Teste covid “delivery” enfrenta resistência em Curitiba

Oferta particular de exames em massa para condomínios ou empresas não ganhou muitos adeptos por aqui

A flexibilização das medidas de isolamento aqueceu o mercado de testes para a Covid-19 em sistema de “delivery” (entrega) em várias capitais brasileiras. O método consiste em realizar a coleta do exames diretamente em residências ou empresas, sob agendamento. Em Curitiba – onde as regras estão no nível de controle mais baixo há quase duas semanas – a empolgação pelo serviço, no entanto, ainda é tímida, e deve ser cautelosa.

São Paulo e Rio de Janeiro estão entre as primeiras cidades em que a demanda se espalhou. Por lá, laboratórios particulares e empresas da área da saúde passaram a atender estabelecimentos, condomínios e até eventos de menor porte, liberados pelo poder público. Moradores interessados, e dispostos a pagar, sequer precisam sair de casa para realizar os exames, seja os de modalidade rápida (sorológicos) ou os que exigem análise molecular, os chamados RT-PCR.

Na capital fluminense, a compra de testes também chegou nos aplicativos. Desde meados de julho, exames rápidos começaram a ser comercializados em app de entregas. Depois do pagamento, agenda-se uma data em um dos pontos drive-thru disponíveis na cidade. Em Belo Horizonte e Cuiabá, a oferta de testes a domicílio também começou a ganhar visibilidade.

Na capital paranaense, porém, o serviço ainda não é comum. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), para realizar testagem para Covid-19 a empresa precisa ter licença sanitária emitida por Curitiba para as atividades de laboratório de análises clínicas ou farmácia. Além disso, testes a domicílio ou em pontos remotos estão liberados apenas para laboratórios clínicos.

Atualmente, a capital paranaense tem 22 laboratórios que fazem exames para detectar a infecção pelo coronavírus, o que não significa que todos façam a coleta em casa.

Já a disponibilidade de testes em farmácias, onde se fazem os de modalidade rápida, é regulamentada pela Resolução da Secretaria Estadual da Saúde do Paraná (Sesa) nº 781/2020 e pela Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 377/20. Hoje são mais de 30 drogarias curitibanas que disponibilizam o serviço, mas sem autorização para atender em sistema delivery.

Facilidade não é proteção

O gerente técnico-científico do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná (CRF-PR), Jackson Rapkiewicz, ressalta que maior acessibilidade aos exames de Covid-19, sobretudo os testes rápidos, não implica necessariamente em maior segurança.

Segundo ele, a oferta de testes a domicílio – que no caso de Curitiba são permitidos apenas a laboratórios – é uma facilidade para quem está no grupo de risco, como idosos, pessoas com comorbidades ou até mesmo para quem cumpre isolamento total. Mesmo assim, é preciso haver recomendação. No caso de testes rápidos, cautela também é fundamental.

“Não se pode tratar os testes rápidos apenas como uma venda”, afirma Rapkiewicz. “Se você vai numa farmácia pedir o teste, não significa que você vai fazer. O farmacêutico tem que verificar se é o momento adequado, porque a maioria dos testes rápidos medem os anticorpos, e demora um pouco do momento em que você tem contato com o vírus até a produção desses anticorpos. Por isso, tem que ter orientação.”

Ainda conforme o especialista, resultados de testes rápidos, como os de farmácia, não são diagnósticos, mas parte de um conjunto de evidências que deve ser avaliado por um profissional de saúde. Independente do resultado, medidas básicas de proteção, como o distanciamento e o uso de máscaras, não devem ser ignoradas.

Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Como e quando fazer os testes

Existem diferenças entre os testes sorológicos e o molecular. A indicação de um deles vai depender do tempo de exposição ao vírus e dos sintomas, conforme mostrou o Plural.

Enquanto o RT-PCR só é realizado em laboratórios, os sorológicos – também chamados de testes rápidos – podem ser encontrados em farmácias. Porém, só detectam os anticorpos, ou seja, não servem para quem está com o vírus ativo no organismo. O Plural fez um levantamento das farmácias que realizam testes rápidos em Curitiba e quanto custam em cada uma delas.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima