UPAs do Litoral têm problemas graves para atendimento Covid

Faltam máscaras, higienização e estrutura adequadas, além de divisão no atendimento a pacientes suspeitos de coronavírus

Equipes usando a mesma máscara por uma semana, álcool vencido, sala sem esterilização entre os atendimentos, macas e poltronas rasgadas, ausência de rede de gás. Estas são algumas das irregularidades encontradas pelo Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren/PR) em duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Pontal do Paraná, no Litoral do Estado. Além disso, pacientes são atendidos no mesmo ambiente de suspeitos de Covid-19.

No Pronto Atendimento de Shangrilá, foi relatado ao Coren falta de luvas, aventais, máscaras cirúrgicas e N95. Aos fiscais não foram apresentados documentos comprobatórios de treinamentos, plano de contingência institucional ou municipal e rotina ou protocolo de uso de equipamento de proteção individual (EPI).

Máscaras TNT utilizadas por profissionais da enfermagem. Foto: Thais Penteado/CorenPR

O atendimento na Unidade é realizado com fluxo único, sem triagem ou separação dos pacientes com sintamos de Covid-19, “com sala de acolhimento, consultório clínico e sala de atendimento de emergência únicos, sem rotina estabelecida de higienização entre os atendimentos”, diz o Coren.

No Pronto Atendimento Praia de Leste os fiscais também verificaram pouco estoque de EPI, não sendo possível avaliar a procedência devido à falta de identificação do fabricante.

Materiais sem identificação de procedência. Foto: Thais Penteado/CorenPR

“Profissionais informaram que em alguns momentos foi necessário reutilizar a máscara cirúrgica por mais de um plantão devido à falta do EPI”, diz o documento. “A equipe utiliza por 2, 4 dias ou uma semana a mesma máscara.”

Na Unidade de Saúde, a equipe do Coren registrou que “no espaço destinado à triagem do enfermeiro, constatou-se inexistência de pia e de adoção de medidas de higiene entre um paciente e outro, visto que não havia materiais para realização da desinfecção dos equipamentos e mobiliário”.

Ainda verificou-se a ausência de papel toalha e pias, paredes sem acabamento, fiação elétrica exposta, poltronas, macas e cadeira de rodas rasgadas e com esparadrapo, mobiliários enferrujados, dispenser de álcool com prazo de validade vencido. Observou-se, ainda, a “inexistência de uma rede de gás e existência de salas com a presença de torpedos de dois sem qualquer tipo de fixação para se evitar possíveis acidentes”.

Armazenagem incorreta de material. Foto: Thais Penteado/CorenPR

Situação muito precária

Procurada pelo Plural, a Secretaria de Saúde de Pontal do Paraná informou que “assumiu a gestão no dia 1º de janeiro com uma situação muito precária na saúde”.

“Estamos fazendo o possível para sanar as necessidades o mais breve possível, já efetuamos a disponibilização de EPI’s e estamos melhorando as condições das unidades”, afirma a secretária de saúde Carmen Cristina Moura dos Santos. “O Coren vem notificando o munícipio desde 2017 e não houve correção das irregularidades pelos gestores anteriores”, ressalta ela.

O Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT/PR) confirmou que abriu procedimento para investigar as denúncias de irregularidades em relação ao ambiente de trabalho nas Unidade de Saúde do Litoral.

Colaborou: Giorgia Prates

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