Sindicato denuncia grupo Cruzeiro do Sul por precarização do ensino na UP

Segundo o Sinpes, a empresa teria ordenando cortes com orientação científica para diminuir gastos na Universidade Positivo

O Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes) publicou uma carta aberta com uma série de denúncias que recebeu sobre o grupo educacional Cruzeiro do Sul. Segundo a entidade, a empresa vem ordenando que cortes sejam feitos a fim de diminuir gastos. Profissionais que trabalham há décadas na Universidade Positivo estão sendo demitidos e os que permanecerão no local terão seus salários reduzidos em 25%.

Na declaração, o Sinpes chamou atenção para as medidas pouco bem vistas no ambiente acadêmico que o grupo tomou para possibilitar a redução:

“A partir de 2022 quem orientava projetos de iniciação científica, por exemplo, receberá metade das horas de orientação que vinham sendo pagas, mesmo nos projetos que já estão em andamento. […] A Cruzeiro do Sul quer extinguir horas de orientação individuais para cada trabalho de fim de curso e quer transformar orientações em reuniões com várias equipes e orientandos ao mesmo tempo”, manifestaram.

Além disso, o sindicato alegou ser contraditória essa redução nos gastos visto que a Cruzeiro do Sul destina quantidades significativas de dinheiro para propaganda. Confira abaixo na íntegra a carta com as denúncias:

“Precarização na Positivo causa pânico entre docentes e alunos

19/01/2022

Não só as demissões, que são comuns ao final do ano, principalmente para aqueles docentes que ganham salários maiores, mas os cortes de horas fora de sala de aula têm causado pânico entre professoras e professores da Universidade Positivo nestas últimas semanas. Segundo denúncia recebida pelo Sinpes a ordem da Cruzeiro do Sul é uma só: cortar as horas fora de sala de todos os cursos como forma de reduzir custos. A partir de 2022 quem orientava projetos de iniciação científica, por exemplo, receberá metade das horas de orientação que vinham sendo pagas, mesmo nos projetos que já estão em andamento.

Mas a maior alteração, como aponta a denúncia encaminhada ao sindicato, será nos Trabalhos de Conclusão de Curso. A Cruzeiro do Sul quer extinguir horas de orientação individuais para cada trabalho de fim de curso e quer transformar orientações em reuniões com várias equipes e orientandos ao mesmo tempo. Será que esta aberração será aceita por estudantes? Impedir que cada estudante tenha contato individual com orientador e orientadora é algo permitido pelo MEC? Pois parece que a Cruzeiro do Sul vai arriscar.

Os cortes de horas sem justificativa desconsideram a regulamentação da matéria que se encontra em plena vigência de acordo com a Convenção Coletiva de Trabalho vigente e estão deixando docentes em desespero. Uma fonte ouvida pelo Sinpes – e que pediu para que seu nome não fosse divulgado – afirma que no curso em que atua todos os docentes terão redução linear de 25% nos salários e que não sobrará mais nenhum docente 40 horas (tempo integral) na graduação.

Outra fonte conta que entrou em contato com o Sinpes pedindo que o sindicato ajuíze uma ação coletiva. O sindicato aguarda a concretização das medidas e a identificação dos prejudicados para tomar as providências devidas em favor dos professores lesados.

Ainda segundo os denunciantes, todo dia alguma coordenadora ou coordenador de curso, além de professores com história de mais de uma década de universidade, têm sido demitidos pela Universidade Positivo.

Se por um lado a Cruzeiro do Sul corta recursos destinados a pagar trabalhadores, por outro investe em comerciais como o que está sendo veiculado no Programa Altas Horas da Rede Globo de Televisão, um investimento em imagem que é diametralmente oposto seu ao investimento em material humano.

O que sobrará desta instituição que já teve prestígio e boas avaliações depois destas ações da Cruzeiro do Sul? A torcida é que a Justiça do Trabalho atue protegendo estudantes, professores e a tradição da Universidade Positivo porque se depender da Cruzeiro do Sul, ao que parece, o único objetivo é cortar custos custe o que custar.

O Sinpes entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Cruzeiro do Sul pedindo uma nota de esclarecimento sobre as denúncias trazidas neste texto, mas até sua publicação não tinha recebido resposta.”

O Plural entrou em contato com o grupo Cruzeiro do Sul e até o fechamento desta reportagem não tinha obtido resposta. Assim que a empresa se manifestar, a informação será incluída.

Por Jully Ana Mendes sob orientação de Ricardo Marques de Medeiros

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