Para chegar ao fim do ano, UTFPR reduz subsídio de RU para estudantes

Mesmo com corte de R$ 43 milhões no orçamento, reitor garante aulas até dezembro

Enquanto a Universidade Federal do Paraná (UFPR) admite estar no conta-gotas financeiro, com a possibilidade de não ter mais dinheiro já em setembro, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) garante que, em um coletivo esforço de contenção de gastos, será possível levar a instituição sem paralisações até o fim do ano. Para que o contingenciamento de R$ 43,8 milhões, imposto pelo governo federal, não trouxesse mais impactos, ajustes foram necessários. O mais recente foi a redução no subsídio destinado ao Restaurante Universitário (RU) para os estudantes. Com a medida, alunos passam a pagar R$ 1 a mais pela refeição.

Com 13 campi e 33,7 mil alunos, a UTFPR teve uma redução de 36,25% em seu orçamento anual. Dos R$ 110 milhões para despesas de custeio, R$ 43,8 milhões foram contingenciados pelo Ministério da Educação (MEC). “Até este momento, recebemos 58% do orçamento das despesas de custeio e 20% do capital, que é para investimento. A UTFPR não fecha as portas. Mas não sem maiores problemas. Estamos fazendo diversas medidas de ajuste. Uma delas, em acordo com os alunos, foi para reduzir os subsídios para o RU, que subiu de R$ 3,50 para R$ 4,50”, destaca o reitor da UTFPR, Luiz Alberto Pilatti.

A medida é uma tentativa de aliviar o custo de R$ 6 milhões, que saem da verba de custeio para complementar o auxílio-estudantil, de R$ 21 milhões . “A demanda pelo RU é tão grande que acaba impactando e as universidades subsidiam também com recurso próprio para, minimamente, garantir a refeição para seus alunos”, explica o reitor. “Subiu o valor da refeição no RU e nós mantemos o subsídio. O aluno carente continua comendo de graça.”

Segundo ele, 65% dos estudantes da UTFPR são carentes. Destes, apenas 20% recebem o auxílio-alimentação integral. O restante paga R$ 4,50 e o que falta para a refeição (que em Curitiba custa R$6) é subsidiado pela universidade. “Essa é uma das medidas que está nos permitindo chegar até o fim do ano. É uma situação dramática mas foi a solução que encontramos, em conjunto, para manter a universidade funcionando e honrar as contas”, assegura Pilatti.

Outros cortes

O reitor afirma que, desde o anúncio do contingenciamento, em março, cada um dos 13 campi da UTFPR trabalhou com um corte de, no mínimo, 10% em seu orçamento mensal. “Isso implica desde comprar menos papel higiênico até menos participação em congressos e eventos; significa romper contratos com demissão de servidores terceirizados e até acabar com o cafezinho. Cada campus teve liberdade para cortar os valores e tentar chegar no fim do ano com o dinheiro que temos. Com todos estes ajustes, a previsão é terminar dezembro”, avalia o reitor.

Para tanto, outras medidas foram adotadas no intuito de não permitir o fechamento da instituição antes do fim do ano letivo. “A editora não publica mais livro em papel, houve campanhas para redução dos gastos com luz e telefone e provavelmente alguns contratos de limpeza terão que ser revistos. Tivemos que cortar muitas coisas que são importantes para o funcionamento da universidade. Com isso, conseguimos honrar todas as despesas, não tem nenhuma obra parada, mas isso não quer dizer que a situação é tranquila. Está bem longe disso”, ressalta.

Houve corte em bolsas mas pesquisas ainda não foram afetadas, diz reitor. Foto: UTFPR

Sobre o corte em bolsas de mestrado e doutorado, bem como, os prejuízos em pesquisas científicas, Pilatti diz que há um esforço prioritário para que as pesquisas não sejam prejudicadas, com redução na participação de eventos. “As dificuldades estão se ampliando mas, até o momento, prejuízos reais para as pesquisas não aconteceram”, garante.

Na visão de Pilatti, além dos custos com o RU, despesas com terceirizados são de grande impacto neste momento. “O governo não tem reposto uma série de serviços, tem que ser feita a terceirização e todo o pagamento sai do custeio, um valor extremamente importante, o mais significativo para o problema que estamos enfrentando”, conclui o reitor.

Números da UTFPR

Total de alunos: 33.743

Total de graduandos: 30.353

Total de pós-graduandos: 2.910

Cursos de graduação: 107

Cursos de mestrado e doutorado: 67

Servidores concursados: 3.957

Campi (13): Apucarana, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Curitiba, Dois Vizinhos, Francisco Betlrão, Guarapuava, Londrina, Medianeira, Pato Branco, Ponta Grossa, Santa Helena e Toledo.

Campus Curitiba/UTFPR

Alunos: 11.624

Professores: 783

Cursos de graduação: 26

Cursos de mestrado: 17

Cursos de doutorado: 4

Cursos de especialização: 21

Trabalhadores terceirizados: 236

*Fonte: UTFPR

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