Missa pela Paz no Rosário é cancelada; bispo mantém cerimônia em outras igrejas

Celebração foi marcada depois de protesto por morte de negros dentro de igreja

A Missa pela Paz que seria rezada na Igreja do Rosário neste sábado (12) no Centro Histórico de Curitiba, foi desmarcada – haverá missa regular no local, mas sem que seja mencionada qualquer intenção especial, segundo a Cúria. Em todas as outra igrejas da cidade o tema da paz será citado, em referência aos acontecimentos do fim de semana passado, quando um grupo de manifestantes entrou no Rosário para protestar contra o assassinato de dois negros.

A decisão de suspender a Missa pela Paz no Rosário foi do arcebispo de Curitiba, Dom José Peruzzo, segundo apurou o Plural. O próprio bispo havia determinado a oração pela paz em todas as paróquias da arquidiocese, mas recuou justamente no Rosário, onde a manifestação pela morte dos negros se deu.

“A celebração não ocorrerá na Igreja do Rosário, mas em todas as comunidades do território Arquidiocesano”, diz texto da Cúria. Segundo Dom Peruzzo, “Promover a paz. Este é o pedido: que nas missas os cantos, as homilias, as preces, pronunciem palavras e sentimentos que promovam o perdão e a paz em nossa cidade e em nossa Arquidiocese”.

A entrada de manifestantes antirracistas no Rosário causou indignação na Cúria. O grupo, liderado pelo Núcleo Periférico, tinha marcado o protesto para a frente do Rosário em função do simbolismo histórico da igreja, construída originalmente por escravos pretos em 1737. Como a manifestação coincidiu com o horário da missa, alguns fiéis reclamaram do barulho e pediram para o grupo se afastar. Mesmo assim, foi possível levar a missa até o fim.

Depois do fim da celebração, os manifestantes entraram na igreja, estenderam faixas e bandeiras e gritaram palavras de ordem contra o racismo. Eles lembravam as mortes do congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, ocorridas dias antes do protesto. Não houve vandalismo na igreja, mas muitos católicos (e parte da imprensa) consideraram o ato uma “invasão” (embora o prédio seja público) e o arcebispo chamou o ato de “grotesco”.

O vereador Renato Freitas (PT), que participou do ato na igreja, foi denunciado por colegas na Câmara que estão pedindo a cassação de seu mandato. Até o presidente Jair Bolsonaro pediu uma investigação sobre o tema.

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