Expressões anti-indígenas para tirar do vocabulário

Confira os oito termos pejorativos reunidos pelo Plural para evitar em conversas sobre os povos e a cultura indígena

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Reportagem e roteiro: Cecília Zarpelon

A colonização europeia no Brasil foi um processo violento que culminou na morte e escravização de milhares de pessoas negras e indígenas. Apesar de ter ocorrido há mais de 500 anos, continua influenciando o modo de pensar, agir e falar da população brasileira.

Foto: Marcelo Camargo/EBC

Herança desse período, ainda circulam entre o povo diversas expressões e crenças equivocadas sobre os povos indígenas brasileiros que, à medida que continuam sendo empregadas, contribuem para a perpetuação da discriminação contra essa população.

Foto: Divilgação

(como sinônimo de brasileiro) – O termo Tupiniquim é comumente utilizado para se referir a algo nacional, por exemplo, ao invés de “cinema brasileiro”, utiliza-se “cinema Tupiniquim”.

Os Tupiniquim são um povo com especificidades e algo só é Tupiniquim se for produzido por eles.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

tupiniquim

Uma alternativa é utilizar a palavra “indígena”.

Apesar de ser muito utilizado atualmente, o termo “índio”, quando empregado por pessoas não-indígenas, carrega um imaginário estereotipado e perpetua ideias trazidas pela colonização.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

índio

Utilizar o nome de um povo para designar algo negativo ou de má qualidade é uma forma de discriminá-lo.

(como sinônimo de algo falsificado ou ruim) O povo Tabajara vive hoje em três estados brasileiros: Piauí, Ceará e Paraíba. São cerca de 2.881 indígenas.

Foto: Cimi Regional Nordeste

tabajara

O termo “tribo” remete a uma ideia de uma população primitiva, sem organização ou capacidade. Além disso, carrega um imaginário depreciativo de estereótipos e preconceitos. 

Foto: Funai

tribo

Por isso, é preferível utilizar o termo “povo” ou, para se referir a um local ou território “aldeia” ou “comunidade”.

O Brasil, evidentemente, não foi descoberto. No processo colonizador, populações inteiras foram dizimadas, junto de suas culturas, línguas e costumes. 

Imagem: Oscar Pereira da Silva/Museu Paulista da USP

descobrimento do Brasil

Por isso, falar em “descobrimento” do país é equivocado e faz referência à violência cometida contra os povos originários e negros do Brasil.

Comum no cotidiano das pessoas, a expressão “programa de índio” é outra forma de associar as populações originárias a alguma atividade ou evento considerado chato, entediante.

Foto: Mário Vilela/Funai

programa de índio

De acordo com a antropóloga do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR, a expressão “muito cacique para pouco índio” se relaciona com o incômodo que as sociedades não-indígenas sentem com a forma de organização política das comunidades originárias.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

muito cacique para pouco índio

Existe uma ideia muito difundida de que os indígenas falariam usando o pronome “mim” seguido de um verbo no infinitivo (“mim fazer”, “mim não comer”).

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

quem fala “mim” é índio

Atribuir essa construção considerada errada pela norma culta da Língua Portuguesa aos povos originários é uma forma de discriminá-los.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil