Professor de filosofia é espancado durante assalto no Largo da Ordem

Aguinaldo de Almeida teria sido agredido por três homens, que levaram a sua mochila e a bicicleta e o agrediram

O professor de filosofia Aguinaldo Cavalheiro de Almeida, o Guiga, está internado no hospital Cajuru, em Curitiba, após ser agredido no Largo da Ordem, no sábado (12). Ele foi vítima de roubo, segundo apurou o Plural.

Guiga foi socorrido pelo Siate, às 14h55, na rua Mateus Leme com “ferimentos moderados”: trauma em face e sangramento, segundo os bombeiros. Ele foi levado para o Cajuru, passou por cirurgia e se recupera na Unidade de Terapia Intensiva.

O educador não tem familiares em Curitiba. A mãe dele deveria chegar à capital nesta segunda-feira (14) para acompanhar o filho. O protocolo de privacidade impede que o hospital repasse outras informações sobre o estado de saúde do paciente.

As equipes do 1.º Grupamento de Bombeiros fizeram o atendimento. A pessoa que entrou em contato com os socorristas no dia das agressões falou com o Plural por telefone. O nome não será divulgado. Guiga caminhou até a testemunha pediu ajuda. “Ele disse que três homens derrubaram ele [sic], bateram, levaram a mochila e a bicicleta. Ele chegou aqui sangrando bastante, aí chamamos o Siate. Mas não liguei para a polícia porque ele já estava indo para o hospital.”

A Guarda Municipal (GM) e a Polícia Civil (PC) não têm registros do crime porque, segundo ambas, não foram acionadas. Nestes casos, o procedimento habitual é que o hospital faça a comunicação aos órgãos de segurança.

Muito querido

Guiga é professor do Instituto de Educação do Paraná e muito querido pelos colegas de trabalho.

Membro ativo da APP-Sindicato, o educador chegou a ser candidato a deputado estadual pelo PSol em 2014. O diretório municipal do partido lamentou o ocorrido.

De acordo com a professora Marlei Fernandes, colega de Guiga, nenhum boletim de ocorrência foi registrado pelos amigos. Isso deve ser feito pela família na terça-feira (15). “Não sabemos o que aconteceu. Se tem câmeras no local, quem foi e porque fez isso. Mas queremos Justiça e que essas pessoas sejam responsabilizadas pelos atos”.

“É um professor que tem uma luz incrível, um homem que tem amor pela vida, não é agressivo, ele é um boêmio, um filósofo. Eu quero mostrar a minha indignação, porque isso não se faz com nenhum ser humano, foi um espancamento bárbaro”, lamenta o professor de língua inglesa Augusto Martins.

“Como a Guarda Municipal, a polícia, ninguém foi até o local? Havia viaturas de polícia em todos os quadrantes do Largo da Ordem no sábado (12), eu saí de carro com os meus filhos e vi. Têm câmeras na cidade, como a Guarda não viu? Isso para mim é se eximir da responsabilidade.”

O sindicato dos professores repudiou as agressões ao educador. “A direção do Núcleo Sindical Curitiba Norte vem a público demonstrar o seu repúdio a mais um caso de violência física ocorrida na cidade de Curitiba. A vítima foi o professor de filosofia da rede estadual, Aguinaldo Timóteo Cavalheiro de Almeida. O professor Aguinaldo encontra-se hospitalizado em situação grave.  Defendemos que não é possível nos depararmos com situações crescente de violência em nossa cidade e naturalizarmos a barbárie. É fundamental que os órgãos de segurança pública do município e do estado investiguem o caso. Basta de violência.”

Por enquanto não há como apontar quem seriam os agressores. A expectativa é de que a investigação comece após o registro do boletim de ocorrência que a mãe da vítima pretende fazer.

Histórico

Ocorrências policiais são registradas frequentemente no Largo da Ordem. Há seis meses o jovem Mateus Noga morreu após ter sido baleado por um guarda municipal. De acordo com a GM havia uma confusão generalizada nas imediações da Igreja do Rosário e durante a dispersão, Noga foi atingido nas costas. O caso ainda está aberto.

Embora não tenham ocorrido oficialmente festas de carnaval em Curitiba, no último 28 de fevereiro a Polícia Militar (PM) dispersou foliões com gás lacrimogênio. De acordo com a corporação ocorreu uma briga entre os frequentadores do local, mas ninguém foi preso.

Um pouco antes, no começo do mês, um protesto antirracista ocorrido em frente à Igreja dos Pretos terminou manifestantes dentro do templo e pode levar à cassação do vereador Renato Freitas (PT), que participou do ato.

Sindicato repudiou as agressões ao professor

Sobre o/a autor/a

4 comentários em “Professor de filosofia é espancado durante assalto no Largo da Ordem”

  1. Agnaldo é um velho conhecido. Foi uma das vozes da extinta Radio Comunitária Navegar em Maringa-PR, tornando-se depois locutor e apresentador da Rádio da UEM! Pessoa de caráter ilibado, algum ser humano ímpar! Que essa barbárie não se repita nunca mais com nenhum ser, e que os responsáveis sejam identificados e punidos!

  2. Pois é. Tem que dar respostas. Tudo muito estranho. Sabemos que tem várias viaturas da Guarda Municipal e, também, câmeras. Exigimos a verdade, seja ela qual for.

  3. Até quando vamos aceitar a violência como coisa normal, corriqueira?
    Quanto mais precisaremos para ir às ruas ?
    Também é uma autocrítica !
    Triste demais com o ocorrido !
    Guiga é companheiro de lutas na Educação e professor dos meus filhos, no Instituto de Educação e no CEP !!!

  4. Espancamento próximo ao largo e a polícia não viu nada…. Qual a novidade??
    Investigações que não darão em nada…. Qual a novidade?
    Zero comentários por aqui pq afinal as pessoas tem mais o que fazer no zapzap da vida…. Qual a novidade?
    Pois é…..

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