Tratamento com plasma contra Covid-19 avança no PR

Testes foram realizados em 55 pacientes de nove hospitais; resultados são promissores

Apesar de ainda não ter os trabalhos concluídos, a pesquisa experimental que utiliza plasma convalescente para o combate à Covid-19 está em andamento no Paraná e apresenta resultados iniciais bastante positivos. Nos últimos dois meses, quando de fato os testes começaram, 55 pacientes receberam o plasma – parte líquida do sangue – com anticorpos para o coronavírus, retirado de 48 doadores curados da doença. Nove hospitais do Estado participam do experimento.

O projeto-piloto do plasma hiperimune é realizado pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar). O trabalho teve dificuldades no início, como falta de insumos, captação de doadores e elaboração dos kits. “Agora está fluindo super bem, temos muitos doadores e hospitais solicitando o plasma. As unidades de Umuarama, Campo Mourão, Ponta Grossa e Curitiba já estão coletando o material”, explica a chefe da divisão de Hematologia e Hemoterapia do Hemepar, Renata Pavese.

Segundo ela, as coletas e transfusões começaram há dois meses e os resultados ainda não foram computados.  “Mas a resposta tem sido muito boa para os que receberam. Estamos encaminhando para todo o Estado e abertos a todos os hospitais públicos que solicitarem.”

Ela lembra, no entanto, que o plasma não traz cura para a Covid-19 mas é uma tentativa de aliviar o agravamento da doença – por causa dos anticorpos transferidos pelo sangue. Por isso, o paciente o recebe nas primeiras 72 horas de internação, o que pode evitar a intubação, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e até acelerar a recuperação. “O médico é quem avalia a terapêutica mais indicada e, em caso afirmativo para o plasma, o material é solicitado pelo hospital ao Hemepar”, afirma Renata.

Para ser um doador de plasma convalescente é necessário ter tido o coronavírus confirmado por exame nos últimos 45 dias. “Com o tempo, o número de anticorpos cai, então, se for um doador que teve a doença há mais tempo, ele não terá o número suficiente de anticorpos no plasma para o tratamento”, pontua Renata.

A seleção dos doadores de plasma é realizada presencialmente e os interessados devem fazer o agendamento pelo fone (41) 3281-4074.

Doação de sangue

Estoques estão baixos. Foto: Venilton Küchler

O Hemepar está com baixa nos estoques de sangue para doação. Durante a pandemia, caiu em 40% o número de bolsas armazenadas e em 30% o total de doadores. Especialmente aqueles com fato Rh negativo.

“Precisamos de todos tipos de sangue, mas estamos com urgência no O positivo e O, A e B negativos”, afirma a chefe do setor de Hematologia. Ela ressalta que, nestes casos, há uma busca ativa dos doadores voluntários já cadastrados, os “fidelizados”. Ainda assim, eles não são suficientes.

Mesmo estes doadores precisam passar por nova triagem antes de cada procedimento. A aprovação envolve entrevista com profissionais da saúde e testes sorológicos para detectar possíveis doenças transmissíveis pelo sangue, como aids, HIV, sífilis, doença de chaga, malária, HTLV, e hepatite B e C. “Somente depois do resultado negativo é que a bolsa de sangue é enviada para transfusão.”

Mulheres podem doar a cada 90 dias e homens a cada dois meses. O estoque apropriado para o Hemepar é de 200 bolsas/dia. Hoje (10/9), o banco está com apenas 80 bolsas de sangue O negativo: 60% menos do que o necessário.

Para doar sangue é preciso agendar horário, o que é aconselhável para evitar aglomerações. Mas também é possível pegar umas das 30 senhas, entregues toda manhã. O horário de atendimento do Hemepar é das 7h30 às 18h, de segunda a sábado.

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