No Colégio Militar, um vestibular aos 10 anos

Com vagas mais concorridas do que universidades, Colégio Militar de Curitiba teve primeira etapa de provas, com pais presentes e alunos atrasados

Como em qualquer prova de vestibular houve engarrafamento nas redondezas, fila para entrar, frio na barriga, candidato que esqueceu o cartão de inscrição e gente correndo para não perder a hora. Ainda assim, pelo menos três inscritos não puderam realizar a primeira etapa das provas do Colégio Militar de Curitiba (CMC), que aconteceu ontem (22) e fechou os portões às 8h30 em ponto.

As 20 questões de Matemática, aplicadas no prédio da Universidade Tuiuti, no bairro Santo Inácio, servem de eliminatória para a próxima fase: o Português. O teste seleciona os 30 melhores alunos para a 6ª série do Ensino Fundamental e apenas cinco para 1º ano do Ensino Médio. A disputa chega a 75 candidatos por vaga. Mas nada desanimou os pais, que permaneceram – mesmo com frio e chuva – a manhã toda ao lado de fora das salas, na esperança de uma chance pela educação gratuita e de qualidade.

A dificuldade na aprovação faz com que os estudantes necessitem de cursinhos preparatórios. Alguns chegam a repetir a prova no fim da 6ª série, sem se importar em voltar um ano. “O colégio é muito bom, então pensamos lá na frente e resolvemos incentivá-lo a fazer o cursinho, mas sem a obrigação de passar, até porque ele pode fazer ano que vem de novo”, lembra a mãe Aline de Campos Rodrigues.

Ela conta que, mesmo com o marido militar, a participação do filho no concurso nunca foi uma exigência. “Ele sempre demonstrou interesse e fazia cursinho todos os dias, mas esta reta final foi bem cansativa. Eles ficam muito ansiosos. Por mais que a gente não queira fazer pressão, a ansiedade acaba vindo.”

Aline e outras amigas, todas do bairro Bacacheri, chegaram 7h à Universidade Tuiuti (onde foram aplicados os testes) preparadas para esperar até o meio dia, tempo limite para a realização da prova. “Não tem como fazer as questões em menos tempo, então já viemos preparadas”, assegura Rosangela Salles da Silva sobre as cadeiras, tapetes, bolsas com comidas, café, roupas e até uma barraca para as filhas menores se distraírem durante o aguardo. “Ela quem quis fazer, então eu apoio.”

Mães amigas, do Bacacheri, foram preparadas para aguardar. Foto: Mauren Luc

Os estudos não foram fáceis. “A minha filha pensou em desistir do cursinho. Achou puxado pois faz período integral na escola. Então, optamos pelo reforço no sábado”, revela a farmacêutica Fernanda Hipólito Ribeiro.

A filha de 11 anos de Patrícia Nazari tenta pela segunda vez uma vaga. “Ano passado ela fez cursinho desde agosto e este ano pediu pra fazer desde março. Faz no contraturno”, aponta a auxiliar de cartório, acompanhada de toda família: mãe, sogra, sogro, marido e amigo. “Estamos todos juntos para incentivar, para dar força pra ela. É um sonho ter um militar na família.”

Toda família de Patrícia foi dar apoio à filha. Foto: Mauren Luc

Para os estudantes que acertarem ao menos 50% da prova, a próxima etapa será no dia 10 de novembro. Neste ano, o Colégio Militar de Curitiba tem 2.061 inscritos para as 30 vagas do Ensino Fundamental – 68 disputando cada cadeira. Já para o Ensino Médio, são 377 alunos na disputa pelos únicos cinco lugares, isto é, 75 candidatos por vaga. A participação é aberta a filhos ou não de militares.

Em novembro, serão realizadas também as provas para o concurso do Colégio da Polícia Militar do Paraná (CPM/PR). As inscrições estão abertas, ao custo de R$ 95.

Lanchonete lotada de pessoas de todas as idades. Foto: Mauren Luc
Quem chegou tarde, não achou lugar no estacionamento. Foto: Mauren Luc
Turmas começaram a ser liberadas às 10h. Foto: Mauren Luc
Militares ajudaram na organização e aplicação da prova. Foto: Mauren Luc
Houve quem assistiu toda movimentação de ‘camarote’. Foto: Mauren Luc
A expectativa pela saída. Foto: Mauren Luc
A espera levou horas, com muito frio e chuva. Foto: Mauren Luc

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