PM observa dono de bar agredir suspeito e o ameaçar de morte

Confusão começou com a tentativa de furto do toldo do bar, em Curitiba

“Eu vou te matar, entendeu? Você quer que eu coloque a arma na tua boca?”, grita o proprietário de um bar, no bairro São Francisco, em Curitiba. As imagens foram gravadas pelos vizinhos, na madrugada de sábado (8). As ameaças, acompanhadas de agressões físicas, são contra um homem que teria tentado furtar o toldo do estabelecimento.

Em seguida, o empresário se dirige a um carro e volta com o que parece ser uma arma. “Você quer que eu meta a arma na tua cara, seu vagabundo? (…) Se eu te pegar na redondeza, aqui, piá, eu vou acabar com a tua vida. Escutou?”, diz. Três policiais assistem à cena sem fazer nada. 

Veja no vídeo:

Confusão foi na Alameda Cabral, no bairro São Francisco, em Curitiba. Vídeo: Plural.jor

O barulho acordou os vizinhos, que viram boa parte do ocorrido. Segundo um deles, o rapaz estava tentando roubar a lona do toldo e alguém chamou a polícia. “Chegou uma viatura e o colocou na parede. Depois veio uma segunda viatura. Eram, ao todo, quatro policiais militares, sendo que três deles estavam sem máscara. O suspeito não estava armado. Dali a pouco chegou um dos donos do bar e já desceu do carro agredindo o cara.”

O vizinho diz que o suspeito foi liberado sob ameaças do proprietário. Depois disso, policiais e empresários seguiram “batendo papo” na calçada. “Os policiais disseram, inclusive, que ligaram para o dono do bar assim que chegaram para atender a ocorrência”, afirma.

Análise das imagens

A reportagem encaminhou os três vídeos que recebeu para a advogada criminalista Juliana Bertholdi, especialista em Direito Público e professora de Processo Penal. Ela fez uma análise técnica preliminar das imagens.

“Ao presenciarem passivamente agressões físicas, agressões verbais e ameaças promovidas pelo indivíduo de jaqueta escura e calças claras – condutas estas que são crimes – os policiais militares agem em desacordo com o múnus público de sua função, sendo que a omissão pode ensejar investigação pelo delito de prevaricação, previsto no art. 319 do Código Penal Militar”, diz a especialista.

“O sujeito de jaqueta escura, por sua vez, ao desferir golpes em face do homem de blusa vermelha, possivelmente comete os delitos de lesão corporal ou de vias de fato (artigo 21 do Decreto Lei 3.688/41). Identifica-se, ainda, a possibilidade de crimes contra a honra, com as diversas ofensas proferidas. Finalmente, parece presente o delito de ameaça (art. 147, CP), nas expressões ‘se você aparecer aqui de novo eu vou te matar (…) você quer que eu coloque arma na tua boca (…)’ e ‘vou acabar com a tua vida’”, finaliza.

“No calor da emoção”

Vando é gerente do estabelecimento e também esteve no local, na noite do ocorrido. Segundo ele, quem confrontou o suspeito foi o dono do bar. “Por volta das 3h da manhã, nossos alarmes e sistemas de câmera dispararam. Nós nos deslocamos para o bar pra ver o que estava acontecendo e, chegando no local, a Polícia Militar estava com o rapaz que estava efetuando o furto”, diz.

Ele argumenta que o proprietário perdeu a cabeça. “Ele ficou nervoso porque já é a terceira vez que nos roubam nessa quarentena. O bar está fechado desde março, não foi demitido nenhum funcionário. Ele acabou ficando nervoso na hora e falou algumas coisas no calor da emoção. Lamentamos o ocorrido. Infelizmente, está difícil pra todo mundo nessa pandemia. Quando acontece de alguém lhe furtar algo que você suou muito para conseguir, você acaba agindo com a emoção e se exaltando.”

“Ele foi advertido”

Em nota, a Polícia Militar diz que uma equipe do 12º Batalhão foi acionada para atender um caso de furto qualificado na rua Alameda Cabral, por volta de 3h30 de sábado (8). “No local, a equipe da PM abordou um homem, de 37 anos, o qual tinha danificado o toldo e amassado a porta do estabelecimento.”

Segundo o Boletim de Ocorrência, “durante o atendimento, um homem, de 52 anos, que se intitulou proprietário do local, chegou e proferiu xingamentos e agressões ao suspeito. Ele foi advertido pelos policiais duas vezes para cessar as ameaças”.

A PM afirma que “o rapaz agredido não quis representar contra o homem, e este também não representou por conta do dano ao seu comércio. Diante disso, ambos foram liberados no local”.

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