Policiais acampados desde março em frente ao Palácio Iguaçu receberam ordem judicial para deixar o local, sob pena de, se não cumprirem, serem retirados a força por colegas da corporação. A determinação da Justiça acata pedido de reintegração de posse feito pelo governo do Paraná. A equipe de Ratinho Jr. alega que a permanência pode prejudicar a realização da Marcha para Jesus, neste sábado (21), evento do qual vai participar o presidente Jair Bolsonaro.
A ação foi movida pelo estado na terça-feira (17), mesmo dia em que o deputado paranaense Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, anunciou a vinda do chefe do Executivo Federal à capital paranaense. Na agenda oficial do presidente, contudo, ainda não consta o compromisso.
O evento deve ter matiz de campanha, já que Bolsonaro vai estar frente a frente com uma de suas principais franjas eleitorais, os evangélicos. Curiosamente, policiais e agentes agora despejados também tiveram desempenho na campanha do capitão no pleito passado.
Um grupo de acampados chegou a entrar com recurso para barrar o cumprimento da decisão, mas não foi atendido. Assim, segue valendo a ordem de desocupação imediata do local, tomado pelos policiais como protesto contra as condições de trabalho e salário.
Um dos porta-vozes da manifestação, cabo Luz, informou que o processo inicial foi direcionado a policiais civis do acampamento, e que, por isso, servidores da Saúde e agentes da PM que também estão no local se recusaram a assinar o mandado entregue pelo oficial de Justiça. No entanto, a equipe do Plural não localizou policiais civis no espaço ocupado.
O grupo disse estar no aguardo da análise de outro recurso ajuizado no plantão judiciário, e só depois disso é que vai decidir o rumo da manifestação.
“O Ratinho não quer que a gente mostre para o presidente Bolsonaro o que está acontecendo aqui no estado. É certeza que ele não quer que o presidente veja a gente amanhã aqui”, aposta Cabo Luz sobre a motivação do pedido.
Como justificativa para a ação, o estado afirmou que milhares de pessoas estarão presentes no ato, inclusive idosos e crianças, e que a presença dos acampados poderia prejudicar a realização. Ainda, alegou que os ocupantes estariam depredando o patrimônio público, ou seja, que existiria risco de dano e probabilidade do direito.
A Justiça deferiu, inclusive, que as barracas e os pertences sejam retirados do Centro Cívico em até 4 horas a partir da assinatura de recebida a intimação.
Apesar da possibilidade de remoção coercitiva dos acampados, o clima no fim da tarde desta sexta-feira (20) era tranquilo em frete à sede do governo, onde já foi montada a estrutura para a Marcha.