Além dos impostos como IPVA e IPTU, muitos brasileiros possuem uma preocupação a mais no início do ano, o material escolar. Normalmente seguindo a tradicional lista da escola, pais vão às compras e se desdobram para encaixar a despesa no orçamento. E este ano, assim como muitos produtos, o material escolar está mais caro. A estimativa é que os preços variem de 15% a 30% a mais neste início de 2022. Os valores mais salgados são motivados pelas altas da inflação e do dólar. Além disso, matérias-primas como plástico e papel também ficaram mais caras.
“O aumento foi bem visível. Comparado em valores, houve um aumento de R$ 1.000,00 em relação ao ano passado”, conta o administrador Edno Stanger, pai de um aluno do ensino médio técnico. “Alega-se que o material será usado nos 3 anos do ensino médio. Mas sempre tem os adendos…”
Edno explica que só comprou os livros, e que os demais materiais, como cadernos e acessórios, será avaliado a necessidade de compra. Mesmo não adquirindo o material completo, só os livros já pesaram no bolso. “O restante, pesquisando bem, sempre se acha preço bom e até descontos no caixa. Mas os livros não tem choro. São meio que uma exigência. Não importa a quantidade de filhos, tem que pagar o preço do pacote.”
Mãe de três crianças, a administradora Meiry Hoga ainda não comprou o material escolar, mas já pesquisou os preços e viu os aumentos. “É bem pesado, pois são três listas. Mesmo depois da pandemia, quando eles enxugaram bastante, continua pesado.” Meiry conta que a solução é reciclar algumas coisas. “Todos os anos eu reaproveito bastante coisa. Alguns materiais chegam intactos no final de ano. O que eu não consigo reciclar, eu faço cotação em pelo menos três lugares e troco ideia no grupo de mães da sala.”
“Para não ter uma quebra muito grande no orçamento, eu procurei fazer reciclagem de livros”, explica a administradora. “Comprei livros de segunda mão, o que me gerou uma economia de R$ 800,00. Mas é aquele trabalhão, comprar, apagar, tirar cópia do que for necessário. Tudo sobe e os ganhos se mantêm, então para equilibrar, reciclei os livros de um dos meus filhos, que está indo para a segunda série.”
O que fazer para economizar?
“As escolas sofreram bastante em termos de orçamento e receita”, justifica Lucas Dezordi, doutor em Economia, sócio da Valuup Consultoria e economista-chefe da TM3 Capital. Lucas explica que além da inflação e preço da matéria prima, um dos motivos do aumento é o setor de ensino ter ficado reprimido durante a pandemia.
“Um aumento de 15% está mais alinhado com a inflação. Agora, 30% me parece um reajuste muito forte. Claro que algum item ou outro se justifica, mas um aumento total em torno de 15% a 20% me parece mais fundamentado”, conta o economista.
Lucas também dá dicas para quem busca economizar na compra do material escolar. “Além de reutilizar materiais, no final de fevereiro, início de março, os preços começam a ter uma redução. Então se há algo que não é essencial e você puder comprar nesse período, normalmente os descontos são maiores. Dá para verificar com a escola o que necessariamente precisa ser comprado agora e o que dá para comprar após o carnaval.”
O economista também alerta sobre preços abusivos. “Quando estamos com esse período mais forte de inflação e de recomposição de preço, é comum termos essa variação muito grande de preços. Naturalmente algumas lojas aproveitam para fazer ajustes muito acima dos seus custos de produção. A concorrência tende a corrigir isso, então o mais importante é você fazer três orçamentos. É fundamental que o consumidor exerça essa função de buscar os melhores preços e melhores condições de pagamento.”