Existe amor em Curitiba?

Esse pode ser o momento ideal para descobrir uma nova face curitibana – a da solidariedade

No que depender das redes, e da internet, a resposta é sim – tem muito amor espalhado pela capital paranaense, apesar da fama de pouco simpática. Em meio à pandemia, a divulgação on-line de iniciativas de ajuda (dos mais variados tipos) tem se espalhado.

“A gente encontrou uma outra face da nossa cidade”, diz o advogado e professor, Diogo Busse – um dos cinco idealizadores do site “Existe amor em Curitiba”. O grupo de amigos é composto, também, pela gerente de marketing, Luana Lara; pelo ativista social, Lucas Kogut; pelo advogado, empresário e produtor cultural, Afro Martins Júnior; e pelo educador social e ativista político, Luan de Souza.

O projeto, lançado na última quinta-feira (19), se propõem a reunir e organizar pedidos e ofertas de ajuda. Na plataforma há um pouco de tudo: pessoas em isolamento, ansiosas e procurando auxílio para fumar menos; instituições que precisam de doações; projetos que se propõem a ajudar coletivamente outras pessoas; iniciativas individuais de auxílio – como apoio psicológico, e muitas mais.

O funcionamento é simples: quem procura ou oferece ajuda só precisa fazer um cadastramento rápido. No fim do dia, o grupo de idealizadores faz uma curadoria das ações – para garantir que fiquem on-line apenas as gratuitas – e pronto. Em dois dias de existência, o grupo registrou mais de 80 interações de ações coletivas e individuais, até pedidos de ajuda.

Para Lucas Kogut, o “Existe amor em Curitiba” é uma forma de gerar um movimento mais positivo nas redes: “Curitiba tem dois milhões de habitantes: dois milhões de talentos, dois milhões de oportunidades e pessoas incríveis que certamente têm algo a oferecer para colaborar com o próximo”, destaca o ativista.

“Há um sentimento de insegurança, essas iniciativas conseguem acalmar as pessoas. São uma luz no fim do túnel, trazem um sentimento de esperança”, relata Luana ao ressaltar que essa crise, causada pela pandemia, é algo que gerações anteriores não haviam vivido.

Nas redes

O clima incerto foi o que motivou a engenheira mecânica, de 32 anos, Johanna Morsink, a adiantar o seu próprio projeto on-line. Com um pezinho na área de moda, Johanna tinha dificuldade para encontrar informações sobre marcas locais. “Precisava ficar caçando feiras, lojas e influencers que divulgassem, mas nem sempre achava o que queria”, conta. Diante do isolamento social, na tentativa de conter o coronavírus, a ideia de reunir esse conteúdo em um único lugar ganhou força: “Vi muitas marcas se esforçando pra divulgar suas promoções porque elas não podem parar, não têm o privilégio de esperar tudo isso passar pra retomar sua atividades”, explica.

Assim nasceu o @buylocal_cwb, uma plataforma no Instagram que busca conectar marcas locais e consumidores. “Ela vai funcionar como um guia para quem quer conhecer as marcas locais”, diz Johanna ao falar da importância de fazer girar a economia local. Para ela, o incentivo ao consumo dentro da própria cidade é também um jeito de valorizar uma forma de trabalho mais justa e sustentável.

https://www.instagram.com/p/B-D6r94p6oM/?utm_source=ig_web_copy_link

Quem também tem usado o Instagram como uma plataforma para se conectar com outras pessoas é o publicitário e fotógrafo de 30 anos, Luizo Cavet. Em um período emocional mais conturbado, foi na cozinha que Luizo encontrou uma saída: “Um ato de auto carinho”, como descreve. Desde então, o publicitário tem publicado em sua conta, tutoriais das receitas que faz.

Com a quarentena voluntária, no entanto, seu foco se modificou um pouco: “Vi pessoas fazendo estoques gigantescos de enlatados e pensei ‘por quê?'”, conta. A resposta veio observando os stories dos próprios amigos, cheios de macarrão instantâneo: ficou claro que o problema maior era a falta de conhecimentos básicos sobre cozinha. As postagens passaram, então, a contemplar dicas de economia doméstica e receitas mais simples, para quem não sabe cozinhar conseguir se virar bem durante o período de quarentena.

Explicações com vídeos para ensinar cozinha básica. Foto: reprodução do Instagram

“Depois do primeiro tutorial, um amigo me mandou uma mensagem me agradecendo muito porque ele não sabia como ia se virar – não só em relação à cozinha, mas também em como manter com uma alimentação mais barata por conta da escassez de trabalho”, relembra. Mesmo com os atrasos eventuais dos almoços (que às vezes só ficam prontos às 16h), Luizo não lamenta a escolha: “Até porque tenho ganhado em retorno uma coisa linda – o sentimento de comunhão”, celebra.

“A gente busca muito informação e esse excesso nos adoece também”, reforça Diogo Busse ao falar da importância de perceber a solidariedade humana em formas tão variadas. “A gente parte sempre de um cenário de uma sociedade de excassez, que falta isso, e aquilo, e falta e falta… E a gente não olha para o outro cenário que é de abundância”, salienta Lucas ao nos lembrar que existe muito amor em Curitiba.

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