O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou nesta semana que vem revertendo a tendência de queda na emissão da primeira via do titulo eleitoral para jovens. De acordo com o Tribunal, do início do ano até o dia 21 de março, 854.685 jovens de 15 a 18 anos já haviam solicitado a emissão do documento e estão aptos a votar em outubro. Em uma semana, foram 96.425 mil novos títulos. Quem completar 16 anos até o dia 2 de outubro também pode tirar a primeira via.
O ano começou com a maior queda já registrada entre os jovens de 16 e 17 anos que procuram o título desde 1989, primeiro ano em que essa faixa etária foi às urnas. Em dez anos, a quantidade de eleitores com menos de 18 anos no Brasil caiu 55%, de 1.854.183, em fevereiro de 2012, para 834.986, em fevereiro deste ano. No Paraná, a queda foi ainda maior no período: 64% em dez anos.
O dado divulgado pelo TSE nesta semana leva em conta todos os primeiros títulos emitidos, inclusive para jovens de 18 anos que não haviam solicitado o documento anteriormente. No ano passado foram emitidos 1.568.693 documentos e em 2020 foram 1.362.200. A maior procura foi registrada em 2012, quando 4.049.240 pessoas entre 15 e 18 anos puderam votar pela primeira vez.
Um fator que pode ter contribuído para a melhora é o envolvimento de artistas em uma campanha para incentivar os jovens a tirarem a primeira via do título. Entre 14 e 18 de março, o TSE promoveu a Semana do Jovem Eleitor de 2022, com apoio de artistas e influenciadores digitais, que participaram de um tuitaço organizado pelo perfil do Tribunal no Twitter. Em uma semana, de acordo com o TSE, 96.425 novos títulos foram emitidos.
Artistas como a cantora Anitta, as atrizes Taís Araújo e Bruna Marquezine e o ator Mark Ruffalo, o Hulk de Os Vingadores, aderiram à campanha e compartilharam apelos, em seus perfis no Twitter, para os jovens tirarem o primeiro título de eleitor.
Os discursos de artistas durante o festival Lollapalooza, no último fim de semana, também poderá levar a um aumento no número de emissões. A cantora Anitta e o vocalista do Planet Hemp, Marcelo D2, fizeram discursos contra o presidente Jair Bolsonaro e pediram para os jovens votarem em outubro. “A gente tem uma oportunidade de novo para mudar essa porra. Vocês que são mais jovens têm que votar”, disse Marcelo D2, recomendando para o público se afastar do WhatsApp quando quiser se informar sobre política.
Sem medo de cancelamento
Para cientistas políticos ouvidos pelo Plural na semana passada, entre os motivos para o afastamento dos jovens na última década estão os casos de corrupção, as novas formas de organização (como os movimentos que surgiram com a perda de força dos partidos), as redes sociais e o medo de ser “cancelado” por emitir opiniões políticas.
“Se você tem medo de dar a sua opinião, no meu ver você não possui uma opinião tão concreta. Pesquise primeiro e depois, quando estiver ciente do que está falando, não terá porque ter medo de mostrar a sua opinião. Só não seja desrespeitoso com os outros”, disse ao Plural o estudante Inácio Macedo, de 17 anos, que tirou o título de eleitor neste ano.
Inácio disse perceber que amigos e colegas consideram a política como algo muito complexo. “Eles não querem se envolver em algo tão complexo e muitas vezes acham chato, mas não percebem que, não fazendo o título, perdem a oportunidade de votar em uma pessoa que possa representá-los e comandar o país de uma forma que os agrade.”
A também estudante Amanda Marques pretende fazer o título ainda neste ano. “Eu acho muito importante os adolescentes participarem da política desde cedo, porque são as nossas ações de agora que vão influenciar o nosso futuro, além de inspirar as próximas gerações”, disse a jovem de 17 anos. Para ela, a falta de representatividade dos jovens na vida política também afasta esse público. “Talvez os jovens participem pouco pelo fato de acharem política um ‘tema de adulto’, ou um assunto chato. E também pelo fato de ter pouca representatividade jovem no ambiente político.”
Já a estudante Victoria Barbosa vai esperar para tirar o título quando completar 18 anos. Ela disse não se interessar por política, mas não vê problema na obrigatoriedade do voto e acha importante as pessoas votarem. “Assim como eu, muitos não se interessam por política, mas ter o poder de escolha é muito importante. Mesmo não estando 100% ligados na política, temos que ter um conhecimento básico.”
Pela internet
Desde 2020 é possível fazer a emissão do título pela internet, por meio do sistema TítuloNet, utilizando computador, tablet ou celular. É só acessar o sistema, selecionar a opção “não tenho” na guia “Título de eleitor” e preencher os campos indicados com dados pessoais, como nome completo, e-mail, número do RG e local de nascimento.
Além dessas informações, é preciso anexar pelo menos quatro fotografias ao requerimento para comprovação da identidade. A primeira delas é uma fotografia (selfie) segurando um documento oficial de identificação. As duas seguintes são da própria documentação utilizada para comprovar a identificação da primeira foto.
Por fim, é necessário juntar um comprovante de residência. A solicitação pode ser feita por pessoas de qualquer idade. Homens com idade entre 18 e 45 anos devem enviar ainda o comprovante de quitação com o serviço militar. As imagens devem estar totalmente legíveis. O pedido pode ser acompanhado pela internet, na guia “Acompanhar Requerimento”, com o número do protocolo gerado na primeira fase do atendimento.
Sobre o/a autor/a
Dei a ótima notícia ao meu filho. Ele tem quinze anos e completa 16 no ínicio de setembro. Ele queria participar do porcesso eleitoral, mas achou que só poderia se aniversáriasse até o inicio de maio. Amanhã creio que estará tudo feito e teremos mais um adolescente exercendo o direito de escolher os seus representantes.