Nomeação do reitor da UFPR ainda é incerta

Mandato atual acaba em poucos dias e MEC não confirmou nome eleito na Lista Tríplice

Há uma semana do fim do mandato do atual reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, ainda não há certeza sobre quem comandará a instituição pelos próximos quatro anos. A nomeação deve sair até a próxima terça-feira (15), quando acaba o período da gestão atual.

Apesar de Fonseca ter sido mais votado na eleição realizada pelo Conselho Universitário (Coun) e, assim, encabeçar a Lista Tríplice encaminhada ao presidente da República, a tradição de nomear o candidato preferido da comunidade acadêmica não tem sido seguida às riscas por Jair Bolsonaro (sem partido). Até agora, pelo menos 14 eleitos internamente não foram empossados pelo Governo Federal – postura questionada em uma carta enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta-feira (4).

Assinado pelos candidatos na ponta da Lista Tríplice, mas que não tiveram a nomeação confirmada por Bolsonaro, o documento reivindica o direito à autonomia das universidades, determinada pela Constituição Federal, e coloca as escolhas de Bolsonaro, que não referendam as eleições da comunidade, como “intervenção”.

Aderiram à reivindicação os candidatos das universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Fronteira Sul (UFFS), que tem campus no Paraná. Na instituição gaúcha, o processo foi parar no Congresso. Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados pede anulação do decreto que nomeou Carlos André Bulhões Mendes para o cargo de reitor da UFRGS.

Em decretos mais recentes, Bolsonaro nomeou o último colocado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e o penúltimo da lista da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Em 23 de novembro, o Ministério da Educação (MEC) chegou a definir uma reitora interina para a Universidade Federal do Sergipe (UFS) depois de suspender o processo interno de escolha do reitor. O trâmite foi paralisado sob suspeitas de irregularidades denunciadas ao Ministério Público Federal (MPF) pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e pela Associação dos Docentes da UFS (Adufs).

Nesta terça-feira (8), reitores eleitos e que não foram nomeados farão de um ato semipresencial na Universidade de Brasília  (UNB) para cobrar do Governo Federal o cumprimento do resultado das eleições nestas Instituições Federais. A Plenária Nacional em Defesa da Autonomia e Democracia terá a presença, além dos eleitos, de movimentos estudantis e entidades sindicais e sociais.

Expectativa no Paraná

No Paraná, no entanto, a Lista Tríplice da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) foi acatada. No dia 22 de setembro, o docente Marcos Schiefler Filho foi nomeado por Bolsonaro como reitor da instituição. Professor do Departamento de Mecânica e então diretor-geral do campus Curitiba, Schiefler havia sido o mais votado na consulta acadêmica feita em junho.

Na UFPR, o clima não é de certeza, embora o processo de escolha dos nomes para a próxima gestão tenha seguido as diretrizes estabelecidas pelo MEC – o que diminui as brechas para uma escolha que não referende a já feita pela universidade.

Para atender a um novo entendimento da assessoria jurídica da pasta, a UFPR chegou, inclusive, a mudar o curso de uma eleição já em trâmite para se adequar. As alterações foram feitas sob recomendação da Procuradoria Federal Especializada junto à UFPR, após manifestação do MEC, para que fosse enviada ao Governo Federal uma Lista Tríplice completa, e não apenas com dois nomes, como estava composta até então.

A mudança chegou a ser questionada na Justiça pelos professores Horário Tertuliano e Ana Paula Cherobim. Candidatos pela Chapa 1, eles acabaram ficando de fora da Lista ao serem superados por novos candidatos inscritos para a eleição feita entre membros do Coun. Em nenhuma das ações a Justiça reconheceu ilegalidades no processo e, por isso, a Lista final foi mantida.

Senadores do Paraná também já se manifestaram a favor da nomeação do mais votado para a Lista Tríplice na UFPR. Em ofício enviado para o presidente Jair, no dia 17 de setembro, Álvaro Dias (Podemos), Oriovisto Guimarães (Podemos) e Flavio Arns (Podemos) pediram que Ricardo seja reconduzido ao cargo para o período de 2020 a 2024, em conformidade com a vontade de alunos, professores e servidores.

“A gente mandou as listas no prazo recomendado, aliás, com prazo até maior do que o recomendado pelo MEC. Do ponto de vista formal, o processo está perfeito, ele seguiu toda as orientações de um parecer que o próprio MEC produziu e nos mandou. Se o prazo foi cumprido, se formalmente as coisas foram mandadas de modo perfeito, não há razão para que a lista não seja apreciada”, afirma ao Plural o atual reitor da UFPR.

Procurado pela reportagem, o MEC não se manifestou.

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