À venda, Copel Telecom freou expansão em 2019

Rede de fibra e acesso a backbone são os principais atrativos da empresa

Neste mês de setembro será publicado o edital de privatização da Copel Telecom, quarta maior empresa de banda larga do Paraná e a principal em fibra ótica, com 24% do mercado. A venda acontece quando a companhia completa dois anos de retração no mercado paranaense após manter uma média de 60% de aumento em acessos banda larga de 2015 a 2019.

A desaceleração no crescimento da empresa é vista também na participação dela no mercado de banda larga do estado. A Copel Telecom chegou a ter 64% do market share de fibra no Paraná, mas hoje detém só 17% do mercado.

A expansão da Copel Telecom também ajudou, junto com outras operadoras, a aumentar a fatia das conexões de fibra no serviço de banda larga no estado. De 2015 a 2020, o porcentual de conexões por fibra ótica aumentou de 3% para 41%.

Para o engenheiro de telecomunicações e presidente do portal Teleco, Eduardo Tude, a queda no crescimento da Copel Telecom é um sinal da necessidade da venda. “Caiu por causa da competição. É um mercado em crescimento, mas que exige altos investimentos para companhar”, diz.

Essa necessidade não estaria de acordo com a diretriz da Copel, que é se manter uma empresa dedicada à produção e distribuição de energia. Se for adquirida por uma de suas concorrentes no mercado, a rede da Copel Telecom deverá abrir as portas para uma forte expansão da compradora no Paraná, principalmente nas cidades do interior.

Pode ser uma boa notícia para os paranaenses. Mas para o presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), Leandro Grassmann, o risco com a venda da Copel Telecom é que a qualidade do serviço seja prejudicada. “O preço pode até cair, mas a qualidade vai junto”, diz.

Isso porque, diz Grassmann, o porcentual entre o número de clientes atendidos e a infraestrutura instalada tende a ser maior em empresas privadas. “O foco das empresas é vender. A expansão vem depois”.

Banda larga no interior

O principal valor da Copel Telecom no mercado, neste momento de venda, avaliam Grassmann e Tude, é justamente sua grande extensão de fibras óticas pelo Paraná. “Ela tem a rede e os clientes. O comprador vai dobrar a infraestrutura onde já atende e aumentar a presença em outros lugares”, diz Tude.

A rede da Copel Telecom tem dois grandes trunfos: acesso ao backbone da Brasiltelecom e capacidade instalada em todas as cidades do estado. “O custo de implantação de rede em uma cidade é muito maior do que o cabeamento de uma cidade a outra”, explica Grassmann.

A rede surgiu para atender as escolas públicas do estado. Na venda, o contrato da Copel Telecom com o governo do Paraná está incluído. “Isso é um atrativo [mesmo sem o contrato] porque o próprio governo federal tem um programa que paga as operadoras para conectar as escolas”, diz Tude.

Já o backbone da BrasilTelecom é um sistema de ligação de alto desempenho que permite a ligação até os pontos de acesso. O direito de uso que a Copel detém abre para o comprador a possibilidade de exploração dessa linha, com oferta principalmente de serviços para clientes corporativos.

Sem funcionários

Uma das preocupações com a venda da Copel Telecom está temporariamente resolvida. Na audiência pública sobre a venda, no último dia 19 de agosto, o presidente da empresa, Wendell Oliveira, afirmou que todos os funcionários da subsidiária serão absorvidos por outras empresas do grupo.

O anúncio, no entanto, não encerra totalmente o assunto. “A Copel tem a intenção de realizar um Programa de Demissão Voluntária no fim do ano., que pode ter como alvo justamente esses funcionários”, diz Grassmann.

O presidente do Senge acredita que alguns dos funcionários poderão ser realmente realocados, mas aqueles cuja função é especializada não estão com o destino claro. “Quem é especializado em fibra ótica não tem o que fazer no restante do grupo. O que vai acontecer com esse profissional?”

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