“Novos” leitos Covid em UPAs já abrem ocupados

Para médicos das Unidades, situação é de caos e desalento. E piora muito rápido

A partir dessa quarta, dia 10 de março, 350 a 420 leitos exclusivos Covid-19 estão sendo criados em sete das nove UPAs de Curitiba. A ação é parte de um pacote de medidas anunciados no último dia 9 pela secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak. Médicos de diversas Unidades, no entanto, relataram que a situação é de caos e as vagas já surgem ocupadas.

Uma das UPAs, a do Tatuquara, que já vinha sendo usada como leito Covid-19, já estava no dia 9 totalmente lotada. Na manhã desta quarta, pelo menos 173 pacientes Covid-19 aguardavam vagas para internamento em UPAs da Capital.

As unidades abrigam também pacientes graves que não são Covid, mas esperam da mesma forma por um leito em hospital. Segundo um profissional que acompanha a situação do sistema, apenas uma das Unidades de Pronto Atendimento não estava totalmente lotada na manhã de quarta-feira. “Mas isso muda rápido”, informou.

Alguns dos médicos e médicas ouvidos relataram já ter que considerar quem tem melhor chance de sobrevivência ao decidir quem será entubado antes. Muito embora outros profissionais tenham dito que não chegou a hora. “Hoje não. Mas amanhã pode ser”, declarou um médico que afirmou ver uma piora muito rápida na situação da cidade.

Além dos leitos lotados, os médicos se preocupam com a redução no pessoal especializado. Esta semana, pelo menos 20 médicos de UPAS estão afastados com Covid-19 ou suspeita da doença. Há relatos de profissionais com problemas psiquiátricos. “Meu foco é sobreviver. É isso”, disse desanimada uma médica ouvida pelo Plural.

Alguns profissionais descrevem como caos o volume de trabalho e o aumento de pessoas com coronavírus procurando as UPAs. “Já intubei sete hoje”, conta outro profissional.

A avaliação é de que os profissionais estão com “a moral baixa” e apesar da vacina se sentem expostos. “Eu me cuido, dirijo com mais cuidado porque sei que não posso sofrer um acidente. Não tem hospital”, contou uma profissional.

O que mais impressiona os médicos e médicas que falaram com a reportagem é a quantidade de pessoas que chegam para atendimento nas Unidades. E que chegam já em situação grave ou pioram rapidamente.

Na coletiva desta terça-feira (9) a própria secretária disse que a nova cepa do coronavírus que atua na cidade parece ser mais agressiva, especialmente entre os jovens.

A criação de leitos Covid-19 em UPAs de Curitiba, no entanto, terá um efeito “contábil” nos dados nos próximos dias. Parte dos pacientes, em especial aqueles que ainda estão em situação menos grave e os que estão no oxigênio, mas não intubados, deverão sair da fila por leitos e permanecer “internados” nas Unidades.

Outra mudança, além das já anunciadas, é que o sistema de Home Care (hospitalização e atendimento médico domiciliar) do SUS curitibano passará a liberar concentrador de oxigênio para pacientes que estão em condições menos graves, mas precisam de suplementação de oxigênio. Esses pacientes serão monitorados por telefone e encaminhados para as UPAs em caso de piora.

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