Elevador de Serviço Futurista

Certos autores de ficção científica dos anos 40 e 50 foram verdadeiros visionários.

Em 1946 Murray Leinster (1896-1975) escreveu um conto intitulado “Uma Lógica Chamada Joe”, onde descreve perfeitamente o computador pesssoal, que chamou de “lógica”, e a internet, à qual se refere como uma enorme aparelho receptor-e-integrador, mantido pela “Companhia de Lógicas”. Tivesse vivido mais, teria visto sua ideia concretizada.

Reli esse conto – que tenho encartado no Volume 3 de Histórias de Robôs (Ed. L&PM – 2010) – e traz um interessante prefácio de Isaac Asimov: Os Robôs, os Computadores e o Medo.

Ali, Asimov fala a respeito do que chamou de “tecnofobia” e da tendência do ser humano de desconfiar de tudo que é novo, e apegar-se ao que já foi “testado e aprovado”.

Menciona que, quando os algarismos arábicos começaram a ser utilizados na Europa em 1202, por iniciativa de Leonardo Fibonacci, houve resistência dos eruditos e comerciantes, e levou séculos para ser aceito irrestritamente – mesmo sendo manifestamente mais prático, em todos os sentidos.

E também argumenta que as máquinas, computadores e robôs, são vistos como inimigos, por roubar os empregos e o meio de sobrevivência das pessoas; decorrência da automação que se iniciou com a revolução industrial. Na época houve um movimento contrário às máquinas, denominado de “luddismo” – por conta de um certo Ned Ludd, que chefiava o movimento.

Trancrevo agora o trecho que considero mais importante:

“Esse primeiro movimento luddista logo esbarrou na prosperidade que as máquinas proporcionaram à Inglaterra e na criação de novos empregos (muitas vezes em condições atrozes) para a população. Aprendeu-se então a lição, a partir daí sempre repetida, de que o progresso tecnológico não diminui, apenas altera e até aumenta, o número de vagas; e que a solução para a crise da falta de trabalho não é a destruição das máquinas, mas a elaboração de um programa dedicado à reeducação e ao bem-estar do indivíduo”.

É um raciocínio inteligente, com um caráter humanista pois, realmente, de nada servirá toda a evolução da humanidade, se não for para proporcionar o bem-estar para todos os indivíduos.

Atualmente, com as relações de trabalho em franca mudança, onde já se alterou até mesmo o conceito de empresa; onde o patrão já nem é mais uma pessoa, mas um algoritmo; onde empregos precários estão sendo considerados como alternativas plausíveis; não devemos nos esquecer da finalidade de tudo isso.

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