Greca descumpre sua própria regra para beneficiar shoppings

Bandeira laranja devia significar shopping fechado. Mas a prefeitura decidiu não fechar

A prefeitura de Curitiba foi dura com igrejas, bares, academias, lugares de prática esportiva. Está tudo fechado – e faz sentido, pelo avanço que o coronavírus tem feito na cidade. Mas foi curiosamente benevolente com os shoppings.

A cidade, por avaliação da prefeitura de que a Covid andou mais rápido do que devia, passou para a bandeira laranja, que indica médio risco. A própria prefeitura havia antecipado quais seriam os tipos de atividades que fechariam caso chegássemos a isso. E eram exatamente todas as que fecharam – mais os shoppings.

Questionada sobre isso numa coletiva, a secretária Márcia Huçulak disse que os shoppings cumpriram as regras de segurança e que foram identificados outros lugares que causam aglomerações. O que é uma explicação, no mínimo, simplista.

Os shoppings são centros de comércio quase que por definição não essencial. Há farmácias em alguns deles, e alguns prestam serviços. Mas em geral são lojas de roupas, utensílios para casa, óculos de sol, brinquedos…

O ponto não é se até aqui houve cuidado da parte dos shoppings. Mas sim que esse tipo de espaço tem aglomerações diárias, com gente entrando em contato desnecessariamente para vender blusas da Zara, cuecas da Renner e brincos da H. Stern. Será que isso é essencial num momento em que estamos perdendo vidas às dúzias para o vírus?

Documento da prefeitura que previa shoppings fechados em caso de bandeira laranja.

Shoppings são empreendimentos comerciais altamente lucrativos, com grande poder de lobby, com imensos recursos financeiros. E ganharam mais essa parada. Mesmo quando o que está em jogo são as vidas das pessoas – e principalmente das pessoas mais frágeis.

A prefeitura errou ao relaxar a quarentena cedo demais. Estamos todos pagando o preço disso. Agora erra de novo ao ser conivente com os donos de shopping. E o preço disso quem vai pagar, de novo, são os idosos, os doentes, os que mais precisam de atenção.

Depois não adianta a secretária sair dando de dedo em ninguém, como fez na semana passada, chamando a todos de irresponsáveis. O problema, obviamente, começa no Palácio 29 de Março.

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