Paranaguá distribui remédio sem eficácia comprovada contra a Covid-19

Marcelo Roque reservou arena para distribuir Ivermectina para toda a população

A Prefeitura de Paranaguá começou nesta sexta-feira (17), a distribuir para todos os seus 150 mil habitantes comprimidos do medicamento antiparasitário ivermectina, que faz parte de um “Kit Covid”, que supostamente ajudaria a diminuir os efeitos do coronavírus. Contudo, o remédio não tem eficácia científica comprovada.

A ivermectina é muitas vezes associada à cloroquina e à hidroxicloroquina, como uma espécie de tratamento alternativo para evitar a propagação do coronavírus. No entanto, até o momento, nenhum estudo conclusivo concluiu que os medicamentos são eficazes. No caso da cloroquina, há inclusive estudos que apontam maior risco de morte para quem toma.

O município adquiriu 1,4 milhão de unidades do medicamento e investiu pouco menos de R$ 3 milhões na aquisição. A procura pelo remédio aumentou de maneira significativa e a ivermectina já está em falta nas farmácias.

Para fazer a distribuição, o prefeito Marcelo Roque (Podemos) reservou o espaço da Arena Albertina Salmon. A ideia é que as pessoas cheguem no local já com seus principais documentos em mãos, para facilitar o atendimento feito por profissionais da saúde. Nesta primeira etapa, receberão a medicação, os moradores de Paranaguá com doenças pré-existentes e pessoas acima de 40 anos.

De acordo com a prefeitura, o atendimento está sendo feito para atender as pessoas sem aglomeração. Entre os cuidados que estão sendo tomados estão: distanciamento em fila, espaço entre as cadeiras, uso obrigatório de máscaras e higienização na entrada.

Foto: Facebook Marcelo Roque


Ademais, todas as pessoas que estão trabalhando no local usam máscara, álcool em gel, luvas, toucas na cabeça e alguns têm máscara dupla, de tecido e plástico. Os profissionais estão trabalhando para manter o distanciamento social e recebem auxílio dos Guardas Municipais para a organização das filas. O Executivo sustenta que a população não está fazendo automedicação, já que eles estão sendo orientados sobre o uso correto da ivermectina.

Kit Covid

A aprovação de um medicamento como tratamento para a doença deve ser feita por várias etapas. O Plural solicitou à prefeitura explicações sobre em que estudo a prefeitura se baseou para começar a distribuição da ivermectina.

Em resposta, a assessoria do município afirmou que o medicamento tem sido base em várias pesquisas no Brasil e em outros países. Um dos citados é o estudo da Universidade de Monash, na Austrália, que detectou que os estudos in vitro demonstraram a redução da disseminação do vírus nas células, que podem evitar o agravamento da doença.

Contudo, a Prefeitura de Paranaguá se baseou apenas em um teste de laboratório e não em algo feito em seres humanos. O município reconhece que nenhum medicamento até o momento teve estudo finalizado quanto ao tratamento da Covid-19, mas afirma que alguns tem gerado resultados favoráveis.

De acordo com a assessoria do Executivo, a medicação é bem aceita para uso e não há registros de óbito ou contraindicações relevantes em sua utilização. Segundo eles, muitas cidades têm aderido ao usado da ivermectina e relatado bons resultados na diminuição de casos graves da doença. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que apesar de não haver comprovação da eficácia da ivermectina, também não há estudos que refutem seu uso.

“É importante salientar que, não temos a expectativa de cura ou utilizar a ivermectina como um tratamento milagroso ou mesmo uma vacina contra a Covid-19, nosso intuito é diminuir os casos agravados da doença”, ressalta a Prefeitura.

O Plural também questionou a prefeitura sobre se há planos de adquir a cloroquina e hidroxicloroquina para tratar a Covid-19. Em resposta, o Executivo destacou que a compra de ivermectina foi a única até o momento, porém, o investimento nos outros dois medicamentos não foi descartado.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima