“A taxa de transmissão [do coronavírus] pode estar subnotificada pois há uma redução no volume de exames de 25%. Pensamos que algumas pessoas estão deixando de fazer o teste”, disse o secretário estadual da Saúde do Paraná, Beto Preto, durante entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (19).
Questionado, ele não deu mais detalhes sobre o assunto, mas lembrou que “estamos num momento muito crítico. Ontem (18), 42% dos testes RT-PCR no Paraná foram positivos, na Capital 46%. Isso quer dizer que o vírus está circulando, em transmissão comunitária”.
“Quando a carga viral da infecção é maior, há uma prevalência da cepa P1 amazônica brasileira. Temos no Paraná a P1 muito forte e a P2”, ressaltou, referindo-se às variantes já detectadas do vírus no Estado.
Sem lockdown
Apesar de bater recordes constantes no número de casos e mortes por Covid-19, Beto Preto afirma que os números não cresceram na última semana. “Estamos equilibrados, mas num patamar muito alto. Para que não tenhamos uma nova explosão de casos, e possamos baixar a curva, é que estamos trabalhando com medicas restritivas, que não é lockdown, o que proibiria todas atividades que não estejam ligadas à subsistência das pessoas.”
Sem lockdown, o Paraná tenta barrar o avanço assustador da Covid-19, que já é responsável por 100% da lotação nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba e nos hospitais das Redes Pública e Privada da Capital, onde também faltam leitos, respiradores e medicamentos para intubação – problema que se estende por todo Paraná.
“Dependemos do Ministério da Saúde nos atender e também de doações, redução e escassez de medicamentos para intubação. Temos feito todo o possível, fazendo buscas até no exterior, visto que há a tendência da Anvisa liberar, e seguimos trabalhando pra suprir o que for possível.”
Estoques no fim
Beto Preto confirmou que os estoques de medicamento para intubação na Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) só duram até este sábado (20). “O Ministério da Saúde ficou de fazer repasse, mas não sei se vai conseguir fazer. (…) Agora, porque nosso estoque está assim não quer dizer que os hospitais também estão, mas estão entrando no vermelho”, alertou.
O secretário destacou que “40% dos pacientes que vão pra UTI não estão voltando” e que por isso medidas mais rígidas contra a doença se fazem necessárias, como o decreto que fecha comércio e atividades não essenciais em 11 municípios da Região Metropolitana de Curitiba.
Falta de leitos
A falta de leitos é outro problema real, mas Beto Preto adianta que a ampliação está prevista. “Se depender de equipamentos, nossa capacidade de ampliação é de 200 leitos.”
Mesmo com uma fila de mais de mil pacientes na espera por uma vaga, o secretário garante que “ninguém está desassistido, porque em algum leito de hospital esse paciente está acolhido, nem que seja no transporte do SAMU. Agora, se o número continuar subindo vai ser difícil controlar, por isso a necessidade de apertar [as medidas restritivas]”.
Sobre o/a autor/a
Conheço ao menos três pessoas que fizeram teste COVID em Curitiba a mais de 12 dias, e até agora não receberam o resultado. Problema do sistema, com sobrecarga, ou resultados mascarados?