Oficialmente, a criação do Parque Nacional Guaricana se deu em outubro de 2014. Até agora, no entanto, ações práticas no local – que engloba a maior reserva de Mata Atlântica do Brasil – ainda dependem do Plano de Manejo, o primeiro passo depois da formação do Conselho Gestor da Unidade.
O grupo deve ser eleito em maio e será formado por representantes do poder público e sociedade, incluindo as universidades e ambientalistas. Empresas privadas de Ecoturismo também devem participar, já que, além das pesquisas, a exploração para o uso turístico é um dos objetivos da criação do parque.
A expectativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela Reserva, é de que até 2021 o Guaricana possa receber turistas legalmente credenciados.
Localizado entre as cidades de São José dos Pinhais, Morretes e Guaratuba, o parque já é destino para os amantes da natureza. Além da presença constante de pesquisadores da UFPR e entidades ambientais, muitos aventureiros sobem os morros e buscam refresco nas cachoeiras e rios que compõem a paisagem.
“Precisamos sinalizar e delimitar toda a área, que é de 49 mil hectares (492 km2), maior do que Curitiba (434 km2)”, destaca Aroldo Correa da Fonseca, analista ambiental do ICMBio, lembrando que hoje há uma equipe de sete servidores, um veículo e um escritório destinados exclusivamente ao desenvolvimento do parque. “Também fazemos a fiscalização da área com o apoio da Polícia Ambiental.”
Fonseca explica que o grupo vem realizando constantes reuniões de mobilização com ambientalistas, ecoturistas e agricultores locais para formar o Conselho Gestor. “Teremos representantes da área pública, como as prefeituras e o estado, e da sociedade, como ambientalistas, pesquisadores, universidades, empresas de ecoturismo e comunidade, incluindo a Funai, que representa os índios que habitam nas imediações. A eleição vai ser em meados de maio e, logo após, iniciaremos a elaboração do Plano de Manejo, que é como um manual de uso do parque.”
O uso público dele é uma das premissas dos Parques Nacionais, inclusive com abertura, via licitação, para concessões de exploração turística pela iniciativa privada. “Esse e um modelo de concessão adotado no mundo inteiro, inclusive por aqui, como no Parque Nacional do Iguaçu (Foz do Iguaçu) e no Parque Nacional da Tijuca (RJ)”, ressalta Fonseca.
A exploração do uso turístico, porém, deve se restringir a apenas 5% do parque. O restante será voltado à preservação, já que boa parte da fauna e flora da região está ameaçada de extinção. A própria Guaricana, uma palmeira típica do entorno, está na lista dos que correm perigo no sul do país (RS).
Sem querer estimar um número de visitantes possíveis para o Parque Guaricana, o representante do ICMBio observa que pela BR-277 – que passa ao lado e liga a reserva ambiental à Curitiba e demais cidades da RMC – passam mais de dois milhões de veículos na temporada.
“Há um alto potencial turístico na região, também pela proximidade com o Caminho do Vinho, em São José dos Pinhais, com Morretes, Paranaguá e com a própria Capital”, avalia. “Nossa expectativa é de abrir o parque ao público em, no máximo, dois anos”, prevê o ambientalista.
Empreendedorismo verde
Alinhados às ações do ICMBio, um grupo de proprietários de áreas de mata na Serra da Guaricana também se mobiliza para a preservação e para os turistas. Eles atuam em parceria com a Associação dos Protetores de Áreas Verdes de Curitiba e RMC (APAVE). Empreendedores ambientais, decidiram transformar suas chácaras e fazendas em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs).
Juntos, os 14 proprietários formam o Grupo Guaricana. Suas áreas particulares somam três mil hectares (30 km2), o que corresponde a cerca de 3% das terras de São José dos Pinhais, e algumas já são utilizadas para o Ecoturismo local. “Muitos alugam suas chácaras para eventos e oferecem passeios e atividades orientadas no entorno do Parque”, conta Marcos Rosa Filho, integrante da Apave e proprietário da EcoGuaricana – EcoTurismo e Educação Ambiental.
“Propagamos o Ecoturismo e as parcerias com empresas privadas que apadrinham as RPPNs, via doações. Estas relações também incentivam o planejamento de negócios verdes antes mesmo do Parque Guaricana abrir ao público”, analisa o empresário.
“O Grupo Guaricana tem dois integrantes que deram entrada no pedido de transformação de áreas em RPPNs e parte das terras foi incluída pelo ICMBio dentro da parte são-joseense do Parque Guaricana. Nossa principal intenção é preservar a área e fomentar o Turismo Sustentável”, assegura Marcos Rosa Filho.
Ele lembra ainda que, além da riqueza de fauna e flora, a região abriga uma extensa bacia hídrica, responsável pelo abastecimento de toda Curitiba. “Os rios de São José, que recebem água da Serra da Guaricana, são responsáveis pela captação de 30% da água que abastece a Capital.”
Boa tarde!
Gostaria de saber mais informações sobre o parque, tenho uma chácara lá de 4 alqueires, vou poder vender, aumenta o valor ou diminui, posso contruir???