Em 20 de março, milhares de crianças estiveram pela última vez este ano numa sala de aula. A esperança de todos era que aquela pausa fosse um descanso e que as aulas fossem retomadas em breve, com a pandemia sob controle. Cinco meses depois, as salas continuam vazias, à espera das pessoas que fazem delas mais do que um prédio.
O Plural foi conferir escolas que nossas crianças deixaram para trás. Como estão as salas, corredores, espaços de convivência. E ouvir de professores, gestores e crianças qual o sentimento desse ano interrompido, mas cheio de aprendizagens.
Marista Escola Social Eunice Benato Marista Escola Social Eunice Benato Marista Escola Social Eunice Benato
Marco Antonio Barbosa – Diretor do Marista Escola Social Eunice Benato, Vila Torres, Curitiba
Marista Escola Social Curitiba Marista Escola Social Curitiba Marista Escola Social Curitiba Marista Escola Social Curitiba
Ricardo Sartorato – diretor do Marista Escola Social Curitiba, Fazendinha, Curitiba.
Marista Paranaense
Sheila L. Hey – coordenadora da Educação Infantil, Marista Paranaense, Curitiba
Colégio Marista Santa Maria
Fernanda Augusta – orientadora pedagógica da Educação Infantil, Marista Santa Maria, Curitiba
Marista Anjo da Guarda Marista Anjo da Guarda
Mas, talvez, para descrever esse momento, vou contar o depoimento que ouvi de duas famílias diferentes, as histórias são diferentes, mas o desejo foi mesmo.
Um estudante, mesmo tendo muito medo de agulha, disse que o desejo dele é tão grande de voltar para escola que tomaria a vacina.
Outra, uma menina, pede diariamente que o presente, ou do dia das crianças ou de aniversário, seja a vacina, pois assim, ela poderia voltar para escola, rever professores, amigos e brincar de correr.
Cada vez mais me convenço que a busca de sentido da vida precisa passar pelas pequenas coisas: num abraço, num olhar, num sorriso.
Flávio A. Sandi – diretor do Colégio Marista Anjo da Guarda, Curitiba
Escola Evolutiva. Fotos: Katia Velo
Estas novas aulas são bem-vindas, mas somente elas deixam a sala de aula “artificial” ou “encenada”, pois os professores se empenharam em produzir vídeos atrativos e por vezes engraçados, mas não tem a resposta do aluno, se gostou ou se gostaria de perguntar algo. Precisamos da curiosidade da criança para nos inspirar e assim atender as questões levantadas pelas crianças no chão da sala de aula. Precisamos do carinho mútuo entre profe e criança, onde pede colo, chora e sorri e que faz bagunça escondido e na hora que a profe diz tchau segura nas pernas para a profe ficar mais um pouquinho. É uma saudade que não cabe em palavras.
Aurea – professora do Ensino Fundamental I, Escola Evolutiva, São José dos Pinhais.
Escola Evolutiva. Fotos: Katia Velo
Este ano começou diferente! Descobri minha gestação, no início de março, e compartilhei com todos a notícia logo em seguida. Eles me surpreenderam! Algumas turmas iniciaram uma salva de palmas, outras correram me abraçar, e todas, me encheram de muito amor. Naquele momento eles já falavam da escolha de nomes e do quanto queriam participar de tudo. Poucos dias depois veio o distanciamento social e junto, um vazio nas salas e no coração.
Na escola, nossa história vai muito além da sala de aula. Participamos uns da vida dos outros. Sinto falta dos meus amores, de abraçar e ouvir as peripécias do final de semana e ainda, compartilhar a chegada da minha pequena Yasmin que nascerá em breve.
Jennifer Michelon – professora de Geografia do Fund. II, Escola Evolutiva, São José dos Pinhais.
Escola Evolutiva. Fotos: Katia Velo
Katia Velo – Professora de Arte, Fundamental II, Escola Evolutiva, São José dos Pinhais.
Escola Evolutiva. Fotos: Katia Velo Escola Evolutiva. Fotos: Katia Velo
Teacher Rose – Infantil, Escola Evolutiva, São José dos Pinhais.
