasil é o “epicentro emergente” da fome extrema no mundo, por consequência da pandemia e pela insuficiência das políticas públicas federais.
Nesta segunda-feira (20), a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 753, que propõe medidas para auxiliar agricultores familiares a manter e ampliar a produção de alimentos durante a pandemia do coronavírus. A matéria segue agora para análise no Senado Federal.
Além dos assentamentos e acampamentos dos Sem Terra e dos agricultores familiares, fazem parte da iniciativa as campanhas Periferia Viva e 1 Milhão e 1 Real, o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), a organização de direitos humanos Terra de Direitos e a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida