Opinião: Starbucks vai ser um sucesso em Curitiba, mas não pelo café

Multinacional americana chega numa cidade que já tem cafés maravilhosos

O anúncio da chegada do Starbucks a Curitiba criou um furdunço na cidade. Algo que não se via desde a inauguração do Hard Rock Cafe. Faz sentido: ter uma marca tão famosa, que já está presente de São Paulo a Nova York, passando por Milão, é como um selo de reconhecimento para uma cidade que cresce e se internacionaliza. 

A primeira unidade – sem data definida para abrir – será no shopping Mueller. Alguém dirá que não é um local tão cool para uma marca que goza de tanto hype. Mas a operadora da Starbucks no Brasil, Southrock, já prometeu outras lojas. Seja quais forem os pontos escolhidos, não há dúvidas que todas serão sucesso de público.

Fundada em 1971 e presente há 15 anos no Brasil, a marca começou a escrever o nome do cliente no copo muitos anos antes que o restaurante descolado do seu bairro fizesse o mesmo no delivery. 

O wi-fi gratuito atrai adultos e jovens hipsters (se ainda existem) com seus laptops e fones de ouvidos em busca de inspiração para estudar e trabalhar num ambiente descontraído. As lojas do Starbucks viraram coworking, bem antes do coworking ter sido inventado. 

O café to go, no copo branco com a logo verde, é um dos maiores símbolos da urban culture. Aquela dos filmes americanos, da Big Apple, do executivo de Wall Street que toma seu macchiato antes de começar mais um dia de negociações na bolsa de valores. Ou do estudante que aproveita seu Frappuccino após um dia na faculdade.

São todos motivos válidos para frequentar Starbucks. Mas, o único que não pode ser aceito é pelo café. Curitiba já tem um cenário pujante de cafeterias e baristas premiados que servem bebidas maravilhosas. 

Nenhuma outra cidade do Brasil tem a sorte de ter uma loja do Café do Moço, de Leo Moço, o barista mais premiado do país (três vezes campeão brasileiro de barista e uma vez de brewer). Ou do Lucca Café Especiais, de Georgia Franco, a pioneira do café artesanal e de qualidade em Curitiba.

E ainda Royalty Quality Coffee, Supernova, Rause Café, Moka Club, Café do Mercado. E, por que não, The Coffee, Ultra Coffee e todas as outras minicafeterias que vendem café para levar. A lista é longa e saborosa.

São lojas onde o café é selecionado, geralmente vem de pequenos produtores do Paraná e outras regiões do país. Os baristas conhecem pessoalmente os produtores, o processo de beneficiamento, personalizam a torra de acordo com o perfil da bebida que querem atingir, fortalecem a cadeia. Por trás de uma xícara de 50 ml de café há cultura milenar.

Nas pequenas cafeterias você encontra cafés que, ao mesmo tempo, são doces, ácidos, florais, frutados. Difícil acreditar que tamanha complexidade caiba numa xícara. Há uma gama de perfumes e sabores no café especial curitibano. 

Algo bem diferente do que será servido no Starbucks. “É um estilo de torra escura que remonta à década de 1970 e 1980 misturada a essa cultura americana de tomar café com muito creme, leite e produtos açucarados. Além disso, a torra mais escura deixa a bebida mais cafeinada. Hoje, a torra é outra, mais leve: você compra o café para sentir realmente o sabor do café”, explica Moço.

Quando abriu sua primeira loja em Curitiba, uma minicafeteria na rua Moyses Marcondes, no Juvevê, Leo exibia no balcão duas amostras de grãos torrados – uma dele e outra do Starbucks – para o cliente cheirar e comparar. A da marca americana tinha forte cheiro de pneu queimado. Mas, era 2014. De lá para cá muita coisa pode ter mudado.

Apesar das ressalvas, Moço enxerga a xícara meio cheia. Segundo ele, Starbucks vai atingir um público jovem que não tem costume de tomar café, o que vai abrir o caminho para que se interesse pelo café especial. “Quem toma café especial, depois é difícil que volte atrás”.

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57 comentários em “Opinião: Starbucks vai ser um sucesso em Curitiba, mas não pelo café”

  1. concordo com o jornalista (meu xará), mas ele poderia ter citado o drive café na Mateus Leme, que acho melhor que qualquer um desses.

  2. Que o café brasileiro é bom não há o que questionar. O problema é que o acesso ao bom café custa caro . O que se tem por aí por um custo honesto e lamentável. Mas vamos deixar o Starbucks chegar ao invés de picuinhas de Curitiba com outros estados. Me poupe!!!!!

  3. Café arabica brasileiro é de excelente qualidade..acompanho o trabalho árduo os produtores de Espírito Santo e Minas Gerais. Cada safra que passa os cafés ganham mais pontuações internacional pela qualidade e sabor.. o Brazil é a terra do café.. vivemos em um país do café e muitos não conhecem e nem provaram o café especial e sentiram a doçura.. aroma que tem . Vamos valorizar o café brasileiro.. só isso que os produtores querem.. e se preparem…este ano a safra foi pouca.. por causa da estiagem.. ano que vem café escasso e preço alto..

  4. Depois de ter visitado lojas Starbucks nos EUA, Europa e até no Japão acho que em Curitiba será mais um hype passageiro. Starbucks vende leite com café super torrado e cobra premium.. está muito distante do sofisticado ambiente de café Curitibano como o The Coffee, Lucca e outros já mencionados. E só ver o que aconteceu com o Starbucks na Austrália e no Vietnam… entraram, cresceram e fecharam lojas.. mas vamos ver se dessa vez pode ser diferente… lembrando que aqui é Curitiba: o mercado teste para marcas que querem entrar no Brasil. Não será fácil ??

  5. Café bom é o que agrada ao seu paladar. Quentinho e bem servido com simpatia e local aconchegante. Em boa compania então… A economia da cidade agradece, a concorrência também. Curitiba é boa anfitriã. Que venham mais e mais marcas novas por aqui!

  6. Nem é bom o café do Starbucks, as cafeterias dencuritibas são muito melhores, além do mais, quem vai no Starbucks é só pra ficar tirando self, ficam 2 horas lá e tomam apenas um cafezinho, enquanto isso nas redes sociais enchem de hashtag Starbucks, mas os grãos que vendem são bons, gosto de comprar e levar pra moer em casa (Quando vou a SP). Mas será bom, assim as cafeterias frescas de Curitiba diminuam o preço, que entre nós, está ridículo o preço de tão alto.

  7. Vdd….o Starbucks faz um enoooorme sucesso……não pelo café….mas sim pela marca ( status) e como o brasileiro adora ser internacional…….O nosso café sim,(brasileiro) é divino

  8. Vdd….o Starbucks faz um enoooorme sucesso……não pelo café….mas sim pela marca ( status) e como o brasileiro adora ser internacional…….O nosso café (brasileiro) é divino

  9. O melhor café de Curitiba está no Argenta Cafés. Um Coffee Studio com cafés premiados de diferentes regiões do MUNDO. Sempre passo lá tomar minha dose diária de cafeína da melhor qualidade.

  10. O Starbucks oferece uma mescla de produtos à base de café com bastante açúcar e leite, creme etc mas também oferece uma gama de grãos selecionados de diversas áreas produtoras de café. A cultura da empresa é de admiração e respeito ao produto desde o plantio até a chegada às lojas. Eu já trabalhei lá durante um tempo que vivi no exterior e existem cafés de qualidade sim!

    1. Duas observações
      1)Manifesto Café é o melhor da cidade

      2)Leo Moço abriu seu primeiro café na Saldanha Marinho, fui cliente dele, só depois que abriu no Juvevê. Gostava muito da lojinha na Saldanha. Ele q me ensinou a tomar café de verdade, não essa coisa queimada que a maioria dos brasileiros consome. Porém no Juvevê a qualidade foi caindo, caindo… depois da reforma, ficou insuportável de ir. Atendimento péssimo, preços muito altos. Engraçado que está ocorrendo lá o oposto do que era na Saldanha: honestidade, simplicidade, “just coffee no bullshit” como dizia um cartaz tosco feito pelo Leo mesmo.

  11. Sou cliente do Manifesto, que me entrega café em grãos a cada 15 dias. E de vários dos mencionados na reportagem. Tenho amigo que vem de longe para tomar café no Lucca. Acho que o Starbucks vai passar um aperto por aqui hein?

  12. O sucesso vai ser pelo café, sim. Se a preocupação é pela concorrência talvez o produto – dessas cafeterias – não seja tão bom assim. Que tal rever o negócio ao invés de diminuir o amiguinho?

  13. Além dos lugares citados eu ainda colocaria na lista o Manifesto café, lugar excelente, que vende café em grãos ou moído, de fornecimento de pequenos produtores mas ótima qualidade, e torra feita em parceria com a Flama. Gosto muito de tomar o café lá, apesar da impossibilidade atual da pandemia e de comprar pra recebe em casa também.

  14. A cafeteria aportou no BR em 2006 é só agora na Província . A pergunta é: PQ demorou tanto para chegar no mercado Cu ritibano ? Espero que o nobre repórter tenha feito essa pergunta para a assessoria da cafeteria

    1. Essa resposta é extremamente fácil de se obter por quem um mínimo de conhecimento do público de Curitiba, se viesse pra cá antes já teria falido em função do que oferece, nada além de uma marca!!!!!!!

  15. Gabriela Dal Toé Fortuna

    Já morei numa cidade com Starbucks e por vezes ia mais lá pelos quitutes e internet do que pelo café em si. Starbucks me lembra o aeroporto de Congonhas, dar uma volta em São Paulo, Rio de Janeiro e comprar um copinho de lembrança pra alguém que só via por filme….

    Com um The Coffee ao lado de casa, provavelmente irei no Starbucks mais pelas lembranças de outros tempos do que pelo café.

  16. Esse hype todo não se aplica a Nova York, a primeira vez que entrei num Starbucks foi lá, e para minha surpresa encontrei uma espelunca mal-cheirosa e com ar de decadência, cujos frequentadores não se diferenciavam daqueles do do McDonalds ao lado. E o café em si era apenas mediano.

    1. Realmente. Mesma experiência que tive em NY. O banheiro estava imundo e tive pena da minha mãe ter de usar um banheiro daqueles enquanto tomava meu cafe

  17. So não entendo o porque de tantos elogios ao café do moço, a primeira, única e última vez que fui lá a experiência foi decepcionante para dizer o mínimo.
    Minha mãe pediu um café expresso que pela demora que ficou em cima do balcão pronto até ser trazido a mesa chegou de morno a frio quando reclamamos a garçonete pasmem falou que o que ela poderia fazer era esquentar o café no microondas, para completar a decepcionante experiência pedimos uma tostada que de tostada não tinha nada, era só o pão cortado (mal cortado por sinal pois de uma lado tinha 2 cm do outro 6 ) com as coisas jogadas em cima e gelado

      1. Concordo com o Café do Moço — fui uma vez, mal atendimento, café frio e sem acompanhamento como pedíamos .
        Jamais indico nem volto lá .

    1. Concordo. O serviço e bem ruim, o expresso estava frio e queimado e o custo para a qualidade de serviço que recebi foi exorbitante. Nunca mais voltei….

    2. Isso mesmo. Café do moço gelado, horrível, e garçonetes mal educadas , nunca mais voltei lá e conto minha péssima experiência para quem me pergunta.

    1. Eu concordo com você. Seria manter a origem da marca. No entanto, a Starbucks, para mim, há muito tempo se desviou de suas origens. Hoje, procura os locais mais “seletos.” A Boca Maldita deve ser muito popular para eles.

      1. Vergonha dessas pessoas falar que as cafeterias de curitiba sao melhores que a starbucks, eles são simplesmente a maior cafeteria do MUNDO, sou curitibano mas parem de se achar , que tah feio, muitos cafes citados o atendimento é péssimo, comemorem por mais investimento na cidade , muitos que estão comentando devem ser os donos dos cafés que ao invés de treinar funcionarios, investir no negócios tão de mi mi mi

  18. Vai ser como o Hard Rock Café, com seu seu efeito Golfinho. Sobiu fez uma graça e afundou, pois se não tem qualidade não se mantém num mercado com um seleto público como Curitiba, que já tem paladar exigente demais para tomar café de baixíssimo padrão

    1. O Starbucks serve os melhores cafés do mundo, oriundos da Colômbia, Etiópia, Indonésia, etc. Simples assim! Temos muito o que aprender com a empresa, que não faz sucesso a toa. Curitiba vai sair ganhando!

    2. Eh mania de achar que curitibano é seleto.
      De seleto aqui só se for no jeito mal educado, bairrista e preconceituoso que infelizmente ainda tem muito nessa cidade.

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