Parceria entre estudantes e pesquisadores defende o ensino da igualdade de gênero nas escolas

Projeto de extensão da Universidade Positivo quer fortalecer a cultura do respeito

“Equivocadamente se divulga a possibilidade de denúncia sobre docentes que trabalham com gênero em salas de aula. O que se pode denunciar, em verdade, é machismo, homofobia, transfobia e bifobia em escolas, assim como as iniciativas de se impedir tal debate nestes espaços”, fala a advogada Ligia Ziggiotti.

Ligia é doutora em Direitos Humanos e Democracia e coordena um projeto de extensão da Universidade Positivo (UP) cujo foco está em desmobilizar ataques à educação comprometida com a igualdade de gênero, além de criar iniciativas para fomentar essa educação, erroneamente chamada de “ideologia de gênero”. 

A iniciativa é fruto de uma parceria entre estudantes dos cursos de Direito e de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Universidade Positivo, a União Paranaense de Estudantes Secundaristas (UPES) e o Observatório das Escolas Militarizadas. 

Na prática, os estudantes de Direito fizeram pesquisas sobre legislação e jurisprudência aplicáveis ao tema. Em seguida, o grupo ouviu as demandas da União Paranaense de Estudantes Secundaristas (UPES). Com os relatos, os estudantes de Sistemas de Informação criaram um folder digital com informações a respeito do direito de aprender sobre gênero em instituições de ensino. Acesse o material clicando aqui. 

Defesa da democracia

“A ideia surgiu a partir do meu envolvimento como militante de direitos humanos, advogada e pesquisadora neste tema”, comenta a coordenadora. “Durante os últimos anos, percebemos a narrativa anti-gênero como grave para a democracia e o projeto é combativo a este perigoso equívoco.”

A advogada ressalta que em 2020 o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou corretamente dezenas de ações relativas à inconstitucionalidade de se proibir o debate de gênero em sala de aula. “À ocasião, com outras entidades e profissionais, atuamos como Associação Nacional de Juristas pelos Direitos Humanos LGBTI perante a Corte para a concretização dos direitos de se trabalhar com estes temas em escolas. Esta articulação, entre outras que circularam em esferas legislativas e midiáticas, é produto da luta de movimentos sociais engajados com os direitos humanos, os quais se encontram em constante violação por força dos discursos ultraconservadores e fundamentalistas religiosos.”

Na visão de Lígia, escolas são espaços de construção de cidadania e nelas são constantemente produzidas múltiplas dinâmicas de gênero, por isso discuti-las é importante. “Ampliar a percepção crítica de crianças e adolescentes sobre este modo de organização do mundo significa construir relações de maior igualdade, de melhor compreensão da diversidade, além de potencializar o conforto de cada qual para a expressão dos próprios desejos, gestos e preferências em sociedade.”

Denúncias

A perspectiva do projeto de extensão é democratizar informações sobre gênero, fortalecer a cultura do respeito e da diversidade, além de ampliar os canais de escuta de discentes. 

Em conversas com representantes da UPES, o grupo identificou que um dos fatores que perpetua a violência de gênero nas escolas é a ausência de canais em que os estudantes possam relatar suas vivências. Agora, eles estão desenvolvendo um canal de denúncias.

A ideia é que no próximo semestre seja inserido no folder digital um endereço para contato. Por meio dele, estudantes que tenham vivenciado situações de violência de gênero poderão contar com apoio jurídico especializado e gratuito.

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