Requião disputa comando do MDB para viabilizar candidatura ao governo

Ex-governador promete deixar MDB se não avançar nas convenções do partido

O ex-governador e ex-senador pelo Paraná Roberto Requião confirmou nesta terça-feira (20) uma chapa para disputar a direção da executiva estadual do MDB. O lançamento da “Sempre MDB” não é só para o comando interno da legenda, mas também para viabilizar a candidatura de Requião para o governo do Paraná. Se não conseguir avançar na convenção, marcada para o próximo dia 31, ele afirmou que deixará a legenda.

Por isso, o resultado da eleição interna do MDB deverá ser o primeiro esboço da corrida ao Palácio Iguaçu de 2022. Os votos dos filiados também podem mexer no desenho da política paranaense. Ao Plural, Requião confirmou que vem flertando com várias siglas caso tenha que deixar o partido, embora, extraoficialmente, a escolha final deva ficar entre o PDT e o PSB.

“Nós estamos fazendo uma chapa que, na verdade, é uma antecipação da convenção da escolha dos candidatos. Eu quero saber se tenho espaço nisso para o velho PMDB. Então eu me coloco já como pré-candidato para saber se isso é possível dentro do PMDB ou se PMDB acabou”, disse o político. “Podemos tratar como uma pré-convenção para saber se o partido ainda está com a nossa visão de Estado. Se não estiver, eu vou embora”.

Mesmo com representatividade encolhida, o MDB continua sendo o partido com mais vínculo eleitoral do Paraná –  o que explica a importância das decisões tomadas pela legenda. Dados mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de maio, mostram 155.266 filiados à sigla no estado, quase cinco vezes mais do que registrado pelo PSD de Ratinho Jr., que já tem praticamente garantido o apoio de uma das frentes de atuação parlamentar do MDB paranaense para 2022.

A situação só agrava o clima de “traição”, por um lado, e “vitimismo”, por outro, que vem crescendo na legenda, cuja direção partidária era para ter sido definida em fevereiro. O processo, no entanto, foi barrado pela Justiça Eleitoral e, desde então, a legenda vem sendo conduzida por uma comissão provisória formada pelos deputados federais Sergio Souza e Frangão, e pelos deputados estaduais Anibelli Neto e Requião Filho.

Tanto Souza, que hoje preside a bancada do agronegócio na Câmara Federal, quanto Anibelli Neto deverão concorrer com chapas próprias na convenção do fim do mês. Pelas afinidades políticas, no entanto, é possível presumir que qualquer um dos dois à frente da presidência do MDB do Paraná deva encaminhar o partido para uma ação de apoio à reeleição de Ratinho Jr., implicando numa ausência de candidatos ao Executivo estadual pelo partido no ano que vem.

Oposição

Os boatos sobre a saída de Requião do MDB não são recentes e já vinham circulando desde 2016, quando o racha interno da sigla ficou mais evidente. Os rumores aumentaram ainda mais quando, em 2018, o político não conseguiu reeleição no Senado e ficou sem cargo público.

No fim de maio, Requião usou suas redes sociais para postar uma enquete perguntando aos internautas se ele deveria novamente disputar algum pleito. Desde então, retomou as tratativas junto a possíveis eleitores, com promessas de reorganizar MDB e retomar programas da sua gestão como governador do Paraná entre 1991 e 1991; 2003 e 2010.

Mesmo em outros partidos, a disputa não deve ser fácil. Além do fracasso nas eleições de 2018, Requião tem se mostrado crítico ferrenho do governo de Jair Bolsonaro, o que pode afastar de cara uma parcela expressiva dos eleitores paranaenses. Some-se a isso a boa recepção dada às ações do atual governador. Em dezembro do ano passado, a aprovação de Ratinho Jr. chegou a bater 77,2%, conforme sondagem do Instituto Paraná Pesquisas.

Independente de onde esteja no próximo ano, o ex-governador afirma que Ratinho Jr. não deverá ter, contudo, uma reeleição fácil. “Nós faremos uma gerigonça, uma grande composição de oposição”, adiantou.

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