UPAs: pacientes sem urgência esperam em média 2h06

Embora seja alto, tempo está dentro do tolerado pelos padrões internacionais

Da chegada a recepção a consulta média, os pacientes que procuraram uma das noves Unidades de Pronto Atendimento de Curitiba, foram atendidos, em média, em 84 minutos. Já pacientes classificados como não urgentes aguardam, em média, 126 minutos. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde.

As médias de tempo são calculadas a partir de dados separados por prioridade de atendimento. Desde 2011, Curitiba realiza uma triagem inicial dos pacientes de acordo com o Protocolo de Manchester, um sistema internacional de classificação de acordo com a gravidade da situação do paciente.

De janeiro a julho deste ano, a média de tempo de espera nas UPAs foi de 86 minutos para pacientes com pouca urgência e 42 minutos para pacientes com urgência moderada. Indivíduos classificados como casos de muita urgência e emergência são atendidos imediatamente, informou Pedro Almeida, médico e diretor do Departamento de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde.

As médias estão abaixo do tempo máximo de espera preconizado pelo Ministério da Saúde, que é de até 60 minutos para casos urgentes, 120 para pouco urgentes e 240 minutos para situação sem urgência. Para Almeida, o sistema faz uma distribuição inteligente da demanda, uma vez que garante atendimento rápido a quem mais precisa.

Outro ponto que o médico indica ser importante é que a classificação não depende da opinião do enfermeiro que faz a triagem. “São protocolos. O profissional vai inserindo os dados no sistema a partir da queixa do paciente e recebe a classificação”, explica.

Os dados da SMS mostram que o tempo de atendimento varia significativamente de um mês para o outro. Mas as UPAs Boa Vista, Fazendinha e Cajuru registraram as maiores médias de tempo de espera. No Boa Vista, por exemplo, os pacientes esperaram mais em junho (165 minutos em média) e menos em fevereiro (77 minutos).

A demora também não parece ter relação direta com o número de pessoas atendidas. Boa Vista e Cajuru são duas das três UPAs que mais atendem pacientes por mês, com cerca de 15 mil atendimentos. Já a do Fazendinha recebe dois terços disso, com dez mil pacientes. O mês com mais atendimentos no ano, maio, teve espera média de 98 minutos, mas o que teve maior média foi, com 103 minutos, foi junho.

Segundo Almeida, os números refletem as diferentes características das UPAs de Curitiba. “A UPA CIC, por exemplo, não fica perto do terminal de ônibus. A do Boa Vista fica do lado terminal que recebe as pessoas que vem da região metropolitana e acaba recebendo um grande fluxo de pacientes de lá”, aponta.

A UPA CIC é a unidade com melhor média de tempo de atendimento entre as nove da cidade. Em julho, os pacientes foram atendidos lá, em média, em 51 minutos. Curiosamente, esta UPA também é a que tem menor atendimento de casos classificados como urgentes.

Em março de 2019, por exemplo, a unidade não recebeu nenhum paciente classificado como urgente. Em junho, foram 62 casos, menos que as 243 situações recebidas pela UPA Pinheirinho, que atendeu 11.584 pacientes no mês enquanto a CIC recebeu 12.178 no mesmo período. Almeida credita essa característica à localização.

Como funciona

Nas UPAs curitibanas o Protocolo define cinco prioridades que vão de não urgente (sem risco imediato, cor azul) a emergência (risco imediato de perder a vida, cor vermelha). Casos classificados como emergência ou muito urgente (ver quadro) são encaminhados diretamente para atendimento.

Por isso os dados de tempo de espera mostram apenas os valores para classificação amarelo (urgência moderada), verde (pouco urgente) e azul (não urgente).

O tempo de espera é medido de duas formas. A primeira métrica avalia o tempo passado entre a chegada e registro do paciente na recepção da UPA até o atendimento médico. A segunda conta o tempo da triagem até a consulta médica.

Segundo Almeida, o ideal é que a demora entre o registro do paciente e a triagem fique em dez minutos. Os dados da SMS mostram que essa diferença ficou, em média, em 16 minutos no período de janeiro a julho de 2019 para pacientes com classificação não urgente.

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