Plantão 24h e apelo marcam tentativa de abertura de mais leitos

Leitos sob administração do Hospital do Idoso praticamente triplicaram; ocupação em Curitiba excede 90% há semanas

A ativação de mais leitos de UTI e clínicos exclusivos para Covid-19 está se mostrando um grande desafio nessa segunda onda de casos da doença em Curitiba. Nesta sexta, dia 11 de dezembro, a Fundação Estatal de Atenção à Saúde (FEAS) anunciou que irá aceitar plantões de 24 por 48 horas para médicos nas unidades de terapia intensiva que gerencia.

A instituição também reforçou o apelo para contratação de mais profissionais (médicos, médicos intensivistas, enfermeiros e técnicos em enfermagem).

É mais uma tentativa de garantir pessoal suficiente para atender os leitos que precisam ser ativados. Nesta sexta, a Regulação de Curitiba e Região Metropolitana tinha uma fila de 110 pacientes aguardando leito, dos quais 36 de UTI e 74 de enfermaria. Pacientes da Capital e arredores estão sendo transferidos para hospitais do Interior.

Essa fila não é reflexo da falta de abertura de leitos. Desde 6 de novembro, a Secretaria Municipal de Saúde ativou 84 leitos de UTI e outros 185 leitos clínicos. Esse total excede o de 84 UTIs e 117 leitos de enfermaria abertos entre 8 de julho e 22 de agosto, quando a cidade enfrentou seu primeiro pico da Covid-19.

FEAS sob pressão

Infográfico: Pluaral.jor

O custo para a cidade, no entanto, tem sido maior. A escassez de pessoal qualificado fez a SMS remanejar o atendimento em Unidades Básicas para reforçar as equipes das UPAs, sobrecarregadas pelo aumento dos casos e pelo fechamento de duas unidades, transformadas em hospitais com leitos clínicos.

Outra diferença é que, ao contrário da situação em julho e agosto, desta vez o fardo de criar e manter leitos Covid-19 está pesadamente nas costas da Fundação Estatal. Mais especificamente no Hospital do Idoso, que concentra a responsabilidade por 238 dos 532 leitos clínicos Covid-19 da cidade (45%). No primeiro pico, a instituição detinha o controle de apenas 22% dos leitos clínicos.

O aumento da responsabilidade da FEAS foi causado pela transformação de duas UPAs em leitos clínicos, mas agravado pela reabertura do Hospital Victor Ferreira do Amaral, desta vez como unidade exclusiva Covid-19. Como maternidade, o hospital era gerenciado pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Mas na reabertura, o Plural apurou que o HC não quis voltar a administrar a unidade. Sobrou para a FEAS, que antes da pandemia gerenciava apenas 22 leitos de UTI, no Hospital do Idoso, que tinha em janeiro de 2020 cerca de 119 leitos.

Ainda no primeiro semestre de 2020, a FEAS assumiu, por meio do Hospital do Idoso, a administração do Hospital Vitória, na Cidade Industrial (CIC). Agora, também está administrando o Hospital Victor do Amaral e as duas UPAs transformadas em leitos clínicos (Fazendinha e Boqueirão).

Infográfico: Plural.jor

Segundo a entidade, o total de UTIs Covid-19 deve chegar a 106. Nesta sexta (11), são já 90 leitos de UTI ativos da FEAS. Mais os 238 leitos clínicos, num total de 328 vagas, quase o triplo do número original de leitos do hospital.

Índice crítico

Apesar do esforço da FEAS para habilitar novos leitos, um dos sinais da dificuldade de contratação de equipes para atendê-los é o que aconteceu com o Victor do Amaral. A unidade foi anunciada no dia 3 de dezembro, pelo prefeito Rafael Greca e a secretária da Saúde, Márcia Huçulak.

Os primeiros leitos, no entanto, só foram ativados cinco dias depois, diferente de outras unidades criadas pela prefeitura.

E mesmo com a abertura intensa de novos leitos, há 17 dias Curitiba não vê a ocupação de UTIs baixar de 90%, um índice crítico segundo a documentação técnica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde.

Como o Plural já noticiou, a fila para leitos não é única, e nem todo leito pode atender às necessidades de um paciente. Quanto menos leitos disponíveis, mais difícil de conseguir um para pacientes críticos.

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