O rosto de Marielle Franco, vereadora carioca assassinada em 2018, foi pichado no muro da Escola Estadual Tiradentes, na Praça 19 de Dezembro, em Curitiba. Desenhado por num grafiteiro dentro de um projeto de direitos humanos, em parceria com os alunos do colégio, o rosto de Marielle fazia parte de um mural com outras mulheres que foram vítimas de violência e defenderam direitos humanos, como a paquistanesa Malala e a brasileira Maria da Penha.
No mural, outros rostos também foram pichados. No caso de Marielle, além de o rosto ser sido praticamente apagado com tinta branca, o responsável pelo vandalismo fez questão de chamar a vereadora, morta a tiros num atentado até hoje não totalmente elucidado, de lixo. Marielle enfrentava as milícias do Rio de Janeiro e a violência policial.
“Apagar o rosto de Marielle Franco, uma mulher, negra, da periferia, evidencia o racismo em nosso país. Não é apenas mais um ato de vandalismo como tantos outros. Tampar os seus olhos e cobrir a sua boca simboliza também uma anulação de quem a sua identidade representa. Em uma sociedade como a nossa em que falar representa poder, cobrir a boca de alguém passa uma mensagem de silenciamento de algumas vozes. E isso é uma mensagem de opressão e violência”, diz Michele Bravos, do Instituto Aurora, idealizador do mural.
O mural foi feito por financiamento coletivo e com a participação dos próprios estudantes. A atividade, segundo o Instituto Aurora, tinha também o objetivo de dialogar sobre empoderamento feminino e masculinidades desvinculadas de violência.