Toni Reis sofre ameaças com referências nazistas

Intimidações foram feitas por mensagens, invasões on-line e até por falsa entrega de comida

Durante o último mês o diretor do Grupo Dignidade e da Aliança Nacional LGBTI+,  Toni Reis, vem sofrendo diversas ameaças de morte e violência de um grupo que utiliza de símbolos e referências nazistas em suas ameaças. 

A última ameaça sofrida foi na segunda-feira (16), um dia após as eleições municipais. Toni recebeu mensagens com referências nazistas pelo WhatsApp. Este foi o último de quatro episódios de intimidação ocorrido desde o dia 15 de outubro.

Toni diz, no entanto, que as ameaças sempre existiram. “Assim que abrimos o Grupo Dignidade, em 1992, começamos a receber ameaças. Quem se posiciona a favor de movimentos de minorias sabe que terá oposição, mas ela precisa ser democrática. As ameaças saem do campo democrático”.

Ele diz que é incômodo receber ameaças, mas que não se amedronta, que deve ser resiliente e continuar tendo energia para lutar contra movimentos não democráticos, que utilizam da violência (não só a física) e que fazem referências ao nazismo. 

O diretor do Grupo Dignidade e da Aliança Nacional LGBTI+ acredita que não está sendo ameaçado por questões pessoais e sim por representar grupos LGBTI+. “Eles queriam atacar a causa, a organização e, por consequência, as lideranças.”

Toni avalia que as eleições podem ter ligação com os ataques “Em Curitiba, nós tivemos vários candidatos que são LGBTI+ assumidos e 13 dos 15 candidatos a prefeito se comprometeram com a pauta LGBTI+, e isso para os extremistas foi demais.”

Toni denunciou todos as ameaças e ataques que sofreu ao Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber) da Polícia Civil do Paraná, que cuida do caso. Ele foi incluído no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas – que articula medidas protetivas para garantir que o defensor permaneça em seu local de atuação e exerça sua militância em segurança.

Ameaças anteriores

O primeiro episódio de violência ocorreu no dia 15 de outubro, quando o grupo Aliança Nacional LGBTI+ teve seu seminário on-line – com o tema “Diálogos para enfrentar as desinformações, notícias falsas e discurso de ódio nas eleições municipais” – invadido por perfis que exibiram vídeos da bandeira LGBTI+ sendo queimada, da marcha nazista e da suástica. Além disso, enviaram mensagens de falas de Hitler no chat da sala virtual. Após o episódio, o evento foi remarcado para ocorrer em outra plataforma no dia 22 do mesmo mês.

Na madrugada do dia 18 de outubro, Toni Reis foi surpreendido com entregadores de comida por aplicativo batendo em sua porta e dizendo o nome do grupo que fez as ameaças, mas ele não havia pedido comida. Ao ligar para o restaurante, soube que o autor do pedido colocou uma observação dizendo que era ameaçado de morte e que só receberia o pedido se dissesse uma senha, que era justamente o nome do grupo. 

No dia 22, durante o evento on-line que havia sido remarcado, e que desta vez ocorreu sem invasões, o grupo de WhatsApp da Aliança Nacional LGBTI+ foi alvo de ataques por números que enviaram mensagens com símbolos, frases e saudações nazistas. Ao mesmo tempo, Toni recebeu mensagens similares em seu WhatsApp particular.

No mesmo momento, foi registrada uma denúncia na central do Grupo Aliança Nacional LGBTI+. Era um perfil falso registrado com um e-mail em nome de Hitler, com xingamentos à mãe de Toni. O texto também continha o endereço do ativista, com a frase: “Se quiser matar ele, ele mora na rua…”, com referências a armas de fogo.

Canal de denúncia

Toni ressalta a importância de grupos como o Dignidade e o Aliança Nacional LGBTI+ que prestam serviço de formação, ministrando palestras em empresas, colégios e universidades; de auxílio, prestando atendimento a pessoas vítimas de violência e ameaças; e de defesa, incentivando e fazendo denúncias de ato que interfira nos direitos dos cidadãos. “Em qualquer rompimento do estado democrático, o ministério público tem que ser envolvido, as defensorias públicas têm que ser envolvidas e o Estado tem que intervir”, diz ele.

A Central Nacional de Denúncias LGBTI+ é um canal para relatos de casos de discriminação, violência, falta de medicamentos e outras questões relacionadas à população LGBTI+. Após o preenchimento de um formulário no site da Central, as denúncias serão analisadas e um time de especialistas advogados, psicólogos e assistentes sociais prestará auxílio aos denunciantes.

Colaborou: Maria Clara Braga

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