Nesta terça-feira (15), a Defensoria Pública do Paraná (DPE-PR), em conjunto com o Museu do Holocausto de Curitiba, divulgou uma nota na qual critica discursos de intolerância e a deturpação da ideia de liberdade de expressão. O documento faz referência à fala antissemita do youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark, durante o podcast Flow, quando ele defendeu a existência de um partido nazista.
Na nota, a Defensoria argumenta sobre os limites da liberdade de expressão e da tolerância a determinados discursos e partidos políticos. Conforme o documento, legislações e tratados tanto nacionais quanto internacionais estabelecem que a garantia à liberdade de expressão não é absoluta e irrestrita (ou seja, não abarca um hipotético direito à manifestação de discursos de ódio) justamente para preservar outros direitos fundamentais.
O órgão ainda destaca que a ideologia nazista está ligada a uma noção de supremacia e extermínio, e que, assim como a liberdade de expressão, a liberdade de organização partidária também encontra limitações, não podendo ameaçar o regime democrático ou os diretos fundamentais dos indivíduos.
“Não custa lembrar que o Partido Nazista se fundou, em sua história, na defesa de uma superioridade racial falsa e que pregava a eliminação de uma série de grupos minoritários tidos como indesejáveis. […] Devemos aprender sobre os erros da história, para não repeti-los. E não devemos tolerar a intolerância”, diz parte do trecho.
Leia a nota na íntegra
Relembre
Na segunda-feira (7), durante a apresentação do podcast Flow, um dos mais ouvidos do Brasil, o youtuber Monark defendeu a existência de um partido nazista, afirmando que “se o cara quisesse ser um ‘antijudeu’, eu acho que ele tinha direito de ser”. O programa contava com a participação dos deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP).
Após a fala de Monark, o Museu do Holocausto de Curitiba se pronunciou por meio das redes sociais e fez um convite ao youtuber para que ele fizesse uma visita à instituição e conhecer a história dos crimes cometidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que culminaram no assassinato de mais de seis milhões de judeus.
Em 2020, em nome de um “antitabu”, o apresentador de podcast Bruno Aiub, conhecido como Monark, disse que conversaria “sem problemas” com Hitler.
— Museu do Holocausto (@MuseuHolocausto) February 8, 2022
Ontem (07), foi além: se disse favorável a legalizar o partido nazista e que pessoas deveriam ter o direito de serem “antijudeus”.
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Após a repercussão da declaração antissemita, Monark, que foi desligado do programa, postou um vídeo pedindo desculpas e respondeu ao convite da instituição judaica dizendo que “seria um prazer” visitar o espaço.
O youtuber ainda afirmou estar sofrendo um “linchamento desumano”, declaração que foi contraposta pelo Museu do Holocausto nas redes. Monark não se manifestou sobre a resposta da instituição.
Não, @monark. “Linchamento desumano” é o que fizeram com Moïse Kabagambe.
— Museu do Holocausto (@MuseuHolocausto) February 10, 2022
Você errou, por isso reiteramos nosso convite! De coração aberto! Venha nos visitar, sem alarde, e ver as consequências do inimigo “se revelar”!#portodaavidavamoslembrar https://t.co/gZkOYu0Mkd
Ótimo! Só não entendi o porque da “parceria com o Museu do Holocausto de Curitiba”.