Seis escolas estaduais serão fechadas em 2021

Planejamento avalia número de matrículas mas enfrenta críticas pela falta de diálogo com a comunidade escolar

A Secretaria Estadual de Educação (Seed) anunciou o fechamento de quatro escolas estaduais e duas unidades do Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBEJAs) em 2021. Com a greve de fome dos professores estaduais em seu oitavo dia, a decisão foi vista pelos educadores como mais um exemplo de falha no diálogo sobre os processos educacionais paranaenses.

Segundo a pasta, os alunos dos colégios fechados serão transferidos para outras escolas, seguindo um planejamento que deve ser finalizado em dezembro. Confira abaixo as escolas selecionadas e os locais para os quais os estudantes serão remanejados: 

Colégio fechadoLocal de transferência dos alunos
Dom OrioneColégio Estadual Nilson Ribas
Conselheiro ZacariasColégio Estadual do Paraná
Amâncio MoroColégio Estadual do Paraná
Dr. Francisco Azevedo MacedoSem unidades específicas definidas
CEEBJA Dr. Luiz Losso FilhoColégio Estadual Plínio Tourinho (Colombo)
CEEBJA Poty LazzarottoColégio Estadual Tiradentes

Além disso, o Colégio Tiradentes, que vai receber os estudantes do regime de Educação para Jovens e Adultos (EJA), deixará de ser uma unidade escolar para o ensino regular. Desta forma, os estudantes que não são do CEEBJA serão redirecionados para o Colégio Estadual do Paraná em 2021.

Os critérios para a escolha de quais unidades serão ou não fechadas são observados desde 2018, de acordo com a diretora de planejamento e gestão escolar da Seed, Adriana Kampa. Entre os principais motivos estão os baixos índices de matrícula, além das condições físicas dessas escolas.

A diretora garante que o acesso à Educação para crianças, adolescentes e adultos não será prejudicado e que as unidades de transferências são muito próximas das que serão fechadas. Apesar disso, o APP- Sindicato, que representa os trabalhadores da Educação Pública do Paraná, critica o fechamento de escolas que são tradicionais na cidade.

Poucas matrículas e fim de vínculos

Um anúncio similar por parte do governo de Ratinho Jr. (PSD) ocorreu em setembro de 2019. Na época, a Seed previu o fechamento de turmas em escolas estaduais para 2020. Os anos mais afetados seriam o 6° e o 1º ano do Ensino Médio nos colégios Tiradentes (Centro), Amâncio Moro (Jardim Social) e Conselheiro Zacarias (Alto da XV). Também foi avaliado o fechamento de cinco colégios em 2019.

Mas o protesto de profissionais e comunidade escolar fez com que o governo desistisse. Agora, dois deles serão completamente fechados: Zacarias e Amâncio Moro. A diretora da Seed diz que isso ocorreu porque as escolas continuaram sob análise e a baixa procura persistiu nestas unidades.

“Nos últimos três anos, estes colégios já eram analisados, porque utilizam poucas salas de suas estruturas. E como há instituições próximas, com uma grande demanda de alunos e uma melhor infraestrutura, o remanejo é a melhor opção, além de garantir a qualidade do ensino”, garante Adriana.

É exatamente a qualidade do ensino e da articulação com a comunidade escolar que preocupa os profissionais da área. Taís Mendes, secretária educacional do APP-Sindicato, afirma que além dessa ser uma tentativa recorrente da Seed, ela não parece considerar a relação que é estabelecida entre professores, alunos e comunidade.

“O processo de vínculo pedagógico é destruído. Há uma interrupção no processo de ensino-aprendizagem, que estava sendo acompanhado naquela escola, além de uma relação mais próxima com a família, o que permite coibir situações de violência, inclusive a doméstica. É um grande prejuízo”, diz a representante sindical.

Diálogo comprometido

Apesar da decisão ter sido anunciada agora e do movimento ser recorrente no período de matrículas da Rede Estadual de Educação – entre novembro e dezembro -, profissionais da Educação dizem que a escolha dos colégios e o fechamento das unidades não foi discutida com eles.

Segundo Adriana Kampa, os Núcleos de Educação já estavam em contato com as instituições, mas o ponto central era explicar os critérios técnicos. “A escola só existe por causa do estudante, então se a procura não existe naqueles locais, isso que é observado”, diz ela. “Os alunos vão ser remanejados, os professores também, inclusive dentro da Rede na região. É preciso buscar a melhor forma de aproveitar aquele espaço público.”

Para o sindicato, no entanto, o diálogo deveria ter sido mais construtivo. “O próprio Estado atropela o processo democrático, porque essas são decisões feitas sem uma consulta à comunidade escolar; o sindicato não participa, a própria comunidade não tem voz.”

Uma das oportunidades que poderiam surgir desse diálogo, segundo os professores, seriam novas formas de renovar essas escolas e manter uma relação próxima com a comunidade, inclusive respondendo a demandas de Ensino e Cultura.

No entanto, a Seed contrapõe que a questão é técnica, que o estudo aponta para as necessidades de cada local, já que cada um tem suas próprias características e necessidades, inclusive de modalidade educacional – Educação para Jovens e Adultos, Educação Integral e Educação Regular.

Ainda assim, os professores argumentam que essas estruturas também precisam levar em conta o que a comunidade, os educadores e os estudantes desejam. “É possível fazer outras coisas. Isso não é otimização de recurso; a Educação requer investimentos. É possível, por exemplo, transformar essas escolas em regimes de período integral, há demanda para isso e quem conversa com a comunidade escolar sabe. O fechamento de escolas não resolve nenhum problema”, conclui Taís Mendes.

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1 comentário em “Seis escolas estaduais serão fechadas em 2021”

  1. José Roberto Sajnaj

    Estamos vivendo algo suspeito aqui no Colégio Ângelo Volpato em Sta felicidade,Jardim Itália.
    Sem consultar a população querem transformar o Colégio ,essa coisa de manter os alunos em tempo integral.
    Acredito que o único objetivo é fechar o Colégio pois não existe uma estrutura apropriada para tal ensino integral.
    Vai ser um semi aberto, uma cadeia,e as matérias são as mesmas e intercalados alguns assuntos como, ” objetivo de vida” ,fala a verdade,isso é matéria???
    Solicitei que me passem os livros,a literatura utilizada para tal matéria,ninguém sabia responder,claro.
    É o neoliberalismo associado a especulação imobiliária,só pode.

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