Professores anunciam greve contra aulas presenciais

Educadores exigem duas doses da vacina contra Covid antes de receber alunos em salas lotadas. Gestão de Ratinho pretende retomar as aulas na próxima semana

A volta às aulas presenciais nas escolas estaduais do Paraná não deve ser tão fácil quanto anunciou nesta terça-feira (4) o governador Ratinho Jr. (PSD). Os professores da Rede Pública Estadual garantem que não voltam para as salas antes de receber as duas doses da vacina contra a Covid-19, nem que para isso tenham que deflagrar greve.

A informação foi dada pela APP-Sindicato, que representa os 120 mil profissionais da Educação no Paraná. Segundo a entidade, a categoria não recebeu equipamentos adequados para garantir a segurança dos trabalhadores e muitas escolas ainda estão sem internet, o que inviabiliza a transmissão ao vivo das aulas, proposta pelo governo no modelo híbrido.

Os educadores lembram que Ratinho Jr. prometeu só retomar as aulas com a vacinação dos professores, o que não aconteceu. Mesmo com a garantia de que 32 mil doses serão dispensadas para estes profissionais, eles ressaltam que são necessárias as duas aplicações antes da imunização e retorno presencial.

Além disso, os professores destacam que não há condições estruturais nas escolas para o retorno de 100% dos alunos, nem profissionais suficientes para atendê-los. “O governo demitiu, na última sexta-feira (30), cerca de oito mil funcionários”, aponta a entidade.

O sindicato afirma não haver tendência de queda nos números da pandemia – que segue com 92,5% dos leitos de UTI Covid pelo SUS ocupados em Curitiba – assim como a probabilidade do surgimento de novas variantes do coronavírus, ainda mais resistentes.

“O caminho, segundo especialistas, é um lockdown de pelo menos 21 dias e aceleração do ritmo da vacinação. Queremos o retorno das atividades presenciais e o retorno à normalidade, mas tem que acontecer com vacina para todos e segurança sanitária. No momento, não há estas condições.”

Pesquisa hackeada e ameaças

Dados que asseguram esta informação foram solicitados pela APP-Sindicato ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), ligado à Fiocruz, e serão apresentados nesta quarta-feira (4) em coletiva de Imprensa.

O estudo foi realizado pelo cientista Lucas Ferrante, que apresentou dados semelhantes para Curitiba, em março. Agora, ele teve seu computador invadido por hackers e todo seu trabalho apagado, além de sofrer ameaças sobre a divulgação das pesquisas. “Por sorte tenho tudo salvo em mais de um backup, mas é muito estranho e assustador que isso aconteça às vésperas da divulgação de um laudo tão importante para o Paraná”, diz o pesquisador.

“Vacinar educadores e convocar aulas presenciais irá manter a pandemia ativa. Mesmo os imunizados podem contrair, de forma branda, e transmitir a doença. Se só professores e funcionários forem vacinados com a dupla dosagem a pandemia não estará controlada nas escolas”, afirma Ferrante. “Se convocarmos as aulas iremos fatalmente aumentar a disseminação e até forçar o surgimento de cepas ainda mais resistentes e letais.”

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1 comentário em “Professores anunciam greve contra aulas presenciais”

  1. Eu como pai compartilho muito das preocupacoes dos professores e professoras que sao principalmente, falta de imunizacao complete (i.e., duas doses da vacina) e salas de aula lotadas. Particularmente, eu acredito que o último problema poderia, sim, ser parcialmente resolvido priorizado a volta àss aulas da educacao básica (primeiras séries do ensino fundamental 1) que incluir a faixa etária mais sensivel ao prejuízos da educacao presencial. Sala de aulas na educacao básica poderia ser dividida em pequenos grupos, e outros professores e professoras do ensino fundamental 2 poderia auxiliar neste trabalho dentro de suas competências. Em relacao ao estudo do INPE/Fiocruz, é bom lembrar que estudos científicas geralmente abordam questoes bem específicas e, sim podem trazer um alertada, mas nao cobre todas as questoes. Acho difícil este estudo apontar que volta às aulas podem levar um agravamente da pandemia já que estes dados (casos de covid adquirido em salas de aulas) estao ausentes. De qualquer modo, todos precisamos assumir um compromisso para que a educacao das criancas nao seja ainda mais prejudicada.

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