Moradoras do Capão Raso, mãe e filha são aprovadas no mesmo curso no vestibular da UFPR

Elas vão cursar Engenharia Industrial Madeireira em Curitiba

Amanda Grape, de 21 anos, mora no bairro Capão Raso, em Curitiba, com o irmão, o pai e a mãe, Andréa Grape, de 48 anos. Além de dividir a casa, agora elas também vão compartilhar a sala de aula. Mãe e filha foram aprovadas no vestibular para o curso de Engenharia Industrial Madeireira da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Amanda e Andréa trabalham em período integral e se prepararam para o vestibular assistindo aulas no Youtube.

Elas são as primeiras da família a irem para universidade pública. Em 2009 Andréa chegou a iniciar o mesmo curso, só que na modalidade integral. Ela trabalhava como diarista e não conseguiu concluir por ter que priorizar o trabalho.

Amanda à época tinha 9 anos. De vez em quando ia para a aula com a mãe, e começou a se interessar pela engenharia. “Eu achava muito bonito quando ela voltava à noite para casa toda empolgada com o que tinha aprendido. Aí quando fui fazer vestibular nem pensei em outro curso, escolhi o mesmo.”

Andréa, por sua vez, ficou reticente em voltar. Foi convencida pela filha, mas pensou que teria uma atuação mais coadjuvante. “Eu sempre falava que um dia ia voltar. Aí a Amanda apareceu com essa de fazermos juntas a prova. Topei mais como companhia mesmo. Estava torcendo para ela passar, só que não pensei que também passaria.”

Trote

No último dia 23 de fevereiro Amanda foi ao banheiro do trabalho com uma amiga e aproveitou para checar o celular. A lista de aprovados no vestibular tinha sido divulgada. Abaixo do nome dela estava o nome da mãe.

“Eu dei um grito no banheiro. É muita felicidade. Aí ligue para ela, mas não atendeu. Então liguei para meu pai e depois para meu irmão, aí sim ela estava junto e eu contei”, diz Amanda.

O trote aconteceu em casa, uma na outra. Tinta, foto e planos para o futuro. Amanda pretende ser pesquisadora depois de terminar a graduação. Andréa deve empreender na área do curso.

Agora elas ajustam a logística da família Grape para priorizar os estudos. “Quando eu fiz da primeira vez não consegui conciliar com o trabalho e não podia perder a renda. Agora vamos conseguir juntas e é importante. Meus pais tiveram muito pouco estudo, só o quarto ano do primário. Aí agora sei que vai ser mais confortável para Amanda e quem sabe a gente compre um carro para irmos juntas e voltarmos em segurança”, projeta Andréa.

Parceria

Mãe e filha têm uma relação muito próxima e um traço em comum: a curiosidade. Foram as últimas a deixar a sala de vestibular porque queriam levar o caderno de provas para refazer as questões.

Sempre que possível prestam concursos ou pedem para que concurseiros lhes entreguem os cadernos para resolverem.

A facilidade em matemática também é uma marca. Amanda cursou o Ensino Médio em uma unidade do Sesi como bolsista, mas teve sua formação em escola pública antes de se graduar em T.I. com bolsa do Prouni. Andréa é formada em Recursos Humanos por meio do mesmo programa.

Na UFPR querem ser esteio uma para outra. “A mãe achou um pouco difícil da primeira vez, mas agora vamos fazer juntas. Vou ajudar no que ela precisar durante as aulas e sei que ela também vai me ajudar.”

Andréa, por sua vez, pretende encerrar o projeto iniciado em 2009. “Já pensou que coisa linda mãe e filha se formando juntas?”

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima