Mães curitibanas pressionam para planos de saúde cobrirem procedimentos fora da lista da ANS

Mudança pode impactar 48 milhões de usuários de planos de saúde no Brasil

Um grupo de vinte pessoas, a maioria mães, se reuniu nesta semana em frente o Tribunal de Justiça do Paraná, em Curitiba, para chamar a atenção da sociedade para o julgamento que vai definir se os planos podem ou não ser obrigados a oferecer os procedimentos não incluídos na relação de coberturas obrigatórias da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

O que se entende agora é que, se o médico receitar um exame ou procedimento que não está na lista da ANS o plano de saúde deveria cobrir mesmo assim. O julgamento pode alterar esse entendimento.

A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça deve retomar, no fim do mês de abril, os trabalhos que foram iniciados em setembro do ano passado. À época o relator, Luis Felipe Salomão, reconheceu a taxatividade da lista de procedimentos, ou seja, que ela tem limites bem definidos. Para ele, essa medida protege os usuários de aumentos excessivos e assegura a avaliação de novas tecnologias na área de saúde.​​​​​​​​​

Logo em seguida, a ministra Nancy Andrighi pediu vista e o julgamento foi suspenso. Na quarta-feira (23), a discussão entre os ministros foi retomada, com a apresentação do voto de Andrighi. De acordo com ela, nem os planos de saúde nem a agência reguladora podem adotar medidas que prejudiquem os pacientes.

Clientes reagem

Em todo Brasil, a estimativa é de que haja 48 milhões de usuários de planos de saúde que podem ser impactados pela decisão. De acordo com a coordenadora jurídica do Instituto Lagarta Vira Buba, Caroline Nadine, caso os planos de saúde sejam desobrigados a oferecerem as coberturas que não estão previstas pela ANS haverá prejuízo também para o Sistema Único de Saúde.

“Todo mundo será prejudicado porque uma vez que os planos não fornecerem os tratamentos o cliente vai migrar para o SUS, que não vai suportar a demanda”, pontua a advogada curitibana, que é mãe de Gabriel, de 5 anos, diagnosticado com autismo.

Adriana e o filho Gabriel, que é autista. Foto: arquivo pessoal.

Pacientes que tratam câncer, doenças raras ou aqueles acometidos pela Síndrome de Down também serão prejudicados. Por essa razão a idealizadora do momento “Vivendo a Inclusão” mobilizou amigos e familiares de pessoas diagnosticadas com autismo pera protestar no Centro Cívico.

Com cartazes e camisetas os manifestantes tentaram chamar atenção de quem passava pelo local e já estão programando uma nova ação. “Nós vamos continuar protestando, porque se esse entendimento mudar a gente que paga o plano de saúde não vai ser atendido quando precisar”, disse a idealizadora do movimento, Adriana Czelusniak, que é mãe do adolescente autista Gabriel, de 16 anos.

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