Vacinação de crianças por idade no Paraná só deve começar no fim de janeiro

Estimativa leva em conta o que o Ministério da Saúde já divulgou. Paraná recebe nesta sexta (14) o primeiro lote

A quantidade de doses da vacina pediátrica contra a Covid-19 que deve ser enviada ao Paraná até março, a partir do contrato já firmado entre o Ministério da Saúde e a Pfizer, não assegura, por ora, a imunização de todas as crianças de cinco anos, os últimos da lista desta nova etapa da campanha. Uma estimativa indica ainda que a aplicação para o público em geral, a partir dos 11 anos, só deve começar no estado com a chegada do terceiro lote, provavelmente na última semana de janeiro.

A projeção é uma estimativa feita a partir das informações sobre quantidades e datas de recebimento divulgadas até agora pelo governo federal. O Paraná recebe no início da manhã desta sexta-feira (14) o primeiro lote específico para o grupo infantil incorporado ao plano nacional. Serão em torno de 65 mil, se considerada a proporção de 5,25% que a população paranaense de 5 a 11 anos – o público-alvo – representa em relação ao total da faixa etária do país.

Para calcular a quantidade de doses a serem encaminhadas a cada estado, o Ministério da Saúde usou o contingente populacional de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por esta base, 1.075.295 crianças do Paraná devem ser contempladas. No entanto, o contrato com a Pfizer, segundo o que já foi comunicado pela pasta, deve render ao Paraná 1.050.210 doses. Na prática, isso impediria que o público de cinco anos fosse contemplado pelas doses desse acordo, especificamente.

Assim como o esquema vacinal para adultos, a imunização de crianças no Brasil seguirá critérios previamente estabelecidos por Nota Técnica. Começará pelo público com comorbidades e deficiência permanente, seguido de indígenas e quilombolas, os de lares com pessoas com alto risco para evolução grave de Covid-19 e, então, de 11 a 5 anos em geral, em ordem decrescente.

No entanto, desde dezembro a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisa pedido do Instituto Butantan para uso da CoronaVac em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos – o que poderia garantir abrangência total. Nesta quarta-feira (13), membros da agência e do instituto estiveram reunidos com representantes das sociedades médicas para discussão dos dados e definição de eventuais compromissos, em caso de autorização de uso da vacina. O Ministério da Saúde, contudo, ainda não se manifestou oficialmente sobre uma possível inclusão da CoronaVac na campanha infantil, em caso de aprovação.

Cronograma

Contando com a adesão máxima ao esquema, o estado só teria doses suficientes para abrir a imunização ao público em geral a partir do dia 27 de janeiro. Essa seria a previsão se considerado o montante proporcional de 226.485 doses que cabem ao Paraná, dividido supostamente em mais dois lotes semanais, diante da distribuição total de 4.314 milhões prometidas pelo Ministério da Saúde somente para este primeiro mês.

O recorte indica que pelo menos os dois primeiros lotes seriam destinados integralmente a grupos específicos.

A Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa) não tem um levantamento de quantas crianças estão em cada grupo designado, seja por prioridade ou por idade. Por isso, a projeção do início da vacinação por idade leva em conta o provável momento em que o estado teria doses suficientes para contemplar todas as suas 148.893 crianças de 11 anos. Isso não ocorreria no segundo lote a não ser que o governo federal enviasse todas as 160.965 doses faltantes de uma vez só.

A logística da distribuição dos imunizantes não depende apenas da União, mas principalmente do prazo de entrega definido pela fabricante no contrato. O Plural não teve acesso ao documento assinado com a Pfizer, conforme pedido feito ao Ministério da Saúde. Alguns documentos de compras de vacinas têm sigilo. E, até agora, a pasta só divulgou as quantias totais para os meses de janeiro, fevereiro e março, prazo previsto para se completar a entrega das 20 milhões de doses iniciais oficialmente negociadas.  

Para fevereiro, o Ministério da Saúde prometeu distribuir 7.272 milhões de doses ao todo – algo em torno de 381.780 ao Paraná. O número já seria suficiente para vacinar crianças de 10, 9 e 8 anos. São um público de, respectivamente, 152.764, 149.889 e 149.718 vacináveis.

Em março o ritmo tende a ficar mais lento por causa do início da aplicação da segunda dose aos grupos – com intervalo de oito semanas a partir da primeira. Pela média estimada, que considera a distribuição em lotes de mesma quantia semanalmente, os de 7 e 6 anos só seriam contemplados a partir da segunda quinzena de março. 

O vírus da Covid-19 contaminou um média de 45 crianças de 5 a 11 anos por dia no Paraná até agora. Ao todo, essa faixa etária já soma 46.764 confirmações no sistema de dados abertos da Sesa. Apesar de representar uma fatia pequena na comparação com universo geral de infecções – 2,9 % do total, aproximadamente –, o número não pode, afirmam os especialistas, ser considerado irrelevante. Crianças são transmissores em potencial do vírus e com taxas de soroprevalência similares às dos adolescentes e superiores a dos adultos, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

No Brasil, aplicação será com intervalo de 8 semanas entre a primeira e a segunda dose. Embora não seja exigência receita médica, os pais ou responsáveis devem estar presentes e concordarem com a vacinação. Em caso de ausência, a aplicação deverá ser autorizada por um termo de assentimento por escrito.

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