Dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da gripe do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam quem e como morreram 2097 dos 2246 curitibanos mortos pela Covid-19 em 2020. É com base nesses dados que o Plural chegou a seguinte informação: um terço das pessoas residentes em Curitiba mortas por Covid-19 morreram antes de serem internadas numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Neste um ano de pandemia, estudos sobre a doença têm ajudado a entender o comportamento dela. Sabe-se que do total de pessoas contaminadas, (dados do CDC, o órgão de saúde pública do governo dos EUA), cerca de 14% devem necessitar de internamento. Aqui em Curitiba, segundo o Boletim de dados da pandemia Secretaria Municipal da Saúde (SMS), dos casos diagnosticados, 8% exigiram internamento.
Precisam de internamento os pacientes que desenvolvem sintomas graves e críticos da doença, notadamente dificuldades respiratórias com baixo índice de oxigenação. Quando essa dificuldade entra na fase crítica, o paciente pode ser intubado e internado numa unidade de terapia intensiva.
Não foi o que aconteceu em um terço dos casos em Curitiba. Dos 2.097 óbitos por Covid-19 registrados no registro do SUS, 1.364 foram internados em UTI e 42% tiveram auxílio respiratório invasivo. Entre a internação e o óbito, em média, passaram 14,7 dias.
Mas 718 pacientes permaneceram em leitos clínicos até o óbito, a maior parte – 493 pessoas – com ventilação respiratória não invasiva. Entre os pacientes que foram a óbito antes de serem internados em UTI, o tempo entre o internamento e o desfecho foi discretamente menor: 14,3 dias contra 15,4 dos que faleceram nas UTIs.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não faltou atendimento para nenhuma vítima da Covid-19 na cidade. Em nota, a SMS afirmou que “do total de 2.323 óbitos por covid-19 entre moradores de Curitiba registrados até agora, 98% eram pacientes que estavam com assistência hospitalar garantida”.
Também atribuiu os números analisados pelo Plural ao desempenho da rede particular de saúde na pandemia e a decisões das equipes, que estão fora do escopo da competência do órgão, como está no trecho da nota abaixo:
“Ressaltamos ainda que os óbitos são de pacientes SUS e não SUS. Cerca de 40% das internações em hospitais de Curitiba são por convênios e Seguros Saúde.
Em relação aos óbitos em enfermarias, a decisão de transferência ou não do paciente para a UTI não é competência da Secretaria Municipal da Saúde. A conduta é exclusivamente da equipe que acompanha o paciente, e a SMS não interfere”.
Em relação ao trecho abaixo:
—Em relação aos óbitos em enfermarias, a decisão de transferência ou não do paciente para a UTI não é competência da Secretaria Municipal da Saúde. A conduta é exclusivamente da equipe que acompanha o paciente, e a SMS não interfere”.
Comentário de quem está rotineiramente no hospital
—Sempre faltou e agora falta ainda mais. Por mais que a decisão caiba a equipe médica assistente e a decisão não tenha interferencia da SMS, a equipe pode pedir a vaga e se não tem vaga não tem o que fazer. A SMS tem coresponsabilidade por faltarem leitos sim e essa resposta é uma desculpa esfarrapada.