Mortes por Covid-19 aumentam 44% em Curitiba

Ocupação nas UTIS é maior de 90% há três semanas e números continuam subindo; faltam vagas e profissionais e saúde

A média móvel de mortes por Covid-19 em Curitiba subiu de 81, na semana passada, para 117, nesta semana: um aumento de 44,4%. Foram 21 mortes registradas apenas nesta sexta-feira (11). No total, 1.924 moradores da cidade morreram desde o início da pandemia. Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou 1.421 novos casos, em um total de 93,9 mil infecções pela doença.

O número de novas mortes é o maior entre os meses de novembro e dezembro, momento no qual a cidade, assim como todo o Paraná, tem registrado um novo pico da pandemia. Ao mesmo tempo, os leitos de UTI exclusivos para a doença na cidade apresentam ocupação de, no mínimo, 90% há mais de três semanas.

Atualmente, segundo os Dados Abertos da Prefeitura de Curitiba, 90% das UTIs do SUS que são exclusivas para Covid-19 estão ocupadas. Isso significa que há apenas mais 36 leitos para atender aos novos pacientes.

Até mesmo considerando os hospitais da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), a ocupação ainda é preocupante. Segundo os dados da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Sesa), no Hospital do Rocio, que conta com o maior número de vagas de UTI Covid no Estado (143 leitos), a ocupação está em 92%.

Em outro hospital também localizado em Campo Largo, o São Lucas Parolin, apenas mais 6 vagas dos 16 leitos de UTI estão disponíveis, o que significa uma ocupação de 73%.

Novos leitos

Curitiba conseguiu diminuir sua ocupação de leitos de UTI de 93% na última quinta-feira (10) para 90% com a criação de mais dez leitos. Segundo a SMS, novas vagas serão criadas até a semana que vem para diminuir a pressão no Sistema Único de Saúde (SUS). “São 8 [novos leitos] no Hospital Victor Ferreira do Amaral e 2 no Idoso, que até terça-feira que vem (15) terá mais seis leitos de UTI para Covid”, afirma, em nota, a pasta.

No início do mês de dezembro, a prefeitura também inaugurou um novo hospital exclusivo para a Covid-19. A antiga maternidade Victor Ferreira do Amaral, no bairro Água Verde, transformou-se em um centro para o tratamento de infectados pelo coronavírus. A capacidade é para 54 leitos, sendo oito de UTI. 

No entanto, a dificuldade no enfrentamento, já divulgada pela SMS e pela Sesa, é a falta de profissionais, tanto na Capital quanto no resto do Estado, para assumir essas novas vagas, principalmente nas Unidades de Terapia Intensiva. O Secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, alertou sobre o problema ao declarar o toque de recolher durante a madrugada no Estado no início de dezembro. “Não temos mais equipes”, admitiu em entrevista ao Bom dia Paraná.

Turnos de 24 horas e exaustão

Equipes médicas enfrentam exaustão com o segundo pico de Covid-19 em Curitiba. Foto: Diego Vara/Agência Brasil

Além da exaustão e falta de profissionais de enfermagem para atender aos leitos de Covid-19, os médicos e médicas de Curitiba também estão chegando ao seu limite.

Segundo Claudia Paola Aguilar, secretária-geral do Sindicato dos Médicos do Estado do Paraná (Simepar), a situação se agravou com os novos casos. “Os médicos estão exaustos, tanto física quanto mentalmente. Muitos deles estão tendo que se afastar do trabalho porque estão adoecendo, inclusive alguns infectados pela segunda vez com a Covid-19”.

No momento, Curitiba tem 250 casos suspeitos de reinfecção por coronavírus. Isso significa que o sistema de saúde pode ficar ainda mais sobrecarregado, pois aqueles que já adoeceram e se recuperaram podem ser infectados novamente. 

A médica destaca que a criação de novos leitos, como no hospital Victor Ferreira do Amaral, responde a uma situação crítica da saúde pública da cidade, mas não resolve o problema. “Essas novas vagas estão sendo criadas, mas não há profissionais para fazer o atendimento”.

O principal problema é que o avanço da doença exige tratamento nas UTIs e os profissionais para essa área são os mais difíceis de encontrar, pois precisam ser experientes e treinados especificamente para essa atuação. Além disso, os médicos intensivistas e a equipe de enfermagem precisam fazer um acompanhamento constante dos doentes.

“Atualmente, temos médicos recém-formados trabalhando na emergência. E nem todos os profissionais responsáveis pelas UTIs são intensivistas ou têm experiência na área”, conta a representante do Simepar.

A profissional relata também que a SMS pediu ao sindicato que liberasse plantões de 24 horas para os médicos, o que ainda está sendo negociado. Atualmente, as equipes médicas trabalham em turnos de 12 horas, ainda que o correto fosse oito horas. “Mas não está sendo o suficiente. E a prefeitura está com muita dificuldade para contratar novas equipes para esses novos leitos. Com o trabalho 24 horas, conseguiríamos suprir necessidades de escalas, mas os profissionais estão exaustos e turnos mais longos facilitam que complicações aconteçam.”

Em nota, a SMS informou que contratou 60 médicos, 108 técnicos de enfermagem e 32 enfermeiros para atender ao aumento de vagas no hospital Victor Ferreira do Amaral e no Hospital do Idoso. “Completam a lista de novas contratações, mais 48 profissionais para as chamadas equipes multidisciplinares, com diferentes especialidades, como Fisioterapia, Psicologia, Administrativo e outras.”

Ainda assim, está cada vez mais difícil para os médicos conseguirem trabalhar com o aumento dos casos e a situação da área. “Os profissionais estão esgotados, inclusive emocionalmente porque tem médicos que tiveram que intubar colegas que foram infectados e estão em estado grave. É muito difícil trabalhar em uma situação assim, de estresse diário”, relata a médica.

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