Pela primeira vez em 30 anos, Conselho Estadual de Educação fica sem representante dos professores

Decisão foi criticada pela APP-Sindicato que busca revisão da nomeação de conselheiros

Pela primeira vez desde 1991, os professores e funcionários da rede pública de ensino não terão representante no Conselho Estadual de Educação do Paraná (CEE). A decisão foi tomada pelo governo do estado na manhã desta sexta-feira (22).

O Conselho, órgão responsável por estabelecer normas regulamentadoras do sistema de educação do Paraná, é formado por 19 pessoas que representam os diversos graus do ensino e do magistério. A cada seis anos, novos conselheiros são nomeados pelo governador do estado, que os escolhe com base em indicações feitas pelos sindicatos, gabinetes e secretarias da educação.

Dessa vez, no entanto, nenhum representante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) foi escolhido, o que significa que a categoria ficará sem representatividade no CEE até 2027. Segundo Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato – entidade que representa mais de 100 mil pessoas entre professores e funcionários de instituições de ensino -, a representação do sindicato foi substituída pela indicação feita pelo senador Flávio Arns, que foi acatada pelo governador Ratinho Jr.

“O efeito da ausência da APP no Conselho é desastroso. Ter um vazio da voz da escola pública dentro dessa câmara tão importante é você amputar a voz de todos os trabalhadores da rede estadual”, afirma Hermes.

Foto: Luiz Damasceno/APP-Sindicato

Para a professora Taís Mendes, secretária educacional da APP-Sindicato e ex-conselheira do CEE, o papel do sindicato no Conselho era o de trazer as demandas das escolas e defender o ensino público. “Quem vai debater as pautas agora? É uma perda muito grande. E quem perde é a educação do Paraná.” 

“É um governo que não ouve, não quer ouvir. Qualquer movimento que traga o contraditório é calado, silenciado. Mas a APP não vai se calar, de forma nenhuma”, destaca Taís, que teve seu mandato encerrado na última segunda-feira (18).

Reação

Nesta sexta-feira (22), como forma de repúdio à decisão do governo do Paraná, a APP-Sindicato fez um ato simbólico em frente à sede do Conselho. No prédio, foram colocados cartazes e faixas denunciando a nomeação feita pelo governador.

Ex-conselheira Taís Mendes no ato. Foto: Luiz Damasceno/APP-Sindicato

O sindicato também está mobilizando outras entidades e lideranças da sociedade civil para conseguir apoio e reivindicar uma revisão da nomeação feita por Ratinho Jr. Além disso, segundo Hermes, a APP-Sindicato avalia a possibilidade de entrar na Justiça com um mandado de segurança. 

A Secretaria da Educação e do Esporte do Paraná (SEED-PR) não retornou os contatos do Plural até o fechamento dessa reportagem.

Reportagem sob orientação de João Frey

Sobre o/a autor/a

3 comentários em “Pela primeira vez em 30 anos, Conselho Estadual de Educação fica sem representante dos professores”

  1. Rafael Ginane Bezerra

    Maria Cecília, o problema de representatividade que a sua matéria nos trás é extremamente relevante. Você acha que seria possível um complemento a essa matéria com um mapeamento dos nomes e currículos dos atuais integrantes do CEE? Considerando que um nome ligado à APP foi preterido, acho que é importante a gente saber que setor da sociedade foi contemplado com o nome chancelado pelo governo do estado.

  2. Como a informação é que o CEE fica sem representante de escolas públicas imigino que o Senador Arns, em quem votei e me arrependo amargamente, deve ter sugerido só representantes de professores do ensino privado. É a classe dominante contra os pobres e a classe média.

  3. Uma Educação sem professores ou de subservientes. É o sonho dos tiranos de plantão. O que dizer de um país que maltrata os seus educadores? Mais uma politicagem vergonhosa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima