Radares que Bolsonaro quer eliminar por “prazer” salvam milhares de vidas

Excesso de velocidade vitima entre duas a três pessoas por dias nas estradas

Mais de 88 mil pessoas perderam a vida nas estradas federais brasileiras desde 2007. Cerca de 12% dos óbitos, de acordo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram decorrência de excesso de velocidade. Os dados, que apontam a trágica realidade na estradas do país, no entanto, não são suficientes para sensibilizar a opinião do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

No domingo, Bolsonaro defendeu no programa de Silvio Santos a eliminação dos radares das estradas, sob o argumento de que o brasileiro volte a ter “o prazer em dirigir”. O que o presidente chama de “prazer”, ocasiona a morte de 19 pessoas em média ao dia.

No programa dominical em rede nacional, Bolsonaro deu a entender que em vez de garantir a segurança nas estradas, os radares causam “mais acidente, até. E arrecadam por ano bilhões disso no Brasil. É dinheiro que você tira do povo. Quando você tira do caminhoneiro, ele bota no frete isso. Aumenta o produto na prateleira frete”.

Os dados do próprio governo, no entanto, apontam para outro lado. Cerca de 90% dos 265 radares fixos ativos da PRF, que atualmente cobrem cerca de 560 faixas, iniciaram atividade entre janeiro e outubro de 2015, conforme planilha disponibilizada pelo órgão via Lei de Acesso à Informação. É justamente neste intervalo que o número de mortes nas estradas federais cai 22%, reduzindo de 8,2 mil óbitos em 2014 para 6,3 mil em 2016.

No Paraná, a redução de mortes nas estradas tendo como marco temporal a instalação dos radares segue a mesma proporção. Na BR 116 foram instalados sete radares entre janeiro e junho de 2015. Um ano antes, o número de óbitos na estrada registrado pela PRF foi de 89 pessoas. Em 2016 esse número caiu cerca de 40%, reduzindo para 52 mortes na mesma estrada entre os trechos dos radares. Na BR 376, foram cinco radares instalados em agosto de 2015.

Em 2014, cerca de 170 pessoas perderam a vida em decorrência de acidente de trânsito na rodovia. Em 2016, foram 139, ou seja, quase 20% a menos. Nas outras estradas federais do Paraná, apesar de apresentar uma queda no número de mortes, o porcentual foi bem menor que nos trechos com radares, cerca de 10% de redução entre 2014 e 2016.

Na contramão dos resultados efetivos nas estradas, o governo federal, como confirmado pelo presidente na entrevista, trabalha para retirar os radares. Antes de anunciar em cadeia nacional que “as rodovias federais que têm radares instalados, quando expirar o prazo do contrato, não vamos renovar”, Bolsonaro já tinha determinado que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) suspendesse a instalação de cerca de oito mil radares eletrônicos que estavam previstos para as estradas federais.  

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