CMEI Maria Vidolin CMEI Maria Vidolin
A saudade das crianças, das famílias, do convívio com as colegas é enorme.
Nossa rotina no CMEI é calorosa, a aprendizagem na educação infantil se da através do contato, das interações, do afeto…o vínculo é fundamental.
Neste momento, seguimos tentando nos adaptar a nova rotina com atividades não presenciais para pré 1 e 2, modalidades obrigatórias.
Criamos grupos de WhatsApp com as famílias, uma tentativa de aproximação, de podermos estar um pouquinho mais perto dos nossos pequenos e das famílias. Para as demais modalidades, as atividades seguem suspensas.
O retorno à nossa rotina é um grande desejo, peço a Deus que possamos retornar em breve com segurança.
Elisangela Champoski – diretora do CMEI Maria Vidolin, São José dos Pinhais
Na profissão aprendemos que se reinventar é essencial para manter um modelo de ensino atualizado e inovações são necessárias para ampliar o conhecimentos dos alunos, mas, o significado disso tem um peso muito maior desde o começo da pandemia.
Reconheço que as adaptações foram necessárias em todos os setores, principalmente nas casas das crianças, onde entro de maneira muito respeitosa, todos os dias através de uma tela para levar conhecimento, descontração, desejo por aprender e manter o interesse pelos conteúdos que iríamos abordar neste ano letivo. E isso só é possível porque as famílias aceitaram o desafio de se reinventar junto comigo.
Tenho certeza que assim como eu todos estão com saudades da rotina da escola. As crianças certamente sentem falta da hora do recreio,do dia do brinquedo, do nosso horário de parque, e os pais daquela conversa rápida na hora da entrada e saída, do suporte via agenda.
Apesar de todas as dificuldades estamos vencendo!
Falar da Educação a distância para crianças da tenra idade até 2019 era impossível, mas hoje vemos que está se tornando normal e trazendo inclusive alguns benefícios para pais que podem trabalhar em casa e acompanhar o desenvolvimento dos filhos de perto.
Mesmo nesta ótica é importante ressaltar que não há tecnologia alguma capaz de substituir o convívio, o afeto, o desenvolvimento social para todos, professores, pais e crianças.
Cássia Zenziski Mokwa, professora da Educação Infantil, Colégio Top Gun, São José dos Pinhais
Colégio Positivo Boa Vista. Fotos: Diego Wladyka Colégio Positivo Boa Vista. Fotos: Diego Wladyka Colégio Positivo Boa Vista. Fotos: Diego Wladyka
Esse é o sentimento que nos acompanha nos últimos meses…
Claro, uma escola é feita de salas de aula, pátios, espaços de convivência, quadras, biblioteca, laboratórios. Porém, nenhum desses ambientes faz sentido sem a presença dos alunos, pois são eles que dão vida, cor e brilho ao colégio.
Há quase seis meses, o som das turmas entrando nas salas de aula, dos professores circulando e dos alunos agitados correndo, conversando e sorrindo foi substituído pelo silêncio. Vimo-nos obrigados a pausar o contato físico, tão importante para todos nós.
Enquanto os alunos estudam remotamente, a equipe do Colégio Positivo – Boa Vista aguarda ansiosa o tão esperado dia de volta às aulas presenciais. Estamos trabalhando diariamente em melhorias nas estruturas de todos os ambientes e na garantia de proporcionar um ambiente seguro e agradável para receber nossos alunos novamente… é uma maneira de nos sentirmos mais próximos, mais pertencentes!
Assim, quando os alunos retornarem, serão recebidos com novidades e, principalmente, com muito amor! Não estamos perto como gostaríamos, mas seguimos juntos e unidos pela educação de todos os estudantes.
Em breve, voltaremos a conviver e a aprender juntos. Fiquem bem!
Silvana de Macedo Baú – diretora, Colégio Positivo Boa Vista, Curitiba
Que texto lindo, emocionante, cheio de verdades… Senti daqui um aperto no peito ?Sinto- me como você. ♥️