UFPR avalia implantar Educação à Distância

Entidade, docentes e alunos discutem possibilidades após MEC aceitar atividades não presenciais para carga horária mínima

A pandemia do coronavírus levou o Ministério da Educação a aprovar, no dia 30 de abril, atividades não presenciais como parte da carga horária mínima anual. A decisão vale para Educação Básica, Fundamental e Superior. Nas universidades particulares, a Educação à Distância já é realidade para muitos cursos. Nas públicas, é um desafio que começa a ser discutido, como na Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde entidade, professores e alunos avaliam a possibilidade.

De acordo com a UFPR, a questão vem sendo debatida em toda a instituição, em conversa entre a Pró-reitoria de Graduação (Prograd), a Coordenadoria de Integração de Políticas de Educação à Distância (Cipead), as coordenações de curso e os professores, além dos estudantes, representações estudantis e técnico-administrativos.

Apesar do debate, ainda não há uma posição da UFPR a respeito. Quem irá decidir sobre o tema é o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), que ainda não tem data para a próxima reunião.

Enquanto isso, os docentes também se organizam para definir o melhor caminho. O presidente da Associação dos Professores da UFPR (APUFPR), Paulo Vieira Neto, lembra que a prática já é comum nas universidades privadas, mas que apresenta problemas. “Ela acaba servindo de barateamento do custo com mão de obra, não paga férias nem 13º salário e conta com o direito autoral do que o professor produz, usando o trabalho de um para centenas de alunos. É um modelo completamente privatizado”, avalia.

Segundo o docente, na universidade pública se defende a excelência da aula presencial, com qualidade, com professores cientes das variações de compreensão e reação do aluno.

“Por outra lado, dadas as condições impostas pela pandemia, estamos pensando como iremos lidar com a tecnologia híbrida. Usar a internet ao lado daquilo que sabemos fazer bem e milenarmente. Vamos adaptar isso às tecnologias híbridas mas buscando evitar o distanciamento social no aprendizado”, destaca o presidente da APUFPR.

Inclusão preocupa estudantes

Reuniões setoriais também foram feitas entre os estudantes. “Muitos colocaram suas dificuldades, que vão desde a falta de acesso digital, passando por questões da saúde mental, até ter que dividir computador com parentes que o utilizam para home-office”, conta a coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPR, Vanessa Domingos, lembrando que um documento completo sobre o tema foi produzido pelo DCE.

“Foram diversas as problemáticas pautadas. Nem todos terão acesso às aulas, por isso somos contrários ao uso de atividades remotas durante a pandemia. E esta decisão não é do DCE, é do diálogo tido com os estudantes em reuniões setoriais.”

A União Paranaense dos Estudantes (UPE) coloca dois eixos para a problemática. “Como construir uma plataforma e as atividades de forma inclusiva? Não queremos apenas videoaulas, sem orientação, interação nem a construção de conhecimento”, aponta o diretor da UPE, Lucas Zulin.

A outra questão que preocupa os alunos é a acessibilidade, especialmente dos cotistas. “As realidades são muito diferentes. Se não conseguirmos construir um processo de educação inclusiva, a EAD não deve ser aplicada. Entendemos a crise da saúde, porém temos que pensar de que forma fazer isso, se será aplicado com bases e diretrizes”, pondera o representante estudantil.

“Se for algo inclusivo, podemos reavaliar, mas nessa condição, não achamos correto, pois não garante a acessibilidade e é um ensino precarizado. Temos uma grande preocupação”, conclui Zulin.

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