Eder Borges é condenado a 25 dias de detenção por difamação contra professores

Há cinco anos, o atual vereador insinuou, via redes sociais, que a APP Sindicato fazia manipulação ideológica nos estudantes secundaristas do Paraná

Em 2016, quando estudantes secundaristas ocuparam escolas em protesto contra as reformas impostas pelo governo Temer, Eder Borges, que naquele momento atuava como coordenador estadual do Movimento Brasil Livre (MBL), publicou no Facebook uma montagem com a foto de uma bandeira vermelha hasteada pelos alunos do Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, junto de símbolos do comunismo. O texto dizia: “a APP faz isso com seu filho”. Indignado com a insinuação de manipulação ideológica, o APP Sindicato registrou uma queixa-crime.

Quando foi eleito vereador pelo PSD, em 2020, Borges ainda respondia ao processo. Na última sexta-feira de setembro, dia 24, o parlamentar foi condenado pelo crime de difamação e terá de cumprir pena de detenção de 25 dias, mais 20 dias-multa. A pena de detenção, estabelecida inicialmente em 15 dias, foi aumentada para 25 dias porque o condenado é reincidente no crime de difamação.

Na Justiça, o Ministério Público do Paraná se manifestou sobre o caso. “É compreensível que a imputação do hasteamento de uma bandeira esquerdista em um colégio público pelos professores sindicalizados à APP – sem que isso tenha ocorrido – , por certo pode acarretar no enfraquecimento da credibilidade em reação à veiculação de informação da entidade perante o meio social e também perante as pessoas sindicalizadas”, diz o parecer – que foi acatado pelos magistrados.

O APP sindicato comemorou a decisão. “Ela reforça que, de fato, a liberdade de expressão não se confunde com as distorções e as mentiras que têm gerado tanto desgaste pras pessoas e instituições do nosso país. Além disso, a escola é espaço de se lidar com a ciência, a ética e a verdade”, fala Hermes Silva Leão, presidente da entidade. “Esperamos que a Justiça Eleitoral avalie essa decisão, porque não é possível que alguém com um comportamento tão mentiroso ocupe um cargo público de representação do povo.”

A reportagem tentou contato com a assessoria de Eder Borges, sem sucesso até o fechamento.

Atualização: nesta terça (26), o advogado do parlamentar enviou nota à redação. Leia abaixo.

O Vereador Eder Borges, por meio de seu assessor jurídico Alexandre Zeigelboim, tem a dizer que está surpreso com a decisão do TJPR, já que em duas oportunidades teve reconhecida a atipicidade da sua conduta e ausência de justa causa para a ação penal, pois apenas manifestou seu direito à expressão e que, por ser uma decisão completamente equivocada, interporá recurso no prazo processual. Registra ainda que é direito do cidadão externar sua opinião acerca de viés ideológico o que, inclusive, contribui ao debate político.

Sobre o/a autor/a

1 comentário em “Eder Borges é condenado a 25 dias de detenção por difamação contra professores”

  1. Ufa! Isso chega como um bálsamo nessa batalha pra fazer valer o bom senso, a ética e o que é de direito diante de um mar de fake news.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